Polícia

Suspeito de estupro, padre da Fundação Terra é preso em Pernambuco

A acusação de estupro foi feita por uma mulher que diz que crime teria sido cometido por um funcionário do padre em agosto do ano passado com participação do religioso.
A acusação de estupro foi feita por uma mulher que diz que crime teria sido cometido por um funcionário do padre em agosto do ano passado com participação do religioso.

LEONARDO AUGUSTO

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O padre Airton Freire, 67, da Fundação Terra, foi preso nesta sexta (14) em Arcoverde, no sertão de Pernambuco, pouco mais de um mês após pedir afastamento da entidade por ter sido acusado de envolvimento em estupro.

A Polícia Civil não informou o motivo da prisão, que foi pedida pelo Ministério Público, mas disse que ela ocorreu depois de apresentação voluntária do religioso. O processo está sob sigilo.

A defesa do padre nega a acusação. Em nota, os advogados disseram ter ficado surpreendidos com uma decisão judicial que determinou a prisão preventiva (sem prazo) do sacerdote. Os representantes do religioso afirmaram ainda que vão entrar com um pedido de habeas corpus.

“O feito é totalmente contrário às condições previstas em lei e será tratado em habeas corpus a ser impetrado pela defesa. Importante lembrar que o padre, um homem de 67 anos, sofre sérias restrições de saúde”, diz nota enviada pelos advogados.

A acusação de estupro foi feita por uma mulher que diz que crime teria sido cometido por um funcionário do padre em agosto do ano passado com participação do religioso.
Airton Freire é o criador da Fundação Terra, entidade que começou a funcionar em 1984 e hoje presta atendimento à população nas áreas de saúde, educação e assistência social.

O Ministério Público de Pernambuco disse que tem feito exame criterioso dos elementos de prova até então colhidas e que se pauta pelas normas internas e internacionais inseridas no sistema jurídico do país.

“A adoção de medidas cautelares em procedimentos dessa natureza, especialmente com a elucidação de mais de um caso, na visão do Ministério Público, acolhida pelo Poder Judiciário, mostra-se necessária para garantir a continuidade do trabalho investigativo da polícia”, afirma a Promotoria.

O órgão informou também que no momento há cinco inquéritos policiais instaurados em razão da identificação de outras supostas vítimas.

“Considerando a importância de uma análise célere e substancial de todos os fatos, a Procuradoria-Geral de Justiça designou mais três membros do Ministério Público para atuarem no caso”. A Promotoria não confirmou, porém, se todas investigações envolvem o religioso.

A defesa do padre disse que a decisão da Justiça pela prisão do sacerdote ignora seu afastamento das funções eclesiásticas e da presidência da Fundação Terra.

“Depois do afastamento, ficou isolado em sua residência -que é fixa, onde ele pode ser encontrado a qualquer momento-, de forma a não interferir nas investigações”, afirma o comunicado.

A nota diz também que o padre agiu de boa-fé ao concordar em se apresentar espontaneamente à Justiça após a decretação da prisão, sem criar mecanismos de retardamento do cumprimento da ordem legal.