Pará

Trabalhadores vivem expectativa pelas obras da COP30 em Belém

Intervenções urbanas previstas para a realização do evento devem mudar a realidade do entorno dos locais, com aumento do movimento e do faturamento de quem possui pequenos negócios próximos Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Intervenções urbanas previstas para a realização do evento devem mudar a realidade do entorno dos locais, com aumento do movimento e do faturamento de quem possui pequenos negócios próximos Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Even Oliveira

As obras que visam preparar Belém para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 30, que acontecerá em novembro de 2025, trazem consigo a promessa de revitalização urbana e, com ela, a preparação para receber turistas e delegações de todo o mundo. Isso alimenta um sentimento de otimismo entre aqueles que dependem do movimento diário de pessoas para sustentar suas famílias, gerando um impacto direto na vida de muitos trabalhadores locais.

Na Nova Doca, as intervenções que incluem a urbanização e construção de passarelas ao longo de 1,2 km do canal, além da substituição de comportas para controle de marés, já alteram a paisagem conhecida de quem ali trabalha há décadas. O taxista Lúcio Borges, de 65 anos, está há 30 anos em um ponto na avenida Visconde de Souza Franco, no Reduto, e acompanha de perto cada etapa das obras.

O taxista Lúcio Borges, de 65 anos, está há 30 anos em um ponto na avenida Visconde de Souza Franco, no Reduto, e acompanha de perto cada etapa das obras. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

“A expectativa é muito grande. A gente está vendo de perto o que está sendo feito e acreditamos que isso vai melhorar nossa rotina. É uma das principais obras para a COP e tende a aumentar o fluxo de passageiros. Estou investindo, pretendo, inclusive, mudar de carro”, conta ele, que sustenta a esposa e a filha com o trabalho que realiza diariamente na região. “O progresso chegou”, é como Lúcio define o momento que já era muito aguardado pelos frequentadores locais.

Para Josiel Lobato Gama, 41, vendedor de água de coco na esquina da Municipalidade há 15 anos, o cenário da Nova Doca garante ser promissor. Ele, que já começa a pensar nas preparações para o aumento da demanda de clientes, planeja aprimorar a quantidade de produto e, se preciso for, contratar alguém para ajudar a atender o público esperado. “A gente vê como está deve ficar bonito, vai atrair mais turistas e melhorar para todos nós que trabalhamos aqui. Já estou aqui há anos, tenho meus clientes, mas espero que as vendas aumentem ainda mais com a finalização dessas obras”, diz.

No Porto Futuro II, ao longo da avenida Marechal Hermes, outro ponto de transformação, a expectativa também é grande. Com a construção de 10 armazéns e a criação do Museu das Amazônias, o local será um importante polo turístico e cultural. Ao longo da extensão da obra, no ponto de Fernando Souza, 63, que vai da venda de bombons até café, ele se mantém com otimismo. Para ele, as novas instalações e a promessa de um aumento no movimento representam uma chance de ampliar suas atividades.

“É uma coisa boa, a evolução tem que dar certo. Como também morador do bairro, espero que ajude a todos, trazendo mais gente para cá. Além disso, pretendo negociar para ver se consigo algumas ideias novas para o meu negócio”, reflete Fernando, que vive sozinho, mas vê nas obras uma possibilidade de melhorar sua situação financeira.

Enquanto isso, próximo ao Parque da Cidade, que contempla pontos como as avenidas Senador Lemos e Júlio César, onde está prevista a construção de um Centro de Economia Criativa, além de um mercado de produtos regionais e um centro gastronômico, as expectativas também são altas. Maria das Graças, 69, que tem um depósito de bebidas na passagem Santos Dumont com Senador Lemos, acredita que as melhorias vão beneficiar diretamente o negócio da família. “Se as coisas são mais belas, melhor para nós. Esse local vai virar um ponto de encontro, e acredito que isso vai beneficiar nosso negócio. Estamos nos preparando para quando tudo estiver com mais atrações”, comenta, ansiosa para usufruir do novo espaço de lazer.

Morador há 50 anos do bairro da Sacramenta, Raