Seu bolso

Franquias viram opção para empreender rápido; confira o guia completo

A médica Mary Maia, 50 anos, atua em uma profissão estável e bem remunerada, mas resolveu sair da zona de conforto e abriu na capital paraense duas unidades da rede de lanchonetes The Waffle King.  Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
A médica Mary Maia, 50 anos, atua em uma profissão estável e bem remunerada, mas resolveu sair da zona de conforto e abriu na capital paraense duas unidades da rede de lanchonetes The Waffle King. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Luiz Octávio Lucas
Seja para diversificar a renda ou buscar um caminho profissional, empreender por meio da abertura de franquias é um nicho cada vez mais buscado em todo o Brasil. E não é para menos! Afinal, quem não gostaria de ter como negócio uma filial do MC Donald’s por exemplo? A rede de fast food famosa em todo mundo é sinônimo de lucratividade em qualquer lugar, mas assim como ela, existem outras inúmeras marcas que estão consolidadas no mercado e que estão disponíveis para futuros franqueados.
Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), Belém é a capital melhor colocada no ranking das cidades que mais abriram franquias no primeiro trimestre de 2023. A capital ficou em 3º lugar, saindo da 13ª posição no período pesquisado, com um crescimento de 9,6%, que subiu de 1.339 (primeiro trimestre de 2022) para 1.467.  Segundo a ABF, a atividade turística associada à retomada de serviços explicam a expansão das franquias na região.
No Brasil, o setor de franquias cresceu 15% no primeiro semestre de 2023. Foram 3 mil redes e 189 mil unidades em operação com faturamento de R$ 105 bilhões no período.
Se você tem interesse no assunto, o DIÁRIO te ajuda a conhecer o caminho das pedras com o auxílio de três empresárias de Belém que abriram suas franquias e compartilham suas experiências sobre os respectivos negócios. Confira a seguir!
THE WAFFLE KING
A médica Mary Maia, 50 anos, atua em uma profissão estável e bem remunerada, mas resolveu sair da zona de conforto e abriu na capital paraense duas unidades da rede de lanchonetes The Waffle King, até então inédita na cidade. “Na verdade, eu conheci o processo de franquia através da The Waffle King. Esta franquia em especial, eu me interessei pela beleza do produto, pois não havia experimentado o mesmo antes de assinar o negócio. Também por serem produtos de Gramado (RS) que são saborosos por si só”, pontua.

 

Belém, Pará, Brasil. Cidade. Mary Maia – proprietária da franquia The Waffle King, na Brás de Aguiar com a Rui Barbosa. Oprtunidades de negócios por meio das franquias. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Para virar empresária foi preciso investir R$500 mil com uma loja completa com todos os produtos além de waffle, pizza e sorvetes. O processo de implantação é bem comum aos futuros franqueados de qualquer ramo. “Inicialmente foram várias reuniões com a sede em Esteio (RS), na região Sul do Brasil. Após a aprovação do cadastro pela diretoria e CEO da empresa, foi efetivada a taxa de franquia. Posteriormente, Iniciou-se o estudo da região para definição do ponto”, relata.
“O ponto é muito importante para que o seu negócio dê certo. Mas desde o primeiro momento já havia definido que a loja número um de Belém seria na avenida Brás de Aguiar, pois acho uma avenida extremamente charmosa”, prossegue. “Posteriormente Iniciou-se o processo de arquitetura, obra e compra dos equipamentos e demais insumos, para que então houvesse junto à franquia a definição da data de inauguração”. Mary conta que executou tudo com muita tranquilidade e calma, comprando os equipamentos de forma progressiva, evitando financiamentos. “Na verdade, este processo durou um ano. Assinei o contrato com a franquia dia 31 de dezembro de 2020 e a inauguração foi dia 5 de janeiro de 2021”.
A médica celebra a aceitação do público. “Nossos produtos são frescos, de produção praticamente diária, sendo executado no momento da definição de compra do cliente, com a entrega de um produto quentinho, com identidade única, de excelente qualidade”, faz propaganda. “Além de saboroso e de se comer com os olhos. Nossos waffles na The Waffle King trazem em sua receita um toque belga. Anderson Suriz, CEO da franquia, foi até a Europa para trazer esta receita única para o Brasil e abrir a The Waffle King”.
Mary conta que a primeira loja da rede foi inaugurada em julho de 2020, na cidade de Gramado (RS) e explica o motivo de ter optado por ser franqueada ao invés de começar algo novo. “Por não ser do ramo de vendas, enxerguei na franquia uma opção de negócio, com tudo pronto para ser executado”, conta, antes de seguir com os prós e os contras. “A maior vantagem são as receitas deliciosas e prontas para serem executadas e servidas aos clientes, com um padrão único. Talvez a desvantagem de uma franquia seja a dependência de estratégia de marketing de maneira macro e a não liberdade para variação de cardápios, conforme a região de cada loja”.
