Diego Monteiro
Quatro em cada dez brasileiros adultos terminaram 2022 negativados, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Ou seja, mais de 64 milhões de pessoas têm dívidas não pagas.
A pesquisa aponta ainda que dentro de um comparativo entre dezembro de 2022 e o mesmo mês de 2021, houve um crescimento de 8,79% no número de brasileiros que não cumpriram com as obrigações financeiras. De acordo com a CNDL, um dos principais fatores foi o “empresta nome”, quando uma pessoa fornece, geralmente, o cartão de crédito a um conhecido e o mesmo não cumpre com o pagamento.
O número de devedores com participação mais expressiva dentro do período da pesquisa está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,83%). A inadimplência segue distribuída entre os sexos: 50,87% de mulheres e 49,13% de homens.
Desde criança, o educador financeiro, Haelton Costa, diz que já entendia a importância de se poupar dinheiro. Para o especialista, esse número poderia ser bem menor se a educação financeira fosse estimulada dentro das escolas e até mesmo em casa.
“Hoje, com a inserção da mulher no mercado de trabalho, as crianças deveriam receber mais essa educação financeira nas escolas, já que antes era a mãe que orientava sobre a questão do desperdício. Mas, infelizmente, as instituições de ensino, na grande maioria, não inserem na grade escolar disciplinas como a educação financeira, que antes era ensinada dentro de casa”, explica.
NOME SUJO
No ano passado, a Serasa, empresa referência em análises e informações para decisões de crédito, concluiu que o desemprego ficou em primeiro lugar como um dos fatores para o endividamento dos brasileiros. Posteriormente, 11% das pessoas estão com o nome sujo porque emprestaram o nome para outra pessoa, seja para financiamento ou compras em cartão.
Haelton Costa pontua que a prática de “emprestar nome” apresenta alto nível de risco. “Precisamos entender que quem detém o crédito sabe das condições que tem para o pagamento da fatura no final do mês. No entanto, quando você empresta para outra pessoa, você não tem a menor informação de qual é a situação financeira dela. Então a ameaça nesse caso é de 100%”, alertou.
“Vamos supor que, mesmo diante do alto risco, você queira emprestar o cartão. Nesse caso, para evitar dores de cabeça, é preciso ter condição para pagar a dívida do outro, caso ele não consiga arcar com o prometido. Exemplo: meu amigo comprou uma televisão, com parcelas de R$ 300. Eu tenho condição de pagar essa parcela caso ele não pague?”, questiona o especialista.
Para o educador financeiro, é necessário ter os gastos sempre dentro da capacidade de pagamento. “Ao fazer uma compra parcelado, esse custo mensal precisa se encaixar no orçamento para que a dívida não fique superior ao salário do mês, pois esta será apenas uma das despesas que se somarão com a energia, internet, água, alimentação, entre outros”.