Luiz Flávio
Ainda pouco conhecido fora dos círculos de especialistas o conceito ESG, sigla em inglês para Environmental, Social and Governance, reúne políticas e ações socioambientais e governança voltadas para empresas atuantes nos mais diversos ramos, comprometidas em administrar seus negócios de maneira responsável, com a finalidade de tornar o mundo em que vivemos mais inclusivo, ético, ambientalmente sustentável e com qualidade de vida para todos.
A temática do ESG está em pauta no mundo empresarial desde a década de 90, quando a ideia de que empresas, colaboradores e investidores deveriam levar em conta os custos ambientais de seus projetos, foi popularizada com a criação do índice de ações socialmente responsáveis.
No Pará, as ações de ESG na indústria da construção ganharam atenção nos últimos anos com fortalecimento e articulação de diversas instituições. O Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA), possui um papel de destaque nessa articulação, com ações propositivas que estimulam novos projetos e temáticas e geram valores tendo o ESG como premissa.
“Pensar no desenvolvimento de uma cidade, é pensar em seus moradores, em suas empresas e na sustentabilidade de todo esse grande centro. Por isso, nós do Sinduscon, não acreditamos em um futuro que não seja pautado em meio ambiente, pessoas e seus cooperativismos”, destacou Alex Carvalho, presidente do Sinduscon Pará.
Para implementar o projeto “Cidades Inteligentes”, o Sinduscon-PA reuniu, no último ano, a comitiva da Corporação Financeira Mundial (IFC), do Grupo Banco Mundial, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a Prefeitura de Belém e, também, suas secretarias de desenvolvimento para assinar uma carta de interesse, voltado para promoção de construções sustentáveis, por meio de incentivo ao município.
A meta é estimular projetos com viés sustentável, criando um efeito multiplicador na sociedade como um todo. “A proposta desse documento é incentivar construções sustentáveis, estimulando a sociedade a aderir práticas para projetos com viés ecológico” explica Carvalho.
A iniciativa é um salto ainda maior para que temas como energia renovável, edifícios verdes e carbono zero, previamente abordados durante a assinatura da carta, possam ser aplicados de acordo com a realidade de Belém. A previsão para implementação dessas ações, pela Prefeitura de Belém, será a médio prazo.
Além de ações de sustentabilidade, o sindicato trabalha desde 2011 com ações socioeducativas, direcionadas para a área social da indústria, como o projeto “Construindo Mais Cidadania”, com pautas como qualidade de vida, cidadania, violência doméstica e familiar e outros. Em 12 anos, a iniciativa já atendeu mais de 54 mil trabalhadores, visitou quase 500 canteiros de obras e atendeu mais de 300 empresas do ramo.
No segundo semestre deste ano, o sindicato já inicia o módulo ambiental, que irá trabalhar a conscientização sobre meio ambiente nos canteiros de obras. A base do sucesso do projeto envolve um comportamento sobre governança e responsabilidade social que englobe parceiros. Atualmente, o sindicato participa das Comissões de Responsabilidade Social (CRS) e de Meio Ambiente (CMA), além do Sistema Fiepa, Crea-Pa, Superintendência Regional do Trabalho e Tribunal de Justiça Do Estado Do Pará.
Conferências têm foco em sustentabilidade na cadeia de valor
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização da sociedade civil de interesse público cuja missão é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável.
O Programa “Sustentabilidade na Cadeia de Valor” é uma iniciativa do Instituto Ethos para apoiar suas empresas associadas no desenvolvimento dos temas de sustentabilidade em diferentes elos de sua cadeia. Ao fazer isso, a empresa líder fortalece suas estratégias e gera benefícios à sociedade.
A Hydro é uma empresa associada ao Instituto Ethos desde 2017. Associadas Ethos são organizações comprometidas com o desenvolvimento sustentável, que buscam aprimorar suas práticas de gestão potencializando impactos positivos, se responsabilizando por suas ações. Influenciam sua cadeia de valor e assumem o protagonismo de temas que elevam práticas do seu setor. Se posicionam e influenciam políticas públicas que beneficiem a sociedade como um todo. E contam com o Ethos nessa trajetória, apoiando nossas causas, se capacitando e cocriando soluções.
No programa sustentabilidade na cadeia de valor, fornecedores estratégicos da Hydro são convidados a participar, de forma voluntaria e gratuita, de uma trilha de conhecimento na área de gestão para a sustentabilidade, os objetivos de serem inspirados a apoiar e promover os direitos humanos; terem aprimoradas e fortalecidas suas ações, incorporando a conduta empresarial responsável à gestão de seus negócios; serem capacitados a diagnosticar, planejar e criar planos de ação de modo a apoiar sua responsabilidade corporativa e gestão em direitos humanos.
A trilha é composta por atividades de capacitação teórica e prática, sessões virtuais de aprofundamento e mentorias individuais. Como resultados esperados, está a maior cooperação para essa agenda entre os fornecedores Hydro, maior visibilidade às boas práticas já realizadas e aperfeiçoamento da gestão para contribuir com o desenvolvimento sustentável.
Na última quinta-feira (20), a Hydro realizou em Belém em parceria com o Instituto Ethos evento que lançou a quarta edição do Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF). Esta edição terá foco em sustentabilidade na cadeia de valor.
O Ethos realizará em setembro uma nova edição de sua conferência regional em Belém, reunindo o setor produtivo, os povos da Amazônia e especialmente do Pará, para encontrarem soluções sustentáveis para o desenvolvimento econômico e social da região amazônica, que exerce posição central na trajetória pela descarbonizarão da economia brasileira e global, tendo papel fundamental em acordos multilaterais. Será a 4º edição da Conferência Ethos em Belém.
Ações devem estar no radar de empresas e sociedade
O engenheiro civil Paulo Marcelo Fecury Macambira, mestre em engenharia civil, está iniciando um estudo a nível de Doutorado no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Pará (UFPA) na área de ESG. Ele desenvolverá uma pesquisa com a metodologia em uma empresa da cadeia produtiva da construção civil da capital.
“Com a relevância que o conceito de ESG ganhou nos últimos anos, pretendo desenvolver práticas de negócio que alinhem o lucro, desenvolvimento sustentável e ações que fomentem a redução das desigualdades sociais em uma empresa de nossa cidade. Com isso, espero aumentar sua exposição a uma sociedade ambientalmente responsável, obtendo como retorno maior visibilidade no mercado e o comprometimento sócio ambiental”, detalha.
Ele complementa alertando que ações para a redução dos impactos sociais e ambientais causados pelo homem, como a ESG, estão no radar de empresas, órgãos reguladores e a sociedade em geral. “Essas ações fazem-se necessárias com brevidade, pois as consequências dos nossos atos nos fazem perceber que não somos donos do nosso planeta, mas administradores temporários”
O engenheiro comenta que há décadas pesquisadores e ambientalistas têm alertado sobre os perigos das constantes agressões que as ações do homem causam no meio ambiente, suas consequências climáticas, econômicas e sociais. “O ESG surge como alternativa para mitigar esses efeitos, com um conjunto de boas prática que está relacionada aos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), que estão na agenda das Nações Unidas como metas até 2030”.