CHEGANDO A HORA

Vitrine global: COP30 impulsiona turismo e gera oportunidades no Pará

Este cenário tem levado os setores de comércio e serviços a intensificarem seus preparativos, visando atender a uma demanda de clientes e turistas sem precedentes.

Comércio, turismo e serviços apostam na COP30 como alavanca para economia local
Comércio, turismo e serviços apostam na COP30 como alavanca para economia local Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

O segundo semestre de 2025 promete ser um período de intensa movimentação econômica no Pará, impulsionado especialmente pela 30ª edição da Conferência do Clima da ONU (COP30), que será realizada na capital paraense entre os dias 10 e 21 de novembro. Este cenário tem levado os setores de comércio e serviços a intensificarem seus preparativos, visando atender a uma demanda de clientes e turistas sem precedentes.

Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Pará (Fecomércio-PA), a expectativa sobre a realização da COP 30 em Belém é a de geração de impacto positivo sobre as atividades de comércio, serviços e turismo, considerando que o evento internacional atrairá milhares de visitantes, aumentando a necessidade de serviços e atendimentos no comércio, e de serviços diversos, como hotelaria, alimentação, transporte, atividades culturais, equipamentos turísticos, tecnologia, dentre outros.

Em resposta conjunta, o presidente do Sistema Fecomércio PA/Sesc/Senac, Sebastião de Oliveira Campos, e a assessora econômica da Fecomércio-PA, Lúcia Cristina de Andrade Lisboa, avaliam que os próprios investimentos relacionados às obras e demais atividades de preparação para a COP 30 devem movimentar a economia local. Eles consideram que, possivelmente, os turistas devem destinar boa parte de seus gastos a bares e restaurantes, transportes.

Assim como aos meios de hospedagens, agências de viagens e passeios, que também deverão apresentar bom desempenho. “Já se observa certo aquecimento das atividades turísticas e do comércio mesmo antes da data de realização oficial da COP 30. Isto porque já aconteceram alguns eventos pré-COP e também porque, com obras de preparação, houve aumento na demanda por alguns produtos e serviços”.

Eles lembram que o próprio anúncio da COP 30 em Belém já atraiu turistas e incentivou a realização de congressos e de outros eventos externos na capital paraense. “Os empresários do setor compreendem que a COP 30 tem uma grandiosidade por ser um evento ambiental, de discussões, metas, compromissos com as políticas ambientais, climáticas que podem definir caminhos para o presente e o futuro da sustentabilidade ambiental e qualidade de vida da população e das nações, mas também é uma vitrine global. E, sendo no Estado, gera muitas oportunidades de negócios”, consideram.

“Assim, há o entendimento do setor da necessidade de se adaptar às mudanças e ao perfil internacional do público, compreender demandas e exigências, para poder aproveitar as oportunidades de negócios e até ganhar destaque na mídia, captar e até fidelizar clientes, etc”.

Lúcia e Sebastião explicam que, em preparação para o evento, o setor vem realizando investimentos e definindo ações com o objetivo de fortalecer a presença da marca. Entre as principais ações adotadas, eles destacam a capacitação e treinamento de equipes em diversas áreas, especialmente em idiomas estrangeiros; reforço nos estoques e ampliação das equipes, com o objetivo de garantir maior agilidade e eficiência no atendimento; investimentos em vitrines temáticas e ações promocionais, com atenção especial à acessibilidade e à incorporação de práticas sustentáveis na execução dos serviços comerciais e no relacionamento com o público; expansão dos serviços tecnológicos, com a automação de processos e atendimentos a fim de promover maior eficiência e modernização; aumento dos investimentos em soluções digitais por parte das empresas mais voltadas à tecnologia, buscando inovação e melhor experiência para o cliente, dentre outras.

CAPACITAÇÃO

Ainda como parte das ações preparatórias para a COP 30, eles destacam que o Sistema Fecomércio, Sesc e Senac-PA também desempenharam um papel importante na capacitação, orientação às empresas e qualificação de profissionais.

