CUSTO

Café está mais caro e podem ser registrados novos aumentos

A escalada de preços a longo prazo pode ser observada quando comparamos o início do ano com o final deste segundo semestre.

Preço do café pesa no bolso de consumidores como Euládio Bristot (abaixo) 

Fotos: Antonio Melo
Preço do café pesa no bolso de consumidores como Euládio Bristot (abaixo) Fotos: Antonio Melo

O levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/PA) divulgado ontem (13) revela que o preço da maioria dos alimentos básicos consumidos pelos paraenses voltou a ficar mais caro. Em outubro, a cesta básica de alimentos foi comercializada, em Belém, pelo valor de R$ 649,49, o que compromete um pouco menos da metade do atual salário mínimo.

Ainda no mês passado, os dados levantados pelo Dieese/PA em supermercados mostram que, entre os produtos pesquisados, o café foi um dos itens básicos que mais subiu de preço, bem como ajudou a encarecer o custo total da cesta de alimentos no Estado. Em outubro o quilo do produto custava, em média, R$ 45,84, um reajuste de 0,73% comparado com setembro deste ano, quando o café custava R$ 45,51.

A escalada de preços a longo prazo pode ser observada quando comparamos o início do ano com o final deste segundo semestre. No mês de janeiro, o preço do quilo do café custava R$ 35,04. Este valor, em relação a outubro, mostra que a escalada anual no preço do café foi de 31,08%, bem acima da inflação calculada em 4,60%.

O supervisor técnico do Dieese/PA, Everson Costa, destaca que os preços variam bastante conforme a marca do produto e o estabelecimento, sendo o café uma commodity e tem os preços regulados também para o mercado. “O Brasil é o maior produtor de café e automaticamente o câmbio, as condições de plantio e principalmente o mercado acabam ditando esse preço”, explica.

O corretor de imóveis Euládio Bristot, 57 anos, não fica sem tomar um cafezinho ao longo do dia. Quinzenalmente, ele compra 500 gramas do produto para consumir em casa. Porém, Euládio afirma que há pelo menos três meses observa o preço do café escalar cada vez mais, o que ele considera um absurdo.

“Em julho, eu chegava a pagar R$ 9 no pacote de 250 gramas na marca de café que eu consumo. Hoje, como vocês podem ver, eu estou levando o mesmo café no valor de R$12,50. Ou a gente paga caro, ou fica sem levar pra casa. Eu não fico sem”.

A opinião sobre o preço alto do café também é compartilhada pela técnica em contabilidade Regina Rodrigues, 65. Ela considera que o preço alto é devido ao mercado de café valorizar mais a exportação do que o consumo interno. A técnica em contabilidade comenta ainda que sempre compra a mesma marca do produto, mas que também fica atenta quando tem alguma promoção de outras marcas. “Eu gosto e geralmente levo o tipo arábica, mas observo que os preços estão bem altos. Não é de hoje, é ao longo do ano”.

Para Everson Costa, além da tendência de alta, novos aumentos podem vir devido às variações climáticas no que se refere ao tempo seco, ajudando a ter uma previsibilidade de que a próxima safra seja menor. “Consequentemente, menos oferta e mais demanda resultam no preço mais alto no varejo, principalmente para nós consumidores. Então, pesquisar ainda ajuda bastante, mas dificilmente alguém está conseguindo comprar o café com preços mais em conta”.