A The Waffle King Belém começou com a unidade na avenida Brás de Aguiar sendo expandida para o Shopping Boulevard e gera hoje 11 empregos diretos. “Agora é o momento de trabalhar a sustentabilidade de ambas as lojas para a possibilidade de expansão para novos centros como Ananindeua e Salinópolis”, planeja.
Para quem está pensando em implantar uma franquia, Mary recomenda ter uma consultoria prévia sobre o produto e sobre a franquia. “Pode evitar desgastes futuros. Um estudo prévio sobre qual o produto, para qual região e público, bem como a definição do local pode impactar diretamente na sustentabilidade e prosperidade do negócio”.
KOPENHAGEN
A fama dos chocolates Kopenhagen vai longe e atraiu o interesse da empresária Paola Regateiro, 32 anos, que abriu a franquia da loja em Belém. “Acredito que esse ramo de franquia sempre desperta o interesse em muitas pessoas. Todo mundo um dia já pensou em ter uma franquia, por acreditar ‘é mais fácil’. E foi assim, como interesse, uma curiosidade. Um dos desafios foi escolher uma que já tivesse nome no mercado e conseguisse se vender sozinha”, explica.

 

A fama dos chocolates Kopenhagen vai longe e atraiu o interesse da empresária Paola Regateiro, 32 anos, que abriu a franquia da loja em Belém
Paola prefere não divulgar o valor investido, mas diz que é preciso ter um bom planejamento.”Você vê o que espera da franquia, ser uma área que você tenha um mínimo de interesse em aprender, e o valor também. Ele é importante. Tem várias taxas, às vezes tem franquia que pode ser um repasse, então é um outro valor. Tem franquia que você tem que abrir do zero, então são vários pontos”.
No caso da empresária, a franquia foi obtida por meio de repasse. “O passo a passo é a gente entender um pouco mais sobre o mercado, sobre a operação. No nosso caso, tivemos que fazer obra. Eu não precisei recorrer à lei Rouanet, consultoria, mas acredito que precisa quando a pessoa não tem experiência dentro do ramo empresarial, é sua primeira empresa”, avalia. ‘Acredito que geralmente as franquias dão todo suporte, mas se você tiver também consultorias, pessoas que possam agregar, sem dúvida será válido”.
A Kopenhagen está com Paola há sete meses. “Já tenho anos de experiência empresarial, já tenho outras empresas de marca própria. Tenho marca própria no ramo de serviço e tinha interesse em ter uma franquia na área de produto”, ressalta.
Mas, então, o que é melhor na franquia em relação ao negócio próprio? “Tem uma equipe enorme pensando na sua área de marketing. Trazendo a expertise da marca, então você fica com foco na operação. Isso é muito importante. Porém, eu gosto de dar aquele alerta que a gente diz ‘ah, é mais fácil, ela já vem pronta, ela pode realmente até vir pronta, com bastante conteúdo, mas a gente vai precisar aprender. Não tem como pular etapa”, considera.
“Por justamente por se tratar de uma franquia, existe uma margem de lucro bem diferente de uma marca própria. Então, quanto mais a gente entender sobre o negócio o qual não foi pensado pela gente, vamos ter muita vantagem competitiva e durabilidade dentro do mercado”, observa. “Hoje nós estamos gerando 16 vagas de emprego, é bem bacana poder agregar no mercado de trabalho”.
Paola conta que tem interesse em expandir a marca, mas sabe que tem ressalvas. “Precisa ter dedicação, nem que seja por um período, para depois entender como funciona e colocar pessoas bem capacitadas para tomar conta de certas áreas.  O empresário precisa estar muito alinhado com os objetivos”.
Odontóloga investiu no público feminino
A odontóloga Sally Lana, 35 anos, também resolveu diversificar a renda com a abertura de franquias voltadas para o público feminino: Sobrancelhas Design e Outlet Lingerie. Com dez anos de experiência, ela relata como tem sido a vida de franqueada.
A odontóloga Sally Lana, 35 anos, também resolveu diversificar a renda com a abertura de franquias voltadas para o público feminino
Como você se interessou por franquia?
A primeira vez foi em 2014, quando foi me apresentada uma marca nova e inovadora, na época. Como sou dentista de formação, encontrei ali  uma oportunidade de mais um fonte de renda. E há 10 anos estou no varejo e na odontologia.
Como foi a escolha da franquia?
