Em novembro, pesquisas realizadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/PA) mostram que o custo da cesta básica de alimentos dos paraenses voltou a apresentar alta. Segundo os dados, o custo total da cesta básica comercializada na capital paraense ficou em R$ 663,02, com um reajuste médio de 2,02% em relação ao mês de outubro, quando a cesta custou R$ 649,90.
As pesquisas verificaram também que em novembro, dos 12 produtos que compõem a cesta básica de alimentos dos paraenses, os maiores aumentos de preços ocorreram no óleo de soja, com alta de 14,40%, seguidos pelo aumento de 6,57% da carne bovina e o café (5,15%). No comparativo entre outubro e novembro, a banana apresentou recuo de preço com queda de 3,64%, custando em média R$ 10,07 a dúzia.
O supervisor técnico do Dieese/PA, Everson Costa, explica que as constantes altas nos preços são decorrentes dos efeitos climáticos e que influenciam diretamente na produção agrícola. “Isso é uma realidade na formação de preços hoje, que leva em consideração essas perdas e também uma colheita menor, de qualidade ruim”.
Everson também afirma que o cenário cambial favorece os exportadores de produtos, ao mesmo tempo em que dificulta a vida do consumidor. “A produção de alimentos aqui no Brasil necessita também de insumos vindos de fora do país. Um câmbio a 6 reais e o dólar já acumulando alta de 25% esse ano também tem uma participação significativa na formação desses preços, como o da carne, óleo de soja e do café”.
A professora Jade Rodrigues, 61 anos, afirma que o preço da carne “está nas alturas”, subindo a todo momento. Para a professora, que não deixa de comprar o alimento para casa, a estratégia é levar outros tipos de carne, como frango ou peixe, para que os preços possam caber melhor no orçamento. “Além da carne, o arroz e o feijão também estão mais caros. Eu vejo isso porque vou em diferentes supermercados e vejo que os preços estão altos”.
A autônoma Conceição Monteiro, 52, tem muitas reclamações sobre os preços dos produtos da cesta básica. “Carne, café, óleo e leite estão cada dia mais caros”, desabafa. Mensalmente, a autônoma faz as compras de casa e para isso frequenta supermercados e atacados, tudo para pesquisar os melhores preços e garantir uma economia no orçamento da família. “Eu não deixo de levar o que eu quero, mas às vezes a gente tem que levar outra marca de menor preço”.
As análises do Dieese/PA mostram que, se considerarmos o gasto total da cesta básica para uma família paraense, composta por dois adultos e duas crianças, o desembolso total seria de R$ 1.989,06, sendo necessários, portanto, aproximadamente 1,4 salário mínimo para garantir as mínimas necessidades do trabalhador e sua família na aquisição destes alimentos básicos. O valor atual do salário mínimo é de R$ 1.412,00. Já para comprar os 12 itens básicos da cesta de alimentos, em novembro, o trabalhador paraense comprometeu mais da metade (50,76%) do atual salário mínimo.
CUSTO
1 – Óleo (garrafa 900 ml). Preço médio: R$ 8,58. Variação no mês: 14,40%
2 – Carne (quilo). Preço: R$ 39,11. Variação no mês: 6,57%
3 – Café (quilo). Preço: R$ 48,20. Variação no mês: 5,15%
4 – Leite (litro). Preço: R$8,34. Variação no mês: 3,99%
5 – Arroz (quilo). Preço: R$ 7,28. Variação no mês: 2,10%
6 – Feijão (quilo). Preço: R$ 6,46. Variação no mês: 1,25%
7 – Tomate (quilo). Preço: R$ 7,60. Variação no mês: 0,40%
8 – Manteiga (quilo). Preço: R$ 63,90. Variação no mês: 0,24%
9 – Açúcar (quilo). Preço: R$ 5,64. Variação no mês: 0,18%
10 – Pão (quilo). Preço: R$ 15,77. Variação no mês: 0%
11 – Farinha (quilo). Preço: R$ 10,82. Variação no mês: 0%
12 – Banana (dúzia). Preço: R$ 10,07. Variação no mês: -3,64%