![Aumento nos preços do café, carnes e ovos devem impactar a inflação de alimentos. Fique por dentro das previsões e saiba como se preparar para a alta dos preços. Aumento nos preços do café, carnes e ovos devem impactar a inflação de alimentos. Fique por dentro das previsões e saiba como se preparar para a alta dos preços.](https://uploads.diariodopara.com.br/2025/02/XoKwCbdn-DP20250206_WA_7471.webp)
A inflação de alimentos pode não repetir a disparada registrada no ano passado, considerando previsões mais moderadas de alguns economistas. No entanto, os preços de certos alimentos básicos – como é o caso do café, das carnes, dos ovos e dos alimentos in natura – devem pesar mais no bolso das famílias, especialmente na primeira metade do ano. Na quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao comentar sobre a alta dos preços de alimentos, falou para o consumidor desconfiar de preços reajustados de forma exagerada após o aumento do salário mínimo.
O principal “vilão” da inflação de alimentos será o café, segundo analistas. Parte do aumento será resultado de altas que já ocorreram na indústria, mas que ainda não chegaram na ponta. Outro fator é a estimativa é de uma safra um pouco menor neste ano, já que o solo ainda se recupera da estiagem que afetou a produção brasileira no Brasil, maior produtor mundial do grão, e estimulou o aumento de preços.
– Espero altas de 7,60% em janeiro, 5,21% em fevereiro e 5,46% em março. O consumidor vai ficar sentindo esse aumento no primeiro trimestre, diria que o segundo trimestre inteiro também. Depois disso, o aumento pode ser em torno de 3% e chamará menos atenção – explica Gabriel Pestana, analista econômico da Genial Investimentos.
Leonardo Costa, economista da financeira ASA, espera uma alta de 25% para o café neste ano, com um impacto maior sobre os preços no primeiro e segundo trimestres. Ele lembra que o tipo arábica tem um ciclo bianual de produção, por isso, as safras alternam entre uma colheita maior e outra menor.
O segundo maior “vilão” deverá ser as carnes, especialmente a bovina. Costa, do ASA, lembra que o consumidor ainda colhe os efeitos do choque de preços ocorrido no ano passado, quando a arroba do boi disparou e ainda não retornou a patamares mais confortáveis. A expectativa do economista é de uma alta de 14% da proteína ao consumidor em 2025.
Já Pestana, da Genial, projeta um aumento médio de 10% das carnes este ano. Embora o preço da proteína possa arrefecer em fevereiro, com a arroba do boi gordo em queda – um reflexo da dificuldade dos frigoríficos para escoar a produção no mercado interno, segundo o setor -, essa redução deve ser apenas um recuo temporário, como um mecanismo de equilíbrio de mercado.
A virada do ciclo do boi, com processo de retenção de fêmeas, não elimina por completo a tendência de preços elevados, explica:
– A condição de oferta de carne vai ficar ruim porque tem que esperar o bezerro maturar pra abater. O estoque está menor – afirma Pestana.
Outro grupo que pode ter altas expressivas é o de alimentos in natura – como hortaliças, frutas e legumes como batata, tomate e cenoura – que devem subir, segundo Costa, cerca de 10,5% no ano, embora o segmento seja historicamente volátil, podendo aumentar muito em um mês e cair muito no outro, e não tenha um peso expressivo na cesta.
Costa aponta que o aumento do custo de produção no campo é um dos principais fatores para a alta, impulsionado pela desvalorização do real e pelo encarecimento de insumos agrícolas no mercado internacional:
– No ano passado, esse grupo chegou a registrar deflação, mas a expectativa para 2025 é de alta. O tomate pode subir 15% no ano. Temos notícias piores para safras no Sul, mas os modelos climáticos indicam um caminho de transição para a neutralidade.
A cenoura, por exemplo, já apresenta tendência de alta no início do ano, podendo acumular avanço de 60%, segundo os dados analisados pela Genial Investimentos. Mas Pestana lembra que estes são itens que pesam pouco e sofrem influência da sazonalidade, com picos de preços durante o início do ano e devolução nos meses seguintes.
Já os preços de frangos e ovos podem ou não registrar alta neste ano. As projeções divergem: enquanto alguns analistas preveem deflação nos ovos, outros esperam reajustes para cima. No fim das contas, o comportamento dos preços tende a ser influenciado pela variação nas carnes, já que ambos costumam ser substitutos diretos da proteína bovina.
Itens como arroz, óleo de soja e feijão também geram mais discordância entre os economistas, que ainda aguardam sinais mais claros das próximas safras. Estes produtos têm ligação com o câmbio e com as expectativas de inflação, que podem levar vendedores a antecipar reajustes de preços.
Texto de: Carolina Nalin (AG)