O valor do botijão de gás de 13 kg subiu nos últimos 12 meses no Pará e, em alguns municípios, o preço já alcança até R$ 150,00. O alerta vem de um estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE/PA), com base em dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Segundo o levantamento, o preço médio do botijão no estado chegou a R$ 112,49, um aumento de 4,92% em relação ao mesmo período do ano passado. O crescimento foi acima da média nacional, que ficou em 6,06%, com valor médio de R$ 108,01. Na Região Norte, o preço médio atual é de R$ 119,35.
Pará entre os estados com gás mais caro
Mesmo não liderando o ranking, o Pará ocupa a 11ª posição entre os estados com maiores preços médios de revenda. Roraima aparece no topo da lista, com valor médio de R$ 137,13, podendo ultrapassar os R$ 155,00 em alguns pontos de venda.
A variação dentro do próprio Pará é significativa. O levantamento mostra que o botijão pode ser encontrado entre R$ 84,99 e R$ 150,00, dependendo do local.
Municípios paraenses entre os mais caros do Brasil
Dois municípios paraenses figuram entre os 15 com preços mais altos do país. Paragominas lidera o ranking nacional com R$ 148,57 de preço médio. Já Parauapebas aparece na 12ª colocação, com R$ 130,83.
Esses dados reforçam o peso do custo do gás de cozinha no orçamento das famílias, especialmente as de baixa renda. “A maioria dos trabalhadores paraenses é assalariada e já compromete mais da metade da renda com alimentação básica. Quando o gás chega a R$ 150, pode consumir até 10% de um salário mínimo”, alerta o supervisor técnico do DIEESE/PA, Everson Costa.
Preço do gás e desigualdade social
O estudo também destaca que, além do preço, o acesso ao gás de cozinha ainda é um desafio em regiões mais isoladas e comunidades tradicionais, onde há dificuldades logísticas para a distribuição do produto. Nesses casos, o custo mais alto ou a falta de acesso pode levar famílias a recorrerem a fontes alternativas de energia, como lenha ou carvão, que são mais prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
Política de preços e impactos sociais
A variação nos preços do gás está ligada a fatores como a política de comercialização da Petrobras, impostos, custos de transporte e variações na oferta e demanda. Desde o fim da política de paridade internacional (PPI), a Petrobras passou a adotar critérios voltados ao mercado interno, o que ainda gera oscilações no valor dos combustíveis.
Garantir o acesso ao gás de cozinha é mais do que uma questão de consumo. É uma necessidade básica ligada à saúde, segurança alimentar e inclusão social. O DIEESE/PA destaca que ampliar o acesso ao gás de forma segura e com preços mais justos é fundamental para melhorar as condições de vida da população paraense.