A enfermeira Jamille Araújo, de 29 anos, foi encontrada morta na noite da última quarta-feira (30), no apartamento onde morava com o companheiro, no Condomínio Neo Fiorio, localizado na Rodovia Mário Covas, em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém.
Segundo informações da Polícia Militar, o companheiro relatou que chegou do trabalho por volta das 18h20, quando teria encontrado Jamille pendurada na tela de proteção da sacada, com uma extensão elétrica enrolada no pescoço. Ele afirmou que cortou a tela com uma faca de serra para tentar socorrê-la. A PM foi acionada por moradores do condomínio, isolou a área e comunicou os demais órgãos responsáveis, incluindo a Polícia Científica e a Polícia Civil.
A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEFEM) assumiu o caso, que agora é investigado sob a suspeita de feminicídio. Perícias foram solicitadas e testemunhas estão sendo ouvidas para esclarecer as circunstâncias da morte.
Suspeitas e histórico de violência
De acordo com familiares, Jamille vivia um relacionamento abusivo marcado por agressões físicas, ameaças e isolamento. Uma prima da vítima, que preferiu não se identificar, relatou que a jovem já vinha sofrendo violência doméstica há meses. Segundo ela, tudo começou quando o companheiro quebrou o celular de Jamille durante uma briga. Após esse episódio, ele passou a ameaçar familiares, agredi-la fisicamente e tentar afastá-la do convívio com a família.
“Ela chegou a se separar por alguns dias, levou as coisas dela pra casa dos pais, mas ele continuava cercando, ameaçando. Ela ficou com medo”, contou a prima em entrevista à RBATV.
Vizinhos também relataram à família que gritos e brigas frequentes eram ouvidos no apartamento. Ainda segundo os familiares, após o corpo ser encontrado, a cena do local teria sido alterada antes da chegada da perícia. O ambiente estava “revirado” e não condizia com a forma como Jamille foi encontrada, segundo os relatos. Há também suspeitas de que mensagens enviadas à vítima no dia da morte não foram respondidas por ela, sugerindo que alguém teria acessado seu celular e apagado provas.
A Polícia Científica constatou que a morte pode ter ocorrido ainda pela manhã, o que contraria a versão do companheiro sobre tê-la encontrado à noite. O corpo da jovem permanece no Instituto Médico Legal (IML), onde exames detalhados devem indicar a causa da morte.
Investigação em andamento
A Polícia Civil informou que diversas linhas investigativas estão em análise, e o inquérito está sob sigilo. O nome do companheiro não foi divulgado oficialmente.
Jamille Araújo era enfermeira, atuava na área da saúde e era descrita por amigos e parentes como uma mulher tranquila, dedicada à profissão e muito próxima da família. A notícia de sua morte gerou grande comoção nas redes sociais, especialmente entre colegas da área de enfermagem.