Revista Agropará

Estudo da Embrapa mostra que café cresce de forma sustentável na Amazônia

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) divulga aos consumidores 16 novas marcas de café torrado desclassificadas após a detecção de matérias estranhas
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) divulga aos consumidores 16 novas marcas de café torrado desclassificadas após a detecção de matérias estranhas

MARCELO TOLEDO

NAVEGANTES, SC (FOLHAPRESS) – Um estudo produzido por pesquisadores de duas unidades da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) afirma que o café produzido na região conhecida como Matas de Rondônia é sustentável e não agride a Amazônia.

Rondônia é responsável por 97% do café da região amazônica e tem produzido cafés que superam 90 pontos —são considerados especiais os que ultrapassam 80 pontos— em 15 municípios, entre eles Cacoal, Castanheiras, Primavera de Rondônia, Santa Luzia do Oeste e São Miguel do Guaporé.

Na região, os produtores plantam canéforas, variedade mais resistente ao calor que o café arábica, predominante nas lavouras de Minas Gerais, maior produtor do país, e que se adapta mais a temperaturas amenas. Há casos em que o quilo do café especial custa cerca de R$ 200.

Conforme o estudo, que utilizou imagens de satélite de alta resolução como apoio para definir em polígonos as áreas agropecuárias e as de florestas, entre 2020 e 2023 houve desmatamento zero em 7 dos 15 municípios das Matas de Rondônia e, em toda a região, foram detectados traços de retiradas de áreas florestais em menos de 1% da área total ocupada pela cafeicultura.

O mapeamento, produzido pelos pesquisadores Carlos Cesar Ronquim, Nívia Cristina Vieira Rocha (ambos vinculados à Embrapa Territorial, de Campinas) e Enrique Anastácio Alves (da Embrapa Rondônia), servirá como instrumento para determinar a área precisa ocupada com lavouras cafeeiras, sua dispersão e o que existe de uso de solo e florestas preservadas em seu entorno.

De toda a área, 56% é formada por florestas e mais de 40% equivalem a pastagens, o que, na avaliação dos pesquisadores, significa que é possível ampliar muito a produção de café sem a necessidade de desmatamento.

“Sempre existiu uma percepção equivocada de que a cafeicultura na Amazônia tem um vínculo com o desmatamento. As estatísticas de produção sempre mostraram o contrário. Mas nunca houve um estudo que demonstrasse isso de forma mais técnica e científica”, afirmou Alves.

De acordo com ele, o levantamento mostra que o índice das áreas de cultivo com desmatamento recente (desde 2020) é de 0,57%.

“A própria cafeicultura na região, apesar da sua importância socioeconômica, ocupa apenas 0,8% de toda a região. É um impacto de ocupação muito baixo, apesar de ser uma das três culturas agrícolas de maior importância, com cerca de 10 mil famílias de cafeicultores e responsável por 20% de toda mão de obra empregada no agro”, afirmou o pesquisador.
A região Matas de Rondônia produziu no ano passado 2,4 milhões de sacas de café numa área de 70 mil hectares (98 mil campos de futebol).

Há 20 anos, a produção estava num patamar próximo ao atual, com cerca de 2 milhões de sacas, mas cultivados numa área de 300 mil hectares (420 mil campos de futebol).