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Festa junina faz bem para o bolso e movimenta a economia

Com a chegada do mês festivo, aumenta também a procura por produtos típicos da época como comidas, ervas, roupas e acessórios. E os vendedores estão animados com o mercado aquecido. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.
Com a chegada do mês festivo, aumenta também a procura por produtos típicos da época como comidas, ervas, roupas e acessórios. E os vendedores estão animados com o mercado aquecido. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Ana Laura Costa

O mês de junho já está na porta e quem bate são Santo Antônio, São João e São Pedro, os santos da Igreja Católica que fazem parte de uma das maiores manifestações populares e culturais do Brasil: as festas juninas!

Em Belém, a quadra junina traz consigo os elementos habituais da festa típica que se misturam com os costumes da cultura paraense, como por exemplo, o aguardado arrastão do Arraial do Pavulagem aos domingos nas ruas da cidade, as barracas de comidas típicas ainda mais presentes nos eventos e esquinas de Belém, e o tradicional concurso de quadrilhas que ocorre no Centro Cultural e Turístico Tancredo Neves (Centur).

Assim, a festa também tem um importante papel econômico. Os trabalhadores do comércio formal e informal são prova disso e sabem bem que, além de se deliciar com as comidas típicas e se divertir com as apresentações de quadrilhas, o momento é oportuno para movimentar a economia e gerar uma boa renda extra.

Exemplo disso são os banhos ligados às comemorações, como o tradicional Banho de São João, ou ‘banho de cheiro’ popularmente conhecido no Pará, preparado com mais de 30 ervas aromáticas, pelas erveiras do Mercado do Ver-o-Peso, que aquecem a economia.

No dia 23 de junho, às vésperas do dia do Santo, as erveiras dispõem de todos os saberes ancestrais, superstições para orientar os interessados em tomar o requisitado banho que serve para abrir os caminhos, para a sorte e para a prosperidade. Mas, quem disse que as erveiras só passam a faturar no final do mês junino?

“O banho de São João é muito procurado no dia 23, as pessoas procuram para passar o dia de São João com toda a energia e prosperidade. Mas a partir da primeira semana de junho, muitos já começam a procurar pelo banho de Santo Antônio, então, nesta semana que vem, a gente já espera um movimento típico dessa época para banho de cheiro”, afirma a erveira Antonia Pereira, de 52 anos.

Os quadrilheiros também fazem parte da clientela que movimenta as vendas. A erveira Izabel Souza, 42, revela que o famoso “cheiro do Pará”, está sendo bastante procurado pelos profissionais juninos. “Os quadrilheiros sempre vêm atrás antes mesmo do início de junho, sempre há esse movimento por parte deles”, afirma.

Porém, os banhos são os carros-chefe do negócio e, já sabendo disso, nessa época as duas erveiras se preparam e selecionam as melhores ervas para proporcionar aos clientes uma boa experiência e, consequentemente, impulsionar a velha e boa propaganda boca a boca, ótimas para o negócio.

“Nós sabemos quais são as ervas específicas para banho e descarrego, daí selecionamos as da melhor qualidade para os clientes que passam por aqui. Então, a gente vende e ainda explica como fazer, para que serve cada uma delas. Assim, esperamos um bom retorno esse ano, com certeza!”, disse Izabel Souza.

COMIDAS

Tão tradicionais quanto os banhos de cheiro, as comidas típicas de festa junina são as partes favoritas de muita gente. De pratos doces a salgados, o consumo de alimento à base de mandioca, tucupi e maniva aumentam bastante durante o festejo. No centro comercial de Belém, os consumidores têm um leque de opções, pois as barracas de vendas de alimentos típicos estão espalhadas por toda a área, aguçando o paladar pelo cheiro que sai das panelas.

De pratos doces a salgados, o consumo de alimento à base de mandioca, tucupi e maniva aumentam bastante durante o festejo. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

A procura por iguarias como maniçoba, caruru, vatapá, arroz paraense e bolo podre já aumentou na barracada da Maria de Fátima Araújo, a Fafá, proprietária da icônica barraca da Fafá, situada na rua Treze de Maio, no bairro da Campina, em Belém.

Mas além do movimento intenso de clientes que, segundo Fafá, de fato cresce no período junino rendendo um lucro relevante, a vendedora revela que também lida com a alta demanda de encomendas de clientes para festas juninas de aniversários e casamentos.

“Para teres noção, desde fevereiro já tinha encomenda para agora. Muita gente faz aniversário neste mês, então aumenta muito o consumo de comidas típicas das festas como mingau de milho, bolo podre, então, sai muito!”, afirma Fafá.

Todos os pratos são feitos pela própria Fafá com a ajuda de duas auxiliares que, juntas, produzem vários combos de comidas típicas para a clientela. “A demanda é muito grande, graças a Deus. Com certeza dá para gerar uma renda extra bem relevante, a gente consegue perceber muito bem isso no fim das contas. Só não aceito mais encomendas porque já precisaria de um sistema industrial para dar conta”, brinca a vendedora de comidas típicas.

ROUPAS

E por falar em aniversários e casamentos temáticos, é bom que a decoração e vestimentas estejam alinhadas à época festiva, e no centro comercial de Belém isso não é problema. De balões de festa junina, roupas quadriculadas e saias rodadas, a acessórios como chapéus de palha, laços de fita e patchouli decorados: tudo pode ser encontrado nas calçadas e lojas do comércio.

E o faturamento no setor comercial vem acontecendo. De acordo com a atendente Raquel Mark, de 20 anos, nesta semana os vendedores da loja em que ela trabalha, localizada na rua Treze de Maio, bateram a meta de vendas do dia antes mesmo do horário comercial encerrar.

“Os chapéus juninos estão saindo muito, a gente já vai para a terceira remessa! Artigos de decoração para festas de aniversário com temática junina, também estão sendo bastante procurados. Em relação ao mesmo período, esse ano está bem melhor do que o ano passado, com certeza!”, afirma.

Mas não são apenas os lojistas que estão conquistando os louros das festas juninas. A empreendedora Maria Mesquita, 49, é proprietária de um armarinho em Marituba, e conta que neste mês não sai do comércio, tudo para garantir os acessórios juninos que a clientela pede.

“To levando uma sacola cheia de chapéus com laço para revender. Tiaras e enfeites com patchouli saem muito, são acessórios muito procurados pelo pessoal da quadrilha, porque eles fazem as apresentações no bairro, então, tem que aproveitar!”, conta.