Seu bolso
Dá para consultar, pelo CPF, quais são as suas dívidas
O Brasil enfrenta uma crise de inadimplência que afeta mais de 72 milhões de pessoas. Destes, cerca de 20 milhões não sabem que estão em dívida. O estado do Pará, considerando parte da Região Norte, carrega 40,55% de inadimplentes, estando em 5º lugar no ranking dos 7 estados da região. As informações são do último levantamento da Serasa, de maio deste ano.
De acordo com o economista Nélio Bordalo, conselheiro do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá (Corecon-PA/AP), a consulta regular do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) é vital para uma boa gestão financeira. “Consultar o CPF regularmente permite que os consumidores monitorem sua situação creditícia e detectem débitos desconhecidos rapidamente”, explica. Este monitoramento pode evitar a negativação do nome, que ocorre quando uma dívida não paga é reportada aos órgãos de proteção ao crédito. Além disso, ajuda a prevenir fraudes, onde terceiros podem contrair dívidas em nome do consumidor.
“É importante verificar possíveis pendências fiscais com a Receita Federal através do portal do governo (gov.br). Dívidas tributárias podem resultar no bloqueio do CPF, o que impede a realização de diversas operações financeiras e administrativas, como a abertura de contas bancárias, obtenção de crédito e participação em concursos públicos”, detalha.
IMPACTOS
As consequências de ter dívidas em atraso são significativas. A inadimplência afeta diretamente a capacidade de obter crédito no futuro, e essa restrição é um dos principais problemas, dificultando o acesso a financiamentos e cartões de crédito. “Um histórico de inadimplência reduz o score de crédito e aumenta a desconfiança das instituições financeiras, resultando em juros mais altos e limites de crédito mais baixos”, diz.
Outros impactos incluem dificuldade em financiar bens e serviços, ações judiciais de cobrança e, em casos extremos, bloqueio do CPF por pendências fiscais com a Receita Federal. Além disso, o economista menciona que algumas empresas podem considerar o histórico financeiro durante processos de contratação, prejudicando oportunidades de emprego. “Além dos efeitos financeiros, a inadimplência pode causar estresse e ansiedade, afetando a saúde mental e o bem-estar do indivíduo”, alerta.
ONDE CONSULTAR E NEGOCIAR DÍVIDAS
Para quem busca regularizar suas finanças, plataformas como Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) Brasil – Consumidor Positivo, Boa Vista SCPC, Quod, Acordo Certo, e Limpa Nome do Serasa são opções confiáveis. Para consultar e negociar dívidas, é necessário se cadastrar nessas plataformas, garantindo a segurança e a privacidade das informações financeiras. Com o cadastro, é possível acessar detalhes das dívidas, visualizar ofertas de renegociação personalizadas e acompanhar a situação do CPF. Além disso, “essas plataformas oferecem serviços seguros e permitem aos consumidores acompanhar sua situação financeira, visualizar dívidas e negociar condições de pagamento”, afirma o economista.
Serasa (Limpa Nome) – Permite consultar o CPF, visualizar dívidas e negociar diretamente com os credores para obter descontos e condições facilitadas de pagamento.
SPC Brasil – Oferece consultas ao CPF para verificar restrições e negativação, além de permitir a negociação de dívidas com condições especiais.
Boa Vista SCPC – Fornece serviços de consulta ao CPF, visualização de pendências e oportunidades para renegociar dívidas.
Quod – Plataforma que permite a consulta de informações de crédito e renegociação de dívidas, com foco na gestão do histórico financeiro.
Consumidor Positivo (do SPC Brasil) – Iniciativa do SPC Brasil que permite aos consumidores acompanharem suas informações de crédito, consultarem dívidas e participarem de ações para melhorar seu score de crédito.
Acordo Certo – Plataforma especializada em renegociação de dívidas, oferecendo condições personalizadas e descontos para quitação de débitos.
Portal Gov.br – Permite a consulta de pendências fiscais com a Receita Federal, além de emitir guias de pagamento e negociar parcelamentos.
DÍVIDA APÓS CINCO ANOS: O QUE ACONTECE?
