Um estudo realizado entre junho e julho deste ano pela Neogrid e Opinion Box, aponta que, no Brasil, em função da alta dos preços de alimentos, quase 40% dos consumidores entrevistados realizam compras menores, ou seja, várias vezes ao mês. Já cerca de 34% realizam compras mensalmente e apenas 19% fazem duas compras maiores ao mês nos supermercados.
O estudo mostra ainda que três fatores são decisivos para os consumidores na hora da compra: preço (65,7%), promoções e descontos (64%) e qualidade do produto (63%). Além disso, outro dado aponta que 82% das pessoas deixaram de comprar ou reduziram a compra de produtos nos últimos 6 meses por causa do preço.
O supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), Everson Costa, analisa também que no Pará, os trabalhadores que sobrevivem de um salário mínimo mensal, tem o maior gasto com a alimentação e todas estratégias são válidas na hora de economizar, contudo, o custo continua sendo bem elevado. “Não temos uma produção que dê conta da demanda de mais de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos paraenses. Às vezes o preço da carne assusta, então a origem do produto tem um peso determinante na formação de preços finais. O frete é um fator fundamental que vai determinar o custo para essa mercadoria que está chegando aqui e, automaticamente, a logística para distribuir. A margem de lucro sobre esses produtos vai depender da comercialização”, explica.
Outro detalhe que o Everson Costa ressalta é sobre a elevação do preço da energia elétrica e como isso deve impactar no orçamento do consumidor paraense. “O custo da energia elétrica vai pesar duas vezes na hora de pagar a conta porque também vai pesar na compra de alimentos. Porque um dos insumos que fazem parte do preço final de produtos e serviços no Estado é a energia e, infelizmente, isso vai elevar ainda mais o nosso custo de vida no Pará”, diz.
Estratégias
Apesar dos constantes aumentos, em um supermercado da capital paraense, localizado na avenida Duque de Caxias, o taxista Alexandre Moraes, 48 anos, e a esposa Adriana Melo, de 55 anos, mantinham as compras do mês com uma boa lista em mãos. De acordo com Adriana, que geralmente gerencia os produtos que estão em falta em casa, a economia é feita na feira.
“Também compro carne, verdura, ovos, farinha na feira do Guamá, porque lá a gente já conhece os vendedores e conseguimos pegar um desconto na balança. Então, o ‘grosso’ a gente compra no supermercado e o que faltar durante o mês, na feira”, explica a dona de casa.
Mas realizar as compras semanalmente é o que vem funcionando para o servidor público Mauro Soares, de 43 anos. “Eu moro só, então não realizo compras grandes, por isso compro por semana, vai acabando e eu vou repondo. Assim também consigo pegar aqueles dias promocionais dos produtos e economizo nisso”, afirma.