Polícia encontra 22 crânios humanos em apartamento de luxo em São Paulo
Polícia encontra 22 crânios humanos em apartamento de luxo em São Paulo

Um caso que mistura mistério, morbidez e profundo desrespeito à memória dos mortos choca São Paulo. A Polícia Militar encontrou 22 crânios humanos e diversos outros ossos dentro de um apartamento na Rua Guarará, no coração do bairro Jardim Paulista — uma das áreas mais nobres da capital. O imóvel pertencia a um homem de 79 anos, que morreu na semana passada. O corpo dele foi encontrado sem sinais de violência, mas o cenário dentro do apartamento dispensava qualquer enredo de filme de terror: havia prateleiras, caixas e restos mortais dispostos como se fossem parte de uma coleção.

De acordo com informações preliminares, o idoso — identificado como Maximiano de Sá Aguirre — vivia sozinho e tinha histórico de transtornos psicológicos. Havia inclusive uma interdição judicial por conta de problemas de saúde mental relacionados à idade. A PM informou que uma das caixas encontradas no imóvel estava lacrada e foi mantida intacta para não comprometer o trabalho da perícia. O caso está sendo investigado pelo 78º Distrito Policial (Jardins), que apura a origem dos ossos e a possibilidade de que tenham sido roubados de cemitérios da capital.

A descoberta levanta uma série de questões sombrias. Como alguém poderia reunir tantos restos humanos em pleno centro urbano sem que ninguém percebesse? Teriam esses ossos sido retirados clandestinamente de covas e catacumbas? Ou haveria algum tipo de comércio macabro por trás disso? As respostas ainda não vieram, mas os investigadores já confirmam que o material recolhido será analisado pelo Instituto Médico Legal e pelo Instituto de Criminalística, que tentarão determinar a idade, origem e possível tempo de decomposição dos restos.

A notícia causa espanto não apenas pela quantidade de crânios, mas pelo simbolismo brutal de transformar o que deveria ser sagrado — o repouso dos mortos — em objeto de curiosidade ou de perturbação. A imagem de um “colecionador de crânios” não pertence apenas às páginas policiais, mas também àquelas discussões morais que parecem esquecidas em tempos modernos: o respeito ao corpo, à morte e à memória. Num mundo que trata tudo como descartável, até os mortos parecem ter perdido o direito ao sossego.

HOMEM ERA RESERVADO

Vizinhos contaram que o homem era reservado, quase invisível na rotina do prédio. Poucos sabiam quem ele era, e ninguém imaginava o que havia por trás das portas do apartamento. O contraste entre o silêncio do Jardim Paulista — bairro de mansões, boutiques e ruas arborizadas — e o horror descoberto ali dentro reforça a sensação de que algo se rompeu. É como se, sob o verniz do luxo e da civilização, houvesse um subterrâneo de mistérios que insistem em escapar.

A polícia agora tenta entender se o idoso agia sozinho, se havia ajuda externa para conseguir os ossos ou se fazia parte de algum tipo de rede clandestina. Entre as hipóteses mais citadas, está o furto em cemitérios paulistanos, crime que, embora raro, já teve registros anteriores. No entanto, até o momento, não há indícios de que o homem tenha cometido homicídios — apenas que mantinha o macabro “acervo” por motivos ainda desconhecidos.

Investigação e Próximos Passos

Enquanto a perícia busca respostas, a cena do apartamento permanece na memória dos policiais que participaram da ocorrência. Um deles, em nota, descreveu o caso como “um dos achados mais perturbadores dos últimos anos”.

Editado por Clayton Matos