“O Senac PA ampliou a oferta de vagas e cursos voltados ao aprimoramento do atendimento ao público, com foco na COP 30. As áreas contempladas incluem idiomas estrangeiros, turismo, hospitalidade e lazer (como recepção, guia de Turismo, hotelaria, camareira e hospitalidade) — além de gastronomia, produção cultural e design, gestão de negócios, tecnologia, informação e comunicação”, enumeram.

“O Senac PA e o Sesc PA também firmaram parceria com o governo do Estado do Pará e ofereceram cursos específicos para preparação para a COP 30 por meio do Programa Capacita Pará para realização de cursos”.

A adoção de ações estratégicas e proativas também é apontada pelo presidente do Sindicato do Comércio Varejista e dos Lojistas de Belém (Sindilojas), Eduardo Yamamoto, como parte dos preparativos do segmento para a demanda gerada pela COP30. Ele aponta que, entre as ações, foram realizados ajustes na logística e operações. “Muitos lojistas estão aprimorando horários de funcionamento — com maior flexibilização e contratando reforços temporários para dar conta da expectativa de aumento de fluxo, visto que a COP será logo depois do Círio de Nazaré, que tradicionalmente já atrai movimento pra cidade”.

Para o aprimoramento de serviços, Eduardo Yamamoto aponta que os lojistas também têm investido em treinamento de equipes para atendimento multicultural, sinalização em inglês e ampliação de formas de pagamento, preparando-se para um público internacional diversificado. “Também estamos em contato com entidades como Fecomercio, Sesc, Senac, Sebrae e poder público para oferecer capacitações, parcerias e apoio em infraestrutura, aproveitando o engajamento ampliado em função da conferência”.

Ainda que a expectativa de maior movimento se concentre no período de realização da conferência – quando são esperados cerca de 50 mil participantes, entre delegados e visitantes internacionais –, Eduardo aponta que o esperado aumento da demanda já vem apresentando alguns sinais.

“Embora o impacto ainda esteja em fase inicial, reconhecemos que os preparativos já começam a gerar efeitos percebidos nos bastidores do setor. Empresários do setor de turismo e comércio regional relatam aumento de consultas e intenção de compra de produtos locais, impulsionadas pela cobertura da mídia e pelo apelo sustentável da COP, e alguns lojistas que oferecem produtos típicos da Amazônia como itens artesanais, cosméticos, produtos naturais ou alimentícios já receberam solicitações para eventos preparatórios”, aponta.

“O Sindilojas tem atuado na retaguarda em ajuda ao lojista no que for preciso para intensificar as vendas e proporcionar o melhor atendimento à venda para o cliente. Seja com treinamentos, negociações e apoios institucionais com outras entidades”.

Empresários antecipam movimento e investem em estrutura e pessoal

A expectativa de aumento significativo no fluxo de pessoas também já está se traduzindo em investimentos concretos por parte do empresariado local. Proprietária dos restaurantes Marujos e Café Santo, a empresária Glenda Castro Alves aponta que já realizou investimentos em reformas estruturais nos espaços físicos dos restaurantes, aproveitando a localização estratégica em um dos maiores complexos turísticos do estado, a Estação das Docas. A expectativa pela movimentação que deve ser gerada pela conferência é grande.

Glenda Castro Alves aponta que já realizou investimentos em reformas estruturais nos espaços físicos dos restaurantes
Glenda Castro Alves aponta que já realizou investimentos em reformas estruturais nos espaços físicos dos restaurantes

“A expectativa é a maior possível, pois estamos com os negócios nos melhores pontos turísticos da capital: Marujos da Estação das Docas e o Café Santo Pizzaria na Boulevard da Gastronomia”, considera. “Esperamos um aumento de 50% na movimentação de clientes”.

Para atender a esse aumento, além das reformas estruturais da casa, Glenda conta que também investiu no treinamento das equipes, na elaboração de um cardápio mais regional e acessível em dois idiomas. “Já vemos percebendo um aumento no movimento, principalmente nos pequenos eventos que antecedem, como também os organizadores que já estão na cidade”.