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Drex: entenda como a nova moeda digital vai afetar sua vida

A CAIXA e o BB realizaram o primeiro teste do DREX entre as duas instituições financeiras nos dias 30 e 31 de agosto.
A CAIXA e o BB realizaram o primeiro teste do DREX entre as duas instituições financeiras nos dias 30 e 31 de agosto.

Cintia Magno

Após a boa aceitação do Pix como meio de pagamento amplamente utilizado pela população, o Banco Central do Brasil (BCB) deve colocar em operação já em 2024 o chamado Drex, moeda digital que tem como objetivo facilitar as transações, com garantia de maior segurança às operações financeiras. Apesar da característica virtual, a moeda é diferente do Pix e também das criptomoedas, daí a inovação na abordagem.

O economista Eduardo Amendola explica que, basicamente, o Drex vai funcionar como um substituto ao próprio real, na medida em que ele é uma versão do Real Digital para tentar facilitar as transações digitais, reduzindo o custo dessas operações financeiras. “Apesar de ele ter um custo por operação, estima-se que o custo total final vai ser menor do que as transações financeiras em real fiduciário. Então, ele é a própria moeda na sua versão digital”.

Para entender melhor o funcionamento do Drex, o economista explica que a moeda digital se difere do Pix e também das criptomoedas.  “O Pix é um meio de pagamento. Você faz Pix, hoje, em reais e no futuro você vai poder fazer Pix em reais ou em Drex”, explica. “O Drake é uma moeda digital, mas também não é uma criptomoeda. Ele tem os mesmos fundamentos do real tradicional. Então, o Drex até usa muita tecnologia da criptomoeda, ele vai usar toda tecnologia blockchain que foi desenvolvida para a transação de criptomoedas, criptoativos, mas ele não tem essa volatilidade do Bitcoin, por exemplo, que tem seu valor determinado pela lei de oferta e demanda por efetivo”.

O especialista explica que o Drex, também chamado de Real Digital, vai ser garantido pelo próprio Banco Central, que faz as políticas para estabilização do seu valor de estabilidade ao longo do tempo. Nesse sentido, o que vai desvalorizar o Drex será a existência de inflação e a perda de valor dessa moeda, assim como já acontece com o Real tradicional. “No futuro, o usuário não precisa ter medo de usar o Drex porque ele é a própria moeda, ele tem na verdade mais rigor na garantia do seu valor do que o Real tradicional. Então, o Real Digital vai acabar sendo mais seguro em relação a garantia de valor do que o Real tradicional”.

Eduardo explica que esse maior rigor se dá pelo fato da não possibilidade de atuação do chamado multiplicador bancário sobre as transações com Drex. Segundo explica o economista, com a moeda tradicional, hoje os bancos comerciais recebem o depósito à vista do cliente, retém uma parcela como depósito compulsório que fica depositada no Banco Central e o restante disso o banco disponibiliza crédito para a sociedade. O que não será possível fazer com o Real Digital. “Então, na verdade, dos R$100 em moeda real que estão lá em um banco, R$78 a R$80, em média, voltam para a economia sobre forma de crédito. Então você multiplica esses R$100 iniciais que entraram no sistema bancário. Esse é o chamado multiplicador bancário. Em Drex isso está vedado. Então, 100% do que for depositado nos bancos no formato de moeda digital, vai ser mantido pelos bancos como disponibilidade imediata, ou seja, vai ter um depósito compulsório de 100%. Então, o Drex tem até um pouco mais de rigor do que a própria moeda manual”.

A expectativa é de que o Drex já comece a funcionar em 2024 e a ideia é que ele funcione efetivamente nessas operações digitais, principalmente de crédito e pagamentos. “E por que a existência dele? Não é uma mera conveniência da modernidade simplesmente porque é legal ter uma moeda digital. Todos os técnicos que estão desenvolvendo essa moeda do Banco Central esperam que essa moeda vá reduzir o custo de transação dessas operações financeiras. Então, o motivo real para a existência dessa nova moeda é a redução do custo financeiro”, aponta.

“Ele terá um custo. A população, o usuário, vai precisar pagar para usar o Drex, como já acontece no modelo tradicional. Por exemplo, na aquisição de um veículo, no modelo tradicional, o financiamento já tem uma série de custos embutidos na operação, como os custos de abertura de crédito, de transação, de IOF. E a expectativa é que, com o Drex, esse custo vá ser menor do que o que já existe com o real tradicional”.

ENTENDA

O que é?

O Drex é uma nova representação do real, o dinheiro do dia a dia. Essa nova representação será feita em uma plataforma com tecnologias que permitem a prestação de serviços financeiros de forma eficiente e democrática. Dessa forma, a expectativa do Banco Central é que, da mesma forma que o Pix democratizou o acesso a serviços de pagamentos, o Drex também possibilite democratizar o acesso a serviços financeiros, como crédito, investimento e seguros.

 

Como será o uso?

O usuário final terá uma carteira virtual em custódia de um agente autorizado pelo BC, como um banco ou uma instituição de pagamento. Nesta carteira virtual estarão contabilizados a quantidade que aquela pessoa tem disponível na moeda digital, no Drex.

Qual será o impacto do real digital na emissão do papel-moeda?

A emissão de papel moeda se dá por diversas necessidades e hábitos da população. A versão inicial do Real Digital será uma opção adicional ao uso de cédulas, mas – por ter foco no uso online – seu impacto sobre a demanda por papel-moeda não deve ser relevante a princípio.

O Drex terá custo ao usuário?

 Eventual custo associado ao Drex estará relacionado ao serviço financeiro que for prestado pela instituição ofertante. Caberá à instituição definir o custo para o serviço ofertado, seguindo a regulação e considerando o ambiente competitivo, podendo mesmo ser gratuito ou significativamente inferior ao custo de serviço similar anterior à adoção do Drex.

Fonte: Banco Central do Brasil.