Seu bolso

Consumidor está pagando até 21% a mais pelo café

Com a alta forte no preço do café este ano, a bebida já pode ser considerada o novo azeite, com o quilo custando entre R$ 40 e R$ 50 em média.
Apesar de tradicional na mesa do consumidor, café está caro e preço deve subir novamente FOTO: OCTAVIO CARDOSO

O Brasil é o segundo maior consumidor de café do mundo, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Mas saborear o produto está um pouco amargo para o trabalhador. De acordo com pesquisas realizadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/PA), os paraenses continuam pagando caro pelo quilo do café consumido em Belém.

No mês passado, além do novo aumento registrado no custo total da cesta básica, ganha destaque o aumento verificado no preço do café, que foi o maior entre os 12 itens pesquisados pelo departamento. O Dieese/PA pesquisa semanalmente o preço do quilo do café comercializado nos supermercados de Belém e revela que em julho do ano passado, o quilo custava em média R$ 35,35. Um ano depois, o produto foi comercializado, em média, a R$ 42,92.

Com isso, o preço do quilo do café consumido pelos paraenses, no balanço comparativo de julho de 2023 a julho de 2024, registrou alta de 21,41 %, superando a inflação calculada para o mesmo período que foi de 4,06%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC/IBGE).

De passagem por Belém, o aposentado Antonio Santos, 67, anos, mora em Macapá e é consumidor diário de café. Porém, ficou surpreso com o preço do café nos supermercados da capital paraense. “Eu achei o preço absurdo de caro aqui em Belém. Lá (em Macapá), a marca que eu compro nos supermercados custa entre 9 e 10 reais. Aqui, está custando 12 reais. Eu só compro essa marca. O jeito é pagar mais caro”, reclama o aposentado.

Rafael Souza, empreendedor, 28 anos, trabalha em uma doceria e cafeteria em Belém. A rotina dele inclui o consumo da bebida diariamente e, ainda, a compra em larga escala de café para o estabelecimento do qual é sócio. Toda semana, Rafael compra pelo menos seis quilos de café para vender aos clientes na cafeteria. Porém, com o aumento do preço, o que resta é procurar outras marcas mais em conta. “A gente que trabalha com café fica até prejudicado. A gente vai ao supermercado e o jeito é ir em busca de melhores preços com outras marcas”.

A autônoma Nicelena Farias, 47 anos, também está entre as pessoas que não vivem sem um cafezinho por perto. Toda semana, ela compra dois pacotes com 250 gramas cada, o que resulta em pelo menos dois quilos de café comprados por mês. “Semana passada eu comprei o mesmo café (250 gramas) a R$8,99. Agora já está R$11,59. É um absurdo como o café tem aumentado de preço”, desabafa Nicelena.

Segundo o supervisor técnico do Dieese/PA, Everson Costa, há uma tendência de novas altas porque, mesmo o Brasil tendo uma grande produção, o café sofre os primeiros efeitos da variação cambial, com mudança de oferta e demanda no Brasil.

“A gente está falando de uma produção que sofreu com as variações climáticas e a oferta no mercado interno diminuiu. Isso trouxe consequências, sobretudo em relação ao preço. A gente está falando também de um produto do qual o Pará não tem uma produção. O café consumido aqui praticamente é todo de fora”, explica o supervisor.

Capitais

De acordo com o balanço nacional do Dieese, ainda no mês passado, o preço do quilo do café aumentou em todas as 17 capitais pesquisadas pelo departamento, e Belém registrou a quinta maior alta de preço, com 21,31%, atrás de Curitiba (21,84%), Campo Grande (22,43%) e Porto Alegre (25,82%).