A Polícia Civil do Pará afirmou que pelo menos 80 criminosos considerados foragidos da Justiça estão escondidos em comunidades da capital fluminense. Na manhã desta terça-feira, a Polícia Civil do Rio de Janeiro, em conjunto com policiais do Pará e Ceará, realizaram mais uma etapa da Operação Torniquete, na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. A ação integrada tinha como objetivo cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra traficantes do Comando Vermelho (CV). Durante o confronto, que começou por volta das 5h, seis pessoas ficaram feridas, duas continuam em estado grave. A operação afetou o funcionamento de serviços básicos, como transporte público, clínicas da família e escolas públicas. Treze pessoas foram presas e cerca de uma tonelada de maconha foi apreendida.
Foram cumpridos 114 mandados de busca e apreensão em endereços de integrantes do tráfico do Complexo da Penha. Residências de luxo utilizadas por traficantes ou parentes também foram localizadas, segundo a polícia. O objetivo da operação, de acordo com os agentes, era o cumprimento dos mandados de busca e apreensão e coleta de provas.
Participam da ação cerca de 900 agentes, somando equipes das polícias Civil e Militar do Rio, do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, e de policiais civis do Pará e do Ceará. Na operação, os agentes encontraram um “call center do crime” e dois locais de refino de droga.
Entre os presos, está um foragido da justiça de Minas Gerais. Os policiais apreenderam drogas (que estão sendo contabilizadas), carga roubada, peças de fuzis desmontados, carregadores, roupas táticas, celulares e anotações do tráfico. Ao menos 15 veículos roubados foram recuperados.
Segundo a Polícia Civil, o Complexo da Penha é o local de onde partem as ordens para invasões de comunidades dominadas por facções rivais. Além disso, a região também abriga traficantes do Comando Vermelho de outros estados. De forma geral, ela é considerada a base operacional da facção no Rio de Janeiro.
As investigações apontam que traficantes do CV são responsáveis, entre outros crimes, por ordenar roubos de veículos e de cargas para viabilizar a compra de armamento, munição e o pagamento de uma “mesada” aos parentes de presos faccionados, bem como das lideranças da facção. Os chefes do CV envolvidos nesses crimes são: Edgar Alves Andrade, o Doca, Carlos Costa Neves, o Gardenal, e Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW.
Em nota, a Polícia informou que 200 criminosos foram presos na 2ª fase da Operação Torniquete, que começou em setembro deste ano.
Segundo a assessoria do Hospital Estadual Getúlio Vargas, seis pessoas baleadas deram entrada na unidade nesta manhã. São elas: Felipe Barcelos, Tamires Silva Soares, Manuel Rodrigues de Sousa e o policial civil Davyson Aquino da Silva, todos liberados após cirurgia. Ágatha Alves de Sousa continua internada em estado grave, assim como um suspeito sem identificação.
Ágatha Alves de Sousa foi baleada perto de um ponto de ônibus. Segundo o Bom Dia Rio, da TV Globo, ela estava a caminho do trabalho, na Zona Sul, quando foi atingida por um tiro nas costas. Ela falou com a mãe, Michele Almeida de Souza, assim que viu a polícia:
- Não tinha sinal de operação, de nada. Ela saiu, e ainda não estava dando tiro. Quando ela chegou perto do (mercado) Guanabara, ela me telefonou e disse: “mãe, eu vi o caveirão agora”. Aí uns 10 minutos depois, ela me ligou: “Mãe, eu fui baleada” – disse Michele à TV Globo. Nas redes sociais, um vídeo mostra Ágatha sentada na calçada, ao lado de uma kombi.
Fonte: Bruna Martins, Carolina Callegari e Marcos Nunes (AG)