ECONOMIA

Dieese registra arroz e feijão mais baratos, queda não sentida por quem vende comida

De acordo com o estudo, o arroz teve em julho uma diminuição de 3,81% em relação a junho em Belém, com preço médio de R$ 5,56. Já o feijão ficou 2,15% mais barato, sendo comercializado a R$ 5,46

Kátia Melo, que trabalha há 27 anos no ramo de alimentação, diz que não sentiu a baixa nos preços.
Foto Celso Rodrigues
Kátia Melo, que trabalha há 27 anos no ramo de alimentação, diz que não sentiu a baixa nos preços. Foto Celso Rodrigues

O quilo do arroz e também do feijão apresentou recuo em julho, pela segunda vez neste ano, conforme aponta levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA). Apesar da queda nos supermercados e feiras da capital paraense, vendedores de refeições em mercados afirmam que não perceberam redução nos custos.

De acordo com o estudo, o arroz teve uma diminuição de 3,81% em relação a junho, com preço médio de R$ 5,56. Já o feijão ficou 2,15% mais barato, sendo comercializado a R$ 5,46 (R$ 5,58 foi o valor registrado no mês anterior).

Nazareno Cardoso, que há cerca de 50 anos comanda um box de comidas no Mercado de Carne do Ver-o-Peso, diz que não percebeu redução nos custos. Ele vende cerca de 80 refeições por dia e afirma que os preços continuam elevados. “Não é só no feijão, tem aumento em tudo. Eu compro por atacado e ainda assim não acho barato. Comprar 30 quilos sai a R$ 3,70, mas na unidade tá R$ 4,50 a R$ 5,20”, relata.

O comerciante oferece refeições entre R$ 20 e R$ 25, mas criou uma opção reduzida por R$ 15 para atender clientes com menor poder aquisitivo. “A gente sabe que para quem trabalha e almoça fora de casa todos os dias pesa no fim do mês. Então decidimos reduzir a porção, mas manter a qualidade. O PF vem com arroz, feijão, macarrão, salada e proteína, com opções de peixe, carne, frango, camarão, língua guisada e carne de porco”.

Impacto nos comerciantes locais

No Mercado de São Brás, Eucy de Lacerda também afirma que não notou queda nos preços do arroz e do feijão. Com mais de 33 anos de experiência, ela realiza compras todos os dias no supermercado e vende seu prato feito por R$ 18. “Meu PF tem preço popular, mas é de qualidade. O feijão é uma delícia, isso eu garanto”. Eucy diz que evita reajustar os valores, mesmo diante de aumentos pontuais. “Se aumentar muito, o cliente não compra. O trabalhador sente no bolso”.

Kátia Melo, que trabalha há 27 anos no ramo de alimentação, também diz que não sentiu a baixa nos preços. Ela compra os ingredientes diariamente e afirma que os valores ainda estão altos. Seu PF custa R$ 25. “Aqui eu prezo pela qualidade. Tudo é bem temperado e bem apresentado, coloco os itens separados nas vasilhas. O peixe frito é o mais pedido, mas também saem bastante o charque frito, o bife e o frango”, conta. Ela destaca que a dedicação é o segredo para manter o público. “Graças a Deus tenho clientes fiéis. Sempre entrego o meu melhor”.

Apesar dos números positivos no levantamento oficial, a realidade no cotidiano de quem trabalha com alimentação popular mostra que o impacto ainda não chegou às cozinhas. Para os pequenos comerciantes, o desafio continua sendo equilibrar custos e manter os preços acessíveis sem perder qualidade.

Trayce Melo

Repórter

Jornalista com experiência em redação, planejamento de estratégias e produção de conteúdo digital. Escreveu uma série de materiais independentes para o Portal Leia Já. Também atuou como social media na Secretaria de Estado de Turismo do Pará e como assessora de comunicação na Prefeitura de São Sebastião da Boa Vista, no Marajó. Além disso, atuou como analista de marketing na Enter Agência Digital. Recebeu o prêmio Internacional Premium Cop 30 Amazônia, concedido pelo ICDAM. Atualmente, é repórter do Jornal Diário do Pará.

Jornalista com experiência em redação, planejamento de estratégias e produção de conteúdo digital. Escreveu uma série de materiais independentes para o Portal Leia Já. Também atuou como social media na Secretaria de Estado de Turismo do Pará e como assessora de comunicação na Prefeitura de São Sebastião da Boa Vista, no Marajó. Além disso, atuou como analista de marketing na Enter Agência Digital. Recebeu o prêmio Internacional Premium Cop 30 Amazônia, concedido pelo ICDAM. Atualmente, é repórter do Jornal Diário do Pará.