Ana Laura Costa
Após o desfecho do assalto com refém que durou quase 17h, na Avenida Augusto Montenegro, de acordo com informações do Delegado Adriano Izídio, o acusado Yan Carlos Monteiro Barroso, de 27 anos, foi encaminhado ao Hospital Metropolitano, pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado, onde precisou ser operado e se encontra em estado estável.
As duas vítimas do assalto e três policiais militares prestaram depoimento na tarde desta quinta-feira (9) na 5ª Seccional Urbana da Marambaia.
O motorista de aplicativo, Fernando, foi ouvido. Segundo informações do delegado, o motorista afirma que tudo iniciou com a solicitação de viagem do aplicativo, onde o acusado entrou junto com a segunda vítima, Ana Júlia de Souza Brito, 26, já usando a faca.
Após anunciar o assalto, inclusive apontando a faca para o motorista, a vítima conseguiu sinalizar para a viatura da Polícia Militar que estava próxima ao local e conseguiu apoio dos policiais. Ainda de acordo com o depoimento do motorista, o acusado Yan Carlos, o feriu com a faca, xingava e se comportava de forma agressiva.
Na unidade, Ana Júlia de Souza Brito, 26 anos, passou por atendimento na Diretoria de Assistência ao Servidor da Polícia Civil, para apoio psicológico, pois se encontrava bastante debilitada psicologicamente e fisicamente. Ela foi a última a prestar depoimento.
Durante o relato, segundo o delegado à frente do caso, a jovem confirmou as informações prestadas anteriormente pelo motorista de aplicativo. Revelou ainda que não percebeu a presença de Yan na parada de ônibus, enquanto aguardava o veículo.
Quando o carro se aproximou, o acusado abriu a porta traseira e foi forçando a entrada junto a ela e as três crianças. Para defender os filhos, Ana Júlia chegou a ser ferida no braço direito. Ela retornava para a casa com os filhos após realizarem compras em um supermercado.
“Inicialmente a informação é que, no momento em que ela foi entrar, as duas crianças maiores entraram pela porta traseira e a mãe entrou por último. A vítima acreditou que o acusado estava sendo gentil ao abrir a porta do carro, já que ela estava com sacolas de compras e três menores. Logo após isso, ele forçou a entrada dele empurrando-a para dentro do veículo. Durante a madrugada ele chegou a defecar no local e consumir os alimentos que haviam sido comprados pela vítima. Ele utilizava a mão suja de dejetos para se alimentar e também oferecer alimento para os reféns”, afirma Izidio.
SUSPEITO PUXOU CADEIA POR ROUBAR SALÃO
O acusado tem passagem pela polícia por roubo, usando arma de fogo. O fato ocorreu no final de 2014, quando Yan Carlos e outro comparsa, roubaram um salão que fica na Av. Augusto Montenegro, no conjunto Maguari. Em 2016, ele também foi preso por desacato a autoridade.
De acordo com o Delegado Izidio, inicialmente o acusado vai ser indiciado pelo crime de roubo, circunstanciado pela restrição de liberdade das vítimas, com o emprego de arma branca. Posteriormente, com a conclusão do inquérito, há possibilidade de enquadrá-lo no crime de sequestro com cárcere privado.
“Inclusive, foi a faca que ele usou para desferir no seu próprio pescoço. Agora, a função da Polícia Civil é a lavratura do auto de prisão em flagrante, uma vez que ele se encontra em flagrante delito. No hospital ele ficará sob escolta da SEAP e, assim que for liberado, será encaminhado ao sistema prisional ficando à disposição do poder judiciário”, ressalta.
Sobre o possível surto psicótico, o delegado afirma que Yan Carlos será encaminhado a uma junta médica psiquiátrica para avaliação. “Um médico psiquiátrico vai realizar a análise para aferir o nível de insanidade ou incapacidade que ele tem. Aí o juiz vai decidir se ele pode ser encaminhado para uma unidade prisional comum ou se precisa ser encaminhado para um hospital de custódia”.
POPULARES
Moradores e funcionários das lojas próximas ao local onde ocorreu o crime, comentam que viveram momentos de muita insegurança e medo. Uma consultora de vendas que não quis ser identificada, conta que o estabelecimento de veículos em que trabalha não fechou por conta da ocorrência. “Teve um momento em que um homem pegou um facão e ameaçou tirar o rapaz e os reféns à força do veículo, foi horrível”.
Em uma sapataria, localizada na esquina de onde tudo ocorreu, o vendedor Ronald Dias, 21, revela que se sentiu muito inseguro. “A gente pensou que não íamos vir trabalhar e, com a confusão, acabamos fechando as portas da frente e deixando apenas as laterais abertas, até para a nossa própria proteção”, alega.
A atendente Flavia Suelen Conceição, informou que, por orientação dos policiais militares que atuavam no caso, ela e as demais funcionárias tiveram que fechar a loja.
“A gente ficou bem de frente para o que estava acontecendo. De manhã foi bem complicado, muita gente em cima, e a gente não sabia o que podia acontecer, não é? Fiquei bastante assustada, só voltamos após o almoço e quando tudo já tinha se encerrado, da melhor forma, graças a Deus”, comenta.
A Unidade Municipal de Saúde da Marambaia ficou aberta ao público até às 8h, após esse horário, por ordem do diretor da unidade, o atendimento foi encerrado temporariamente. Segundo informações de guardas municipais que trabalham no local, a Polícia Militar fez base no local e atiradores de elite foram posicionados em algumas salas. Por volta de 13h a unidade voltou a atender normalmente.