Mesmo com alguns recuos, o custo da cesta básica continua pesando no bolso dos paraenses. Esta é a conclusão do estudo divulgado na última sexta-feira (26) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/PA). Conforme o levantamento, pela terceira vez no ano o custo total da cesta de alimentos apresentou queda.
No mês passado, o preço total da cesta comercializada em Belém alcançou o valor de R$ 687,30, com uma redução de 1,28% em relação ao mês de julho, quando custou R$ 696,23. Apesar da queda no preço, a aquisição da cesta ainda compromete parte considerável do atual salário mínimo (R$ 1.518,00).
Ainda segundo as análises do Dieese/PA, apesar do recuo registrado em agosto, o balanço com base nos oito primeiros meses deste ano mostra que a cesta básica dos paraenses comercializada em Belém ainda continua cara e acumula alta de 3,22%, percentual superior à inflação calculada para o mesmo período.
No comparativo de preços entre os 12 produtos que compõem a cesta de alimentos, considerando o período de janeiro a agosto deste ano, as maiores altas foram registradas no café, com reajuste acumulado de 42%, seguido do tomate com alta de 28%. Na outra ponta, alguns itens registraram recuos, com destaque para o arroz com queda de 25%, seguido do óleo de soja, que caiu 12%.
O supervisor técnico do Dieese/PA, Everson Costa, afirma que apesar das quedas observadas, as diminuições não chegam próximas aos reajustes de itens como o café e o tomate. “Precisamos lembrar que atualmente mais da metade desses itens da cesta tiveram problemas de safra, produção e qualidade de oferta. Todos esses produtos são commodities que têm seus preços e sua exportação como fatores que formam preço geralmente para mais.”
O técnico em enfermagem Ruan Correa, 30, explica que na casa dele são pelo menos duas garrafas de café consumidas ao longo do dia, durante a manhã, tarde e noite. O hábito de tomar café é uma paixão na família. “Não dá pra ficar sem”, afirma. Porém, Correa sente que os preços da bebida estão cada vez mais elevados. “Eu só compro a mesma marca e do tipo tradicional, apesar do preço. O cafezinho do dia é sagrado”, comenta.
Para a autônoma Rayssa Castro, 35, “o preço da cesta básica pesa em vários momentos no bolso”. Ainda conforme percepção de Castro, os principais aumentos de preços sentidos por ela em supermercados ou atacados foram o tomate e o café. “No caso do tomate, tem vezes que não compensa comprar porque está caro e com qualidade baixa. Eu gosto de tomate para fazer salada, mas tem dias que prefiro não levar.”
As análises do Dieese/PA mostram, ainda, que o custo da cesta de alimentos para uma família com dois adultos e duas crianças está estimado em R$ 2.061,90, sendo necessário, aproximadamente, 1,35 salário mínimo para garantir as necessidades básicas desta família somente com alimentação. Atualmente, para comprar os 12 itens da cesta, o trabalhador paraense tem de comprometer 48,95% do salário mínimo e trabalhar cerca de 99 horas e 37 minutos das 220 horas previstas em lei.