Muitas pessoas acreditam que, ao deixar uma dívida se arrastar por alguns anos, ela desaparecerá dos registros e não precisará ser paga. No entanto, a realidade é bem diferente:
“Após cinco anos, a dívida é retirada dos registros dos órgãos de proteção ao crédito, como Serasa e SPC, de acordo com a atual legislação brasileira. Isso significa que a informação sobre a dívida não ficará mais disponível para consulta por instituições financeiras e comerciais. Porém, isso não significa que a dívida deixa de existir”, esclarece o conselheiro.
Alguns pontos para essa situação podem ser considerados, como: A dívida ainda pode ser cobrada judicialmente – o credor ainda tem o direito de cobrar a dívida judicialmente. A dívida permanece válida e pode ser executada em juízo, dependendo do prazo prescricional aplicável; e a prescrição da dívida – que é o prazo máximo para o credor exigir judicialmente o pagamento, varia conforme o tipo de dívida. Após a prescrição, a dívida não pode mais ser cobrada judicialmente, mas o registro negativo é removido após cinco anos independentemente de prescrição.
ESTRATÉGIAS
Para quem está endividado, adotar estratégias eficazes é crucial para sair da inadimplência e recuperar a saúde financeira. Conforme Nélio, “essas estratégias não só ajudam a resolver a situação de endividamento, mas também promovem um comportamento financeiro saudável a longo prazo, prevenindo futuras inadimplências e assegurando um futuro financeiro mais estável”. Normalmente, com planejamento e comprometimento, uma pessoa demora de seis meses a um ano para equilibrar suas finanças.
“Investir em educação financeira é essencial”, afirma o especialista, recomendando recursos como cursos online, livros e workshops. O primeiro passo é entender completamente a situação financeira atual, listando todas as dívidas, incluindo valores, credores, taxas de juros e prazos. Criar um orçamento detalhado que inclua todas as fontes de renda e despesas mensais ajuda a identificar onde cortar custos e liberar recursos para pagamento de dívidas. Ferramentas de controle de gastos, como aplicativos de finanças pessoais, são úteis para monitorar e ajustar despesas em tempo real.
Priorizar as dívidas com maiores juros e encargos é fundamental para evitar que cresçam ainda mais. Levar uma proposta clara e realista ao credor, baseada na capacidade de pagamento, demonstra o compromisso em quitar a dívida. “Negociar com os credores condições mais favoráveis de pagamento, como redução de juros, parcelamento ou descontos para quitação antecipada, é um passo importante”, sugere.
Além disso, é crucial evitar contrair novas dívidas que possam prejudicar o planejamento financeiro. Iniciar ou reforçar a criação de uma reserva de emergência é essencial para evitar recorrer ao crédito em situações imprevistas. “Buscar apoio e aconselhamento financeiro, seja de um consultor profissional ou de instituições que oferecem aconselhamento gratuito para endividados, pode ser uma grande ajuda”, destaca. “Sair das dívidas é um processo que leva tempo e exige persistência e resiliência”, enfatiza.
SERASA
Para aqueles que desejam iniciar o processo de consulta e negociação de dívidas, segue um guia prático utilizando a plataforma da Serasa:
1. Baixe o aplicativo: Faça o download do aplicativo no celular (disponível tanto para Android quanto iOS), digite seu CPF e preencha o cadastro. As informações financeiras aparecerão na tela, incluindo dívidas e a pontuação do Serasa Score.
2. Escolha a oferta: Após selecionar a opção “Ver ofertas”, você poderá verificar as condições de pagamento com o desconto do Serasa Limpa Nome já aplicado. Clique em uma das dívidas disponíveis para ver as opções de renegociação de cada débito. Para fazer um acordo, basta clicar no campo “Negociar” em cada uma das ofertas.
3. Revise o acordo: Escolha a forma de pagamento preferida. Se optar por boleto, copie o código, baixe o documento ou solicite o envio via WhatsApp; já via Pix, selecione o dia de vencimento e a quantidade de parcela desejada. Em seguida, revise as condições apresentadas e clique em “Concluir acordo”.
4. Faça o pagamento: Realize o pagamento conforme as condições definidas. Para pagamento com Pix, clique em “Copiar chave Pix” e cole no aplicativo da instituição bancária.