A Polícia Civil do Pará deflagrou, na manhã desta sexta-feira (21), a operação “Invasão Digital” para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra investigados que invadiam as contas bancárias de vítimas com celulares roubados e realizavam transferências bancárias para contas de uma associação criminosa. Até o momento, cinco pessoas foram presas em Belém e uma no Rio Grande do Sul através dos mandados expedidos pela Vara de Inquéritos Policiais e Medidas Cautelares de Belém.
A ação foi coordenada pela Divisão de Combate a Crimes Econômicos e Patrimoniais Praticados por Meio Cibernéticos (DCCEP), vinculada à Diretoria Estadual de Combate a Crimes Cibernéticos (DECCC), e teve o apoio da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (CORE).
“As investigações apontam que, inicialmente, tratava-se apenas de roubo ou furto de aparelhos celulares, mas estes crimes eram apenas a primeira parte da ação de uma ação criminosa que atua em quase todo o território nacional. Para a operação de hoje, a PCPA contou com o apoio das polícias civis de outras unidades da Federação”, explicou Walter Resende, delegado-geral da PCPA.
Entenda o caso – Uma das vítimas teve o celular furtado e, dias depois, recebeu a ligação de uma suposta central telefônica informando que o aparelho estava bloqueado e que a recuperação dependia da disponibilização de um código de desbloqueio do aparelho.
Acreditando que falava com funcionários reais, o homem disponibilizou o código de desbloqueio e os criminosos conseguiram acessar as contas bancárias da vítima, subtraindo aproximadamente meio milhão de reais.
“Durante as nossas investigações foi possível conseguir o login de acesso do aplicativo bancário, que nos levaram a várias redes de internet utilizadas para dar o golpe em outras pessoas. Quando não conseguiam o código de acesso, o grupo criminoso utilizava apenas os chips dos aparelhos para ter acesso à internet”, explicou o delegado João Amorim, diretor da DCCEP.
Os agentes também conseguiram identificar beneficiários diretos e indiretos durante a análise minuciosa dos dados bancários, momento em que foi possível verificar que os valores subtraídos das vítimas eram transferidos para seis contas bancárias de titularidades diferentes e que mais 11 contas de outras pessoas eram utilizadas para fracionar os valores.
“No total, nós conseguimos identificar a movimentação de R$ 650 mil. Ainda há registro, junto ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), de operações e situações que podem configurar indícios de ocorrência dos crimes de lavagem ou ocultação de bens de contas bancárias relacionadas a sete investigados, que movimentaram cerca de R$ 3 milhões”, contou a delegada Vanessa Lee, titular da DECCC.
A investigação coordenada pela DCCEP identificou que existe uma rede de associação criminosa direcionada à subtração de celulares de vítimas em todo o país com o propósito de acessar as contas bancárias contidas nos dispositivos eletrônicos. Os golpes foram executados no Pará, Pernambuco, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
A operação teve apoio, ainda, da Divisão de Combate a Crimes Contra Direitos Individuais Praticados por Meios Cibernéticos (DCDI), da Divisão de Combate a Crimes Contra Grupos Vulneráveis Praticados por Meios Cibernéticos (DCCV), do Centro de Análise Financeira (CAF/DECCC) e da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, onde uma pessoa foi presa.
Os presos foram encaminhados à unidade especializada para os procedimentos de praxe e estão à disposição da Justiça. Eles vão responder por furto mediante fraude eletrônica, associação criminosa e lavagem de capitais.