A inadimplência no Brasil alcançou um novo recorde histórico em abril de 2025, com 70,29 milhões de consumidores negativados, o que representa 42,36% da população adulta. Esse aumento é de 4,59% em relação ao mesmo mês do ano passado e de 1,09% em comparação com março de 2025, segundo dados do Indicador de Inadimplência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
O número alarmante reflete a crescente dificuldade enfrentada pelos brasileiros para equilibrar o orçamento, apesar de uma leve melhoria nos índices de renda e a redução no desemprego. Para José César da Costa, presidente da CNDL, o aumento da inadimplência é resultado de uma combinação de preços elevados em itens essenciais, alto nível de endividamento das famílias e a taxa básica de juros em alta.
Faixa Etária e Tempo de Atraso
O aumento da inadimplência se concentrou especialmente nas pessoas com dívidas mais antigas. Em abril, 46,43% dos devedores estavam com dívidas há 3 a 4 anos. A maior faixa etária de inadimplentes está entre 30 e 39 anos, com 23,73% de participação, o que equivale a aproximadamente 17,38 milhões de pessoas. Além disso, as mulheres representam 51,11% dos negativados, enquanto 48,89% são homens.
Valor Médio das Dívidas
Cada inadimplente no Brasil devia, em média, R$ 4.689,54 em abril de 2025, com a maior parte das dívidas concentradas em bancos, que são responsáveis por 66,95% do total das dívidas em atraso. Em relação ao número de dívidas, 30,15% dos inadimplentes tinham débitos de até R$ 500, e 43,65% tinham dívidas de até R$ 1.000.
Setores e Impactos da Inadimplência
Setores mais Afetados pela Inadimplência
O setor bancário foi o mais afetado, com um crescimento de 12,41% nas dívidas, seguido pelo setor de Comunicação, que registrou um aumento de 0,23%. Em contrapartida, as dívidas com Água e Luz apresentaram uma queda de 5,32%, enquanto o comércio teve uma redução de 2,03% nas dívidas em atraso.
Desafios e Perspectivas
Roque Pellizzaro Júnior, presidente do SPC Brasil, destaca que o aumento da inadimplência exige uma abordagem mais ampla, com políticas públicas voltadas para a estabilidade econômica, controle da inflação e maior educação financeira. Segundo Pellizzaro, o aumento da taxa de juros, embora necessário para combater a inflação, tem efeitos negativos sobre o crédito e o consumo, agravando ainda mais o cenário de inadimplência.
Análise Regional e Medidas Necessárias
Distribuição Regional da Inadimplência
A região Centro-Oeste do Brasil apresentou o maior aumento na inadimplência, com uma alta de 13,64%. Já as regiões Norte (8,65%), Sudeste (8,16%), Sul (6,49%) e Nordeste (6,28%) também mostraram crescimento no número de inadimplentes.
A maior concentração de inadimplentes está na região Centro-Oeste, onde 46,12% da população adulta está negativada. No Sul, a taxa é mais baixa, com 37,85% da população adulta registrada nos cadastros de devedores.
Com o cenário atual, especialistas indicam que é fundamental adotar medidas estruturadas para reduzir a inadimplência e promover a estabilidade financeira no país.
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