Diego Monteiro
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/PA) divulgou um estudo que destaca o significativo aumento no valor da farinha de mandioca em Belém. Segundo a pesquisa, nos últimos 12 meses, a alta foi de 12,96%. Além disso, a análise revela que, apenas no mês de janeiro deste ano em comparação com dezembro do ano anterior, o acréscimo foi de 1%.
Para ilustrar essas elevações, o Dieese/PA aplicou esse estudo em vários estabelecimentos da capital paraense, incluindo feiras livres e as redes de supermercados. De acordo com a pesquisa, em janeiro de 2023 o custo médio do item em questão era de R$ 9,26 por quilo, aumentando para R$ 10,39 em dezembro do mesmo ano. Em janeiro de 2024, o valor subiu para R$ 10,46.
Desta forma, no período analisado, o percentual de aumento nos preços da farinha superou a inflação estimada em 4% pelo Índice de Preços ao Consumidor (INPC), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse comportamento nos preços é justificado pelo período de entressafra e as intensas variações climáticas que impactam a produção no Pará.
Além disso, os preços são influenciados também pelos intermediários ou fornecedores, o que impacta diretamente na renda da população. De acordo com as últimas projeções do Departamento, a expectativa é de que haja novos aumentos até o final do mês de março. Isso implica que os paraenses precisarão gastar cada vez mais para adquirir a mesma quantidade de farinha em suas refeições.
Inácio Lima, 54, que trabalha como feirante no bairro da Pedreira, explicou o processo da entressafra para esse produto. “As chuvas fazem com que a mandioca não renda tanto como em outros momentos do ano. Por exemplo, fora desse período, uma certa quantidade rende uma saca, mas dentro da entressafra a mesma quantidade rende apenas meia saca”, detalhou.
Segundo a experiência do feirante, a expectativa é que a farinha só apresente queda de preço no final de março. “É quando conseguiremos respirar um pouco mais e oferecer preços melhores para nossos clientes. Para manter valores competitivos, acabamos vendendo o produto de outras regiões do Brasil, como os Estados de Pernambuco e Alagoas, que é mais barato”, acrescenta Inácio. Rosimar dos Santos, 29, afirmou que a farinha fica mais escassa, resultando em uma variação de preço para mais.
“Compramos caro e inevitavelmente vendemos mais caro. No entanto, tentamos equilibrar as contas para que os clientes consigam comprar a preços melhores. Então, dependendo de como vão acontecendo as conversas durante a negociação, dá para dar alguns descontos”, disse o feirante.
Jeso da Silva Cardoso, 56, destacou a necessidade de ter jogo de cintura nesse momento. “Infelizmente, é preciso ouvir as reclamações dos clientes, mas eles sempre têm razão. Hoje, o valor médio da farinha d’água está custando R$ 7 e da de Bragança R$ 18. Em outros períodos, é possível vender a R$ 6 e R$ 14, respectivamente. Mas é preciso entender que esse momento faz parte”, concluiu.