Na manhã desta terça-feira (10), a Polícia Civil do Pará deflagrou a operação “Dragão de Jade” para cumprir um mandado de busca e apreensão e outro de prisão preventiva contra um investigado por tortura majorada. A ação policial foi realizada pela equipe da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) com o apoio da Divisão de Atendimento à Criança e ao Adolescente (DATA), em Belém.
Os mandados expedidos pela 1ª Vara de Inquéritos Policiais e Medidas Cautelares de Belém, foram cumpridos na residência do sujeito, localizada em Belém.
Entenda o caso
No dia 29 de janeiro deste ano, o homem recebeu voz de prisão em flagrante pela equipe da Divisão Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), em Belém, após realizar ameaças contra a esposa dele com o uso de uma faca. Na ocasião, a vítima relatou que era agredida constantemente pelo marido e que as agressões se estendiam aos quatro filhos do casal, crianças de 11, 9, 7 e 4 anos de idade.
Mediante os relatos da vítima, através de escuta especializada, foi instaurado um inquérito policial para apurar o delito de lesão corporal em face das crianças. “Durante nossas investigações, ficou demonstrado que a conduta do investigado superava a hipótese de lesão corporal ou maus-tratos. Ele se aproveitava da autoridade de pai para causar sofrimento físico e psicológico, de forma intencional, nas crianças em forma de castigo pessoal, incidindo no crime de tortura majorada”, detalhou a delegada Caroline Batista, titular da DPCA.
No momento das buscas realizadas na residência do investigado, foram coletados vídeos em que é possível visualizar as várias lesões nos corpos das vítimas, além de filmagens em que as próprias crianças pediam ajuda.
“Um fato que chamou muito a nossa atenção é que um desses vídeos foi produzido pelo próprio investigado, que fez questão de filmar o momento em que agride sua filha, desferindo-lhe tapas no rosto e levantando a blusa da criança para exibir os vários hematomas, demonstrando uma espécie de satisfação com o feito. Após as gravações, ele enviava os vídeos para a sua genitora, que está na China, como forma de se vangloriar e mostrar seu poder em face da família”, continuou a delegada.
Os depoimentos revelaram que as crianças sofriam agressões com barra de ferro, cabo de vassoura e cabides, além de castigo físico. A única criança do sexo feminino teve, inclusive, seu cabelo raspado contra sua vontade.
“Após coletar todos os elementos de informação necessários, a equipe da DPCA representou pela prisão preventiva do investigado pelo delito de tortura majorada. O aparelho celular foi apreendido para que sejam coletados os arquivos e demais elementos referente às violências domésticas praticadas por ele. Após as providências legais, o sujeito foi encaminhado à SEAP, onde permanece à disposição da Justiça. O celular apreendido foi encaminhado para perícia”, ressaltou a delegada Emanuela Amorim, titular da Diretoria de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAV).
Dragão de Jade – O nome da operação faz menção aos dois lados do trabalho policial envolvendo vulneráveis. De um lado o dragão que, na cultura chinesa, representa autoridade, poder e justiça. Do outro lado, a Jade que representa um tesouro frágil a ser tratado com zelo e atenção.