DE OLHO NAS DICAS

Com aumento da conta de luz, veja dicas para economizar

Com a ativação da bandeira vermelha patamar 2 neste mês, o que elevará o valor da tarifa de energia, economizar é preciso

l O produtor musical Luiz Carlos Ribeiro, 51, enfrenta um cenário desafiador. Após retirar a central de ar, sua conta de luz, que já chegou a R$1200, caiu para cerca de R$677,70, mas ainda é um valor alto considerando a utilização e renda
l O produtor musical Luiz Carlos Ribeiro, 51, enfrenta um cenário desafiador. Após retirar a central de ar, sua conta de luz, que já chegou a R$1200, caiu para cerca de R$677,70, mas ainda é um valor alto considerando a utilização e renda Foto: Ricardo Amanajás / Diario do Pará.

Com a chegada de setembro, os consumidores brasileiros devem se preparar para um aumento significativo na conta de luz. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou na sexta-feira (30) a ativação da bandeira vermelha patamar 2, que acrescenta R$7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

Esse aumento, o primeiro em mais de três anos, ocorre em um momento crítico: o país está enfrentando um período de chuvas abaixo da média, combinado com temperaturas superiores à média histórica, especialmente na região Norte, onde o calor é intenso.

A bandeira vermelha patamar 2 foi acionada devido à previsão de baixa afluência nos reservatórios das hidrelétricas, que estão operando com cerca de 50% da capacidade usual. Com a escassez de água, as termelétricas, que têm um custo de produção mais elevado, passam a operar mais intensamente. O cenário foi agravado pelo aumento do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) e pelo risco hidrológico – que é medido pelo Generating Scaling Factor (GSF) –, fatores que contribuem diretamente para o encarecimento da energia. Como resultado, o custo adicional é repassado diretamente ao consumidor.

Cleiton Soares, 45, analista de Relacionamento com o Cliente da Equatorial Pará, diz que o acionamento da bandeira vermelha patamar 2 é uma medida necessária para garantir o fornecimento de energia em um cenário de escassez de recursos hídricos. “A previsão de chuvas baixas e a afluência reduzida nos reservatórios fazem com que as termelétricas, que são mais caras, sejam acionadas, o que impacta diretamente na conta de luz”, explicou.

O período mais quente do ano, especialmente para os belenenses que enfrentam o avanço do verão amazônico, já está elevando o consumo de energia, com o uso intensificado de aparelhos como ventiladores e ar-condicionado. Esses dispositivos, essenciais para amenizar o calor, são também os maiores vilões na conta de luz. Segundo Cleiton Soares, a dica para economizar é manter o ar-condicionado em uma temperatura média de 23°C, além de intercalar o uso com ventiladores para reduzir o consumo.

A geladeira é outro ponto de atenção. Ela é responsável, em média, por cerca de 30% da fatura de energia. “É importante que a pessoa esteja atenta para a borracha de vedação, verificar se o motor está funcionando e disparando corretamente, assim como não ficar abrindo-a o tempo todo”, detalha Cleiton.

Outros aparelhos, como máquinas de lavar, secadoras e fornos elétricos, são conhecidos por serem grandes consumidores de energia, principalmente quando usados de forma intensa ou contínua. Além disso, dispositivos como microondas, televisores, computadores e carregadores de celular também contribuem para o aumento da conta de luz quando deixados ligados ou em stand-by por longos períodos.

“Para os aparelhos que não precisam ser usados todos os dias, a principal dica é tirá-los da tomada, porque mesmo que estejam desligados ainda há uma corrente elétrica ali, o que resulta em uma ajuda de consumo e no resultado”, observa o analista.

CONSUMO

Estar atento ao consumo de energia de cada eletrodoméstico é essencial na hora da compra do aparelho. Esses equipamentos possuem uma etiqueta de eficiência energética, como o selo Procel – os avaliados com selo A são mais eficientes e consomem menos energia. “Também é necessário ter atenção ao consumo do kWh, pois quanto menor o número, maior a economia. Esse número indica quanto de energia o eletrodoméstico consome por mês, considerando seu uso em condições normais”, acrescenta Soares.

O representante ainda recomenda que os consumidores aprendam a calcular o consumo total de um aparelho, multiplicando o consumo em kWh pelo número de horas de uso diário, e o resultado do cálculo é feito de acordo com cada realidade. “Isso ajuda a planejar melhor o uso dos eletrodomésticos e evitar gastos desnecessários; mas é uma conta que não é genérica, só pode ser feita de forma individual”, pondera.

IMPACTO

O aposentado José Luiz Figueiredo, de 68 anos, morador do bairro Cremação, compartilha sua estratégia para enfrentar o aumento na conta de luz, que a cada mês deste ano tem aumentado gradativamente. Mesmo sendo um usuário da tarifa social baixa renda, a fatura de José Luiz costuma variar entre R$180 e R$200, o que já pesa no bolso dele e da esposa, Rosilene da Costa, 60.  A menor fatura, segundo recordam, foi em maio deste ano, custando R$171; já no mês de agosto chegou a R$221,05. Para os próximos dias, o casal pretende se preparar para cortes ainda mais severos no consumo.

“Temos uma geladeira que fica ligada direto, e um freezer que usamos quando é preciso. Fora isso, não utilizamos microondas, aparelho de som, nada; apenas o ventilador quando está muito quente e com essa bandeira vermelha, pelo visto, vamos ter que desligar também. Já tentamos economizar, mas com o calor fica difícil não ligar o ventilador”, diz José. 

O produtor musical Luiz Carlos Ribeiro, de 51 anos, enfrenta um cenário ainda mais desafiador. Após retirar a central de ar, sua conta de luz, que já chegou a R$1200, caiu para cerca de R$677,70, mas ainda é um valor alto considerando a utilização e renda, já que em uma casa de quatro pessoas, apenas ele e a mãe trabalham. “A energia está muito cara. E, aqui, durante o dia, é tudo no escuro; ligamos as coisas apenas quando é necessário. Minha mãe dorme, inclusive, com meus sobrinhos para economizar o uso de mais ventiladores”, conta. 

“Tive que me livrar do ar-condicionado e outras coisas que puxam muita energia. Durante o dia usamos apenas a geladeira, que é inevitável, o meu computador para trabalhar e o ventilador mesmo. É difícil ter conforto em casa, porque ou você paga a conta de luz cara ou vive com o mínimo necessário”, desabafou.

OUTRAS DICAS

Com o aumento dos custos, a conscientização e a economia de energia tornam-se mais necessárias do que nunca. Para ajudar os consumidores a enfrentar o aumento da conta, é importante adotar práticas de consumo consciente. É o que ressalta Cleiton.

TARIFA SOCIAL

A Tarifa Social de Energia Elétrica é um benefício concedido pelo Governo Federal que oferece descontos na conta de luz para famílias de baixa renda. Esse desconto é aplicado de forma escalonada. Para se qualificar, as famílias precisam estar inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) e ter uma renda familiar mensal per capita de até meio salário mínimo, ou possuir um membro que receba o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Além disso, indígenas e quilombolas também têm direito ao benefício.

“Essas famílias podem verificar junto à concessionária de energia elétrica se estão ou fazem parte de algum desses grupos que possuem o benefício. E muitas famílias no Estado [do Pará] não o utilizam. A adesão à Tarifa Social é um passo para que muitos mantenham o consumo de energia, especialmente em tempos de aumento nas tarifas, evitando que o pagamento da conta de luz se torne um peso insustentável”, afirma o analista.