Pará

UFPA divulga listão de aprovados no PSE IQ 2025 com 424 indígenas e quilombolas

O PSE IQ é uma das iniciativas de acesso e inclusão da UFPA destinada a estudantes indígenas e quilombolas que não realizaram ou iniciaram curso de graduação.

Os festejos continuam após o Carnaval para os 424 aprovados no Processo Seletivo Especial para Indígenas e Quilombolas (PSE IQ) 2025 da Universidade Federal do Pará (UFPA). O anúncio dos novos calouros foi feito nesta quinta-feira, 6 de março, pelo reitor Gilmar Pereira da Silva, em uma cerimônia que contou com a presença de representantes da Associação de Discentes Quilombolas (ADQ) e da Associação dos Povos Indígenas Estudantes da UFPA (APYEUFPA).

Dados do IBGE (2022) mostram que, no Pará, dos 8.120.131 habitantes, 5.673.446 se autodeclaram pardos, 793.621 pretos, 80.980 indígenas, 1.570.281 brancos e 12.432 amarelos. Esses números reforçam a necessidade de políticas públicas que garantam equidade no acesso ao ensino superior para pretos, pardos, quilombolas e indígenas. O PSE IQ é uma dessas iniciativas da UFPA, destinada a estudantes indígenas e quilombolas em situação de vulnerabilidade econômica, social e educacional, que ainda não ingressaram em um curso de graduação.

Iniciativas pioneiras da UFPA
Em seu discurso, o reitor destacou o pioneirismo da UFPA ao ser a única universidade federal a oferecer vagas em processos seletivos específicos para grupos historicamente marginalizados. Além do PSE IQ, a universidade promove outros processos seletivos, como o de Licenciatura em Etnodesenvolvimento, Educação do Campo e para Imigrantes e Refugiados (PSE Migre).

Gilmar Pereira da Silva lembrou da luta pela implementação de cotas na universidade antes mesmo da iniciativa governamental: “Tivemos a ousadia de criar uma prova específica para trazer mais de 700 indígenas e quilombolas por ano para a UFPA, com oportunidades em todos os nossos cursos de graduação.”

Números do PSE IQ 2025
Nesta edição, o PSE IQ ofereceu 796 vagas (398 para indígenas e 398 para quilombolas), distribuídas entre os 199 cursos de graduação da UFPA. Desde sua criação, em 2014, o processo seletivo já permitiu o ingresso de 3.897 quilombolas e 692 indígenas. “Não é um processo simples. Estamos sempre nos desafiando e aprendendo. É desafiador, mas também muito gratificante. Tenho orgulho do que a UFPA já avançou e assumo o compromisso de continuarmos avançando”, afirmou o reitor.

A vice-reitora, Loiane Prado Verbicaro, ressaltou a complexidade do processo seletivo, construído com a participação de diversos setores e representações estudantis ao longo do ano. “Este momento é de celebração e acolhimento. Agradeço a todos por escolherem a UFPA e por nos permitirem aprender com suas culturas e saberes. Vocês tornam este espaço melhor, trazendo valores e formas únicas de compreender a realidade.”

Cursos mais concorridos
O PSE IQ 2025 registrou 2.192 inscrições, com 58,12% de candidatas. Entre os indígenas, os cursos mais procurados foram Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Direito e Psicologia. Já entre os quilombolas, os preferidos foram Medicina, Educação Física, Fisioterapia, Pedagogia, Enfermagem, Direito, Psicologia e Odontologia.

A importância da ancestralidade
Gustavo Cardoso, coordenador da ADQ, destacou o significado do ingresso na universidade: “Entramos aqui com o objetivo de retornar às nossas comunidades e aplicar o conhecimento em benefício delas. Este momento é de alegria, mas também de responsabilidade. Hoje, há festa nas aldeias e nos territórios.”

Eslla Yacy, presidente da APYEUFPA, falou sobre a emoção e a ansiedade das comunidades indígenas com o resultado: “Não é fácil entrar na universidade, mas estamos aqui para apoiar uns aos outros. Sabemos que a recompensa virá, e isso nos enche de esperança.”

Reconhecimento histórico
Zélia Amador de Deus, professora emérita da UFPA e superintendente de Políticas Afirmativas e Diversidade, destacou o caráter histórico do PSE IQ: “A UFPA é a única universidade federal que realiza um trabalho tão diferenciado, garantindo acesso a grupos que historicamente foram excluídos. Temos muito orgulho disso e queremos continuar avançando.”

Transmissão ao vivo e democratização do acesso
Pela primeira vez, o anúncio dos aprovados foi transmitido ao vivo pelos canais da Rádio Web UFPA no YouTube e no Instagram, permitindo que comunidades indígenas e quilombolas de todo o Pará acompanhassem o resultado em tempo real. A transmissão alcançou mais de 5 mil visualizações apenas no YouTube, demonstrando o sucesso da iniciativa.

Rosane Steinbrenner, diretora da Faculdade de Comunicação da UFPA e coordenadora pedagógica da Rádio Web, celebrou o impacto da transmissão: “Foi um marco histórico, que reflete nosso compromisso com a democratização e descolonização do conhecimento. A comunicação é uma ferramenta essencial para isso.”

Próximos passos
Habilitação, chamadas extras e repescagem – Logo após a divulgação do resultado da seleção, o Centro de Indicadores Acadêmicos (Ciac) divulgou o Edital de habilitação ao vínculo institucional com o prazo para que as(os) estudantes classificadas(os) possam preencher o Cadastro Online de Calouros (COC) e confirmar os respectivos vínculos com a UFPA.

O sistema estará disponível até às 17h do dia 12 de março. A(O) candidata(o) que não realizar a habilitação institucional no período determinado perderá o direito à vaga. Uma vez que haja vagas não preenchidas, novas chamadas também poderão ser realizadas (repescagens). E, no caso daquelas vagas sem candidatas(os) classificadas(os), haverá a possibilidade, ainda, de abertura de 

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.