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Açaí está até 73,51% mais caro em Belém

Para Lays Sampaio, a principal estratégia para equilibrar os preços é manter parcerias fortes com os fornecedores do açaí
FOTO: Wagner Almeida
Para Lays Sampaio, a principal estratégia para equilibrar os preços é manter parcerias fortes com os fornecedores do açaí FOTO: Wagner Almeida

Diego Monteiro

Os dados mais recentes do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/PA) revelam um aumento expressivo no valor médio do litro do açaí durante o primeiro trimestre de 2024 (janeiro a março), atingindo um encarecimento de 73,51% em Belém. Para se ter uma noção, apenas no mês passado, em comparação com fevereiro, a alta quase marcou 30%.

A análise considerou o preço do litro do fruto do tipo médio, que é frequentemente comercializado nas feiras livres, pontos de venda e supermercados da capital do Pará. A evolução dos preços foi: em dezembro do ano passado, o litro do açaí desse tipo estava sendo vendido a R$ 19,82. Em janeiro de 2024, esse valor subiu para R$ 21,77; em fevereiro, para R$ 26,48; e em março, chegou a R$ 34,39.

Além disso, o Departamento também analisou o preço do açaí do tipo grosso, que seguiu a mesma tendência de aumento. Em dezembro, o litro desse tipo de açaí era vendido em média por R$ 30,03. No início de 2024, em janeiro, o preço subiu para R$ 32,46; em fevereiro passou a ser vendido a R$ 40,18; e em março, atingiu a marca de R$ 48,76 o litro.

Essas altas têm gerado preocupação entre os batedores, já que os valores elevados podem ter um impacto negativo nas vendas e afastar os clientes. No ponto de venda Açaí do Lays, no bairro da Pedreira, o desafio é não repassar os reajustes para o consumidor. Por lá, o litro do açaí popular, o tipo mais procurado, está sendo oferecido por R$ 28; o tipo médio, por R$ 34; e o tipo grosso, por R$ 50.

Para a proprietária do estabelecimento, Lays Sampaio, 35 anos, a principal estratégia para equilibrar os preços é manter parcerias fortes com os fornecedores do fruto. “Essa relação é muito importante na hora de comprar, considerando nossa expressiva demanda, para garantir o produto com preços competitivos e manter a qualidade na hora de bater até chegar à mesa dos nossos clientes”, explica.

Mesmo a tendência do Dieese/PA apontar para novos aumentos, principalmente devido ao período da entressafra, Lays está otimista quanto a uma redução daqui a pelo menos um mês. “Precisamos considerar esse período e o clima que sempre traz aumentos, mas também observar o comportamento dos fornecedores. Esperamos que o que prevemos realmente se concretize”, acrescenta.

Saiba mais

  • A entressafra é caracterizada pelo intervalo entre o encerramento da última colheita e a chegada da próxima. A região do Marajó é a principal fornecedora de açaí para a capital paraense e é afetada pelo excesso de chuvas nesse período do inverno amazônico na região Norte do Brasil. Para suprir a demanda, o açaí passa a ser adquirido de Macapá, município do Estado do Amapá.
  • Rogério Cunha, 37 anos, explica que embora o paneiro vindo do estado vizinho seja mais acessível, a qualidade do fruto é inferior, o que gera outra reclamação entre os clientes. “Aí surge um conflito para manter as vendas com preços justos e ao mesmo tempo oferecer um produto de qualidade para os nossos fregueses. Como isso é nossa fonte de renda, precisamos encontrar a melhor estratégia”, diz.

O batedor conta que desde o início de fevereiro as vendas têm se mantido estáveis. “Claro que ficamos todos preocupados e muitas vezes os clientes não entendem quando aumentamos o preço do produto, no entanto, se não o fizermos, infelizmente ficamos no prejuízo e acabamos trabalhando apenas para vender sem margem de lucro. Mas esperamos que em breve isso passe”.