PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR

Endividamento cai, mas inadimplência aumenta no Brasil

Especialista em economia atribui situação revelada em pesquisa ao aumento da inflação registrada no país nos últimos meses.

FOTO: Mauro Ângelo
FOTO: Mauro Ângelo

O número de famílias brasileiras endividadas teve queda em dezembro de 2024, na comparação com dezembro de 2023, saindo de 77,6% para 76,7%, uma redução de 0,9 ponto porcentual. Quem aponta é a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Contudo, a inadimplência aumentou no último mês do ano passado, ainda de acordo com o estudo, 29,3% das famílias estavam com dívidas em atraso. Em dezembro de 2023, a porcentagem foi de 28,8%. Já aquelas que não conseguem quitar as dívidas chegaram ao patamar de 13,0%, o maior da série histórica.

Segundo a pesquisa, a redução do endividamento pode ser atribuída à maior cautela dos brasileiros diante do cenário econômico com elevação da taxa Selic e da inflação, o que dificulta o acesso e aumenta o custo do crédito.

“A inadimplência é um reflexo do impacto desproporcional desses fatores sobre as famílias de baixa renda, que enfrentam juros elevados e renda limitada para absorver o aumento dos preços. É fundamental promover um ambiente econômico estável e políticas que ampliem a capacidade de consumo”, avalia o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.

A pesquisa também destaca que as famílias com renda de até três salários mínimos são as mais afetadas pelo endividamento e pela inadimplência, cerca de 80,5% apresentaram dívidas em 2024, sendo o grupo mais dependente do crédito para manter o padrão de consumo. Já a proporção dos núcleos familiares que destinam mais de 50% da renda ao pagamento de dívidas caiu para 20,6% (em 2023, era de 20,7%).

CUIDADOS

O economista e consultor Edson Moreira salienta que uma das principais causas do endividamento é a inflação, já que muitas famílias priorizam o pagamento de bens e serviços, como por exemplo, IPVA e IPTU, além de matrículas escolares e alimentação, e acabam utilizando de forma excessiva o cartão de crédito.

“Então as pessoas acabam dando prioridade aos pagamentos de maior necessidade e os cartões de crédito, de certa forma, tem como negociar as dívidas”, explica.

Para gerenciar essas dívidas, o economista orienta que as famílias coloquem todos os gastos na ponta do lápis, analisando as dívidas com maior taxa de juros e renegociar as que há possibilidade de pagamento mínimo, como é o caso do cartão de crédito. Além disso, Edson Moreira ressalta que um dos principais cuidados ao usar o cartão de crédito para não cair no endividamento, é não emprestá-lo para terceiros, assim como planejar todas as compras realizadas com ele.

“O cartão de crédito ele tem que ser utilizado com o planejamento de quando vai entrar dinheiro na nossa renda e essa compra deve ser parcelada no menor número possível de parcelas para ser quitada o mais rápido possível”, diz.

Fonte: CNC