Carol Menezes
O setor de energia elétrica não só no Brasil, mas no mundo todo, tem sofrido com diversas mudanças. Entender melhor sobre as leis que giram em torno desse assunto é fundamental para compreender os impactos e o que muda para quem já tem energia solar e para quem quer investir nessa fonte.
A lei 14.300/22 foi sancionada em janeiro deste ano e já mudou bastante coisa no tema. A mesma diz respeito às condições para tarifas futuras e outros assuntos que possam abranger a produção de energia fotovoltaica. Define ainda alguns limites de potência instalada da minigeração distribuída para quem faz uso do sistema on grid.
Antes da vigência da legislação, quem instalava esse tipo de painel fotovoltaico ficava isento dessa tarifa, e isso rendia uma boa economia na conta de luz – que agora é um pouco menor, mas continua sendo bastante atrativa, já que um painel fotovoltaico possui pelo menos duas décadas de vida útil.
O texto também estabelece que quem já tinha o sistema solar em casa antes da lei ter sido sancionada, ou então instalar o sistema em até 12 meses – ou seja, até janeiro de 2023 -, ficará isento da cobrança até 2045. Esse prazo-limite gerou uma corrida na compra de equipamentos de geração desse tipo de energia nos últimos meses de 2022. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), só nos últimos 20 dias de novembro, esses valores chegaram a R$ 6,3 bilhões no país, um crescimento de 8,2% em menos de um mês.
A advogada Vanessa Brasil, de 42 anos, divide uma casa altos e baixos com a irmã, e elas decidiram investir em conjunto em equipamentos para geração de energia solar, com foco na possibilidade de pagar mais barato na conta de luz. Elas arcaram com todos os custos de uma única vez, sem parcelamentos, e a instalação foi feita em agosto deste ano.
“Após decidir que eu queria energia solar em casa, passei a pesquisar o melhor preço. O investimento foi motivado pela perspectiva da economia que terei após retorno do valor investido. Ainda não senti esse retorno, mas espero que seja logo”, detalha ela.
A instalação foi programada para atender as necessidades da casa, mas Vanessa confirma que ainda é muito recente para uma avaliação precisa. “Só o tempo e o uso no dia a dia vão dizer se teremos necessidade de ampliar. Mas acho que para quem tem um consumo alto, vale a pena. Eu recomendo, é um bem para o seu bolso e para o planeta”, justifica.
Bancos já financiam instalação dos sistemas
Ao decidir pelo investimento, o analista financeiro Alison de Souza, de 28 anos, contou com a consultoria do cunhado, Hugo Moreira, que é engenheiro eletricista e doutorando em energia fotovoltaica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Alison conta que já tinha o interesse desde 2018 na instalação, mas sempre buscava uma forma de financiamento para que não fosse preciso do desembolso do capital desde o início. Foi em 2021 que ele viu a oportunidade de realizar ao saber que alguns bancos já estavam ofertando essa modalidade.
“O que me motivou foi que eu sempre fui uma pessoa que não gosta de calor. Sempre buscava ligar o ar-condicionado a todo momento que eu estivesse em casa. Para isso, decidi me proteger dos futuros aumentos dos custos do quilowatt e mudanças na bandeira tarifária, bem como ser o ‘produtor’ da minha própria energia”, revela. “Agora consigo ligar com mais frequência o ar-condicionado, e ainda ter fogão de indução sem precisar do gás, que também sofre frequentes aumentos de preço”, celebra o usuário.
O analista financeiro recorreu ao parcelamento em 36 meses junto ao banco. “O valor da parcela é bem próximo do que eu já pagava de luz todo mês, então não precisei de um grande desembolso à vista para pagar o sistema e me livrei de futuras altas de preços na energia, que já vêm ocorrendo”, resume.
Alison garante que o retorno já é efetivamente sentido mensalmente. A conta de luz de cerca de R$ 1 mil mensais na casa onde moram cinco pessoas subia para R$ 1,4 mil com as mudanças de bandeira tarifária. Agora ele paga somente as taxas e impostos obrigatórios à concessionária, que ficam por volta de R$ 150/mês além do financiamento do sistema que está por volta de R$ 1,1 mensais até a quitação do empréstimo.
Para quem está pensando em investir, ele recomenda atenção a alguns detalhes, que incluem a avaliação do local de instalação, possibilidades de sombreamento, uma conversa com um consultor de confiança e também fazer as contas para ver se é melhor um pagamento à vista ou financiado.