A primeira marca que eu trabalhei foi oportunidade de um negócio inovador, sem concorrente direto na época. Também pelo fato de ser serviço, entendi que eu poderia explorar mais esse mercado, que era completamente diferente do meu ramo de trabalho. Já a segunda marca, uma grata surpresa, foi um repasse, algo muito comum no franchising. A marca já existia há cinco anos na cidade, o que me possibilitou dar sequência e não iniciar do zero e, diante disso, pular etapas como obra, layout, contratação e treinamento, além da carteira de cliente que já tinha sido formada. O repasse também é uma excelente oportunidade para quem quer empreender esse ano.
Qual o valor do investimento?
Isso varia muito de negócio pra negócio. As franquias de rua que eu tive eram em média R$ 250 mil o investimento para cada uma. Já a franquia do shopping foi em torno de R$ 400 mil.
Como foi o passo a passo para implantá-la em Belém?
Primeiramente estudo de mercado. A minha primeira marca, Sobrancelhas Design, foi feito muito estudo de mercado. Eu literalmente ia em todos os locais que eu entendia como concorrente e estudava o que a marca que eu estava trazendo tinha de diferente e inovador, pra saber exatamente o meu posicionamento em relação aos demais. Após entender que na cidade cabia o negócio, a procura pelo ponto foi o x da questão. Por se tratar na época de franquia de rua, era de suma importância um bairro com visibilidade e também uma rua/avenida que fosse referência. E, por fim, para o  sucesso da operação, cuidei com muito carinho do capital humano da empresa. Afinal, empresas são feitas por pessoas. Ou seja, escolhi a dedo cada profissional que ia fazer parte do time. Essas três etapas, a meu ver, são  as responsáveis pelo sucesso de qualquer empresa.
Recorreu a alguma consultoria? De que tipo? 
Por se tratar de franquia, onde pagamos literalmente pelo know how da marca, não há necessidade de consultoria. A própria franqueadora deve prestar todo o suporte ao franqueado em todas as etapas, bem como na continuidade da operação.
Como tem  sido a aceitação?
A primeira marca que eu trabalhei foi literalmente um sucesso. Excelente aceitação, entramos no momento certo. A segunda marca que eu trabalhei, Outlet Lingerie, já tem uma consolidação no mercado. Por estar há 10 anos na cidade. Acabei apostando em franquias para trabalhar com público feminino, me identifico mais!
Quanto tempo já tem a franquia?
A minha franquia atual, Outlet Lingerie, tem 10 anos no mercado.
Por que optou por uma franquia ao invés de investir em uma marca própria? 
Pelo simples fato de know how. Em outras palavras, eu não entendo nada fora da minha profissão de dentista. Começar um negócio sem estrutura e ir testando até ver se vai dar certo, não estava nos meus planos. Sempre enxerguei a franquia como uma receita de bolo. Seguindo os passos corretos, muito trabalho duro, muita resiliência, a taxa de sucesso é infinitamente maior que se eu fosse começar algo novo.
Quais as vantagens?
Todas as franquias de sucesso testaram e erraram muito antes de abrir unidades. Então, quando uma pessoa compra uma franquia, essa pessoa tem uma estrutura robusta por trás disso, desde o manual arquitetônico, até arrumação da empresa, sistema próprio, uniforme, layout, centros de treinamentos, marketing próprio. Uma infinidade de vantagens que acabam facilitando a vida do empresário que opta por uma franquia.
Quais as desvantagens?
Talvez, uma desvantagem, para o perfil de empresário que gosta da parte mais criativa, seria que, na maioria das franqueadoras, precisamos seguir regras e padrões, impostos por eles. Concordando ou não, precisamos seguir. Mas não enxergo grandes desvantagens fora isso.
Hoje gera quantos empregos? 
Na Outlet Lingerie o time é composto por quatro consultoras e uma gerente. Por ser loja de shopping, esse é o modelo ideal.
Tem planos de expansão? 
Com essa marca acredito que no momento não. Na verdade, o que temos é muito ainda a explorar, dentro do próprio shopping bem como nos bairros próximos.
O que diria para quem está pensando em implantar uma? 
Eu diria que por trás de uma empresa bem sucedida, há muito trabalho e resiliência. Franquia é um negócio mais prático, com toda certeza! Mas não menos trabalhoso. Eu aconselharia quem está querendo investir em franquia nesse ano de 2024, que entre com muita garra e muita vontade de trabalhar. Negócio nenhum caminha sozinho, mesmo uma sendo uma franquia.
—-
Tipos de franquias: 
• Franquias de Alimentação
• Franquias de Casa e Construção
• Franquias de Comunicação, Informática e Eletrônicos
• Franquias de Entretenimento e Lazer
• Franquias de Hotelaria e Turismo
• Franquias de Limpeza e Conservação
• Franquias de Moda
• Franquias de Saúde, Beleza e Bem Estar
• Franquias de Serviços Automotivos
• Franquias de Serviços e Outros Negócios
• Franquias de Serviços Educacionais
Fonte: ABF
Conheça o sistema de franquias
Franquias
– Uma empresa, por ser franquia, tem o direito de utilizar a marca de outra e comercializar seus produtos e serviços. E gera no consumidor a expectativa de ver o mesmo modelo de negócio nos diversos locais onde ele se deparar com aquela marca.
– É um modelo de negócio que consiste na concessão do direito de uso de uma marca fornecida pelo seu proprietário (o franqueador) a um investidor (o franqueado). Assim, ele pode replicar em diferentes locais um formato reconhecido e bem-sucedido de exploração de mercado.
– O franqueado deverá receber orientação para a instalação e a operação da unidade franqueada, mantendo o padrão exigido e remunerando a franqueadora pela concessão dos direitos e pela transferência desses conhecimentos.
Termos utilizados
O termo franquia é utilizado tanto para designar o sistema quanto a pessoa jurídica que participa de uma rede de franquias (a unidade franqueada). Já franchising é comumente empregado para se referir à estratégia de distribuição e comercialização de produtos e serviços.
Franqueador:
Pessoa jurídica detentora dos direitos sobre determinada marca ou patente que formata um modelo de negócio e cede a terceiros (franqueados) o direito de uso dessa marca ou patente e do know-how por ela desenvolvido, sendo remunerada por eles pelo uso desse sistema.
Franqueado:
Pessoa física ou jurídica que adere à rede de franquias idealizada pelo franqueador, mediante o pagamento de um determinado valor pela cessão do direito de uso da marca ou patente e transferência de know-how, e se compromete a seguir o modelo por ele definido.
Royalty:
Remuneração periódica paga pelo franqueado pelo uso da marca e pelos serviços prestados pelo franqueador. Geralmente é cobrado um percentual sobre o faturamento bruto.
Taxa de franquia (franchise fee ou taxa inicial):
Valor único estipulado pelo franqueador para que o franqueado possa aderir ao sistema, pago na assinatura do pré-contrato ou contrato de franquia. Essa taxa também remunera o franqueador pelos serviços inicialmente oferecidos ao franqueado. Alguns franqueadores cobram um percentual da taxa de franquia no momento da renovação do contrato.
Fundo de propaganda (ou fundo de promoção):
 Montante referente às taxas de publicidade pagas pelos franqueados e pelas unidades próprias dos franqueadores e que deve ser utilizado para ações de marketing que beneficiem toda a rede. O franqueador, que costuma ser o administrador do fundo, deve prestar contas periódicas aos franqueados.
Conselho de franqueados: 
Tem caráter consultivo e é constituído pela franqueadora e por um grupo de franqueados, principalmente para a administração do fundo de propaganda.
Circular de Oferta de Franquia
Documento que, segundo a legislação brasileira, deve ser entregue pelo franqueador ao candidato a franqueado até dez dias antes da assinatura do pré-contrato, contrato ou pagamento de qualquer valor.
Contrato de franquia:
Documento que contém todas as regras da aquisição da franquia. Ele confirma a aceitação, pelo franqueado, de todas as regras, normas e taxas a serem praticadas.
Território de exclusividade: 
Delimitação do espaço geográfico onde determinado franqueado terá exclusividade de operação para que não haja concorrência desleal.
Fonte: Portal Sebrae
Conheça 5 franquias baratas 
  • Bellaza
A Bellaza é a maior rede no segmento de maquiagens no Brasil.
A empresa trabalha com um modelo de franquia online e você não precisa ter estoque de produtos.
Investimento – a partir de R$ 9.500,00
  • Coxinha no Pote
Que tal ser dono de um negócio no segmento de fast food, investindo pouco? Conheça a franquia Coxinha no Pote. Loja de rua, totem ou quiosque, qual a melhor opção para você?
Investimento: a partir de R$ 75.000,00
  • Acuidar
Invista na Franquia de Cuidadores que mais cresce no Brasil e você poderá faturar mais de 3 milhões por ano. A Acuidar já possui mais de 100 unidades pelo país. Investimento: a partir de R$ 24.000,00.
  • Mazzei Semi Jóias
A Mazze oferece uma franquia online de Semijoias para pessoas que querem complementar a renda ou até ter seu negócio próprio! O modelo de franquia é inovador e muito simples!
Investimento: a partir de R$ 9.000,00.
  • Portal Solar
O modelo de franquia do Portal Solar permite que o franqueado atue no sistema remoto, na própria residência, ou monte um pequeno espaço de loja física.
Investimento – a partir de R$ 20.000,00
Fonte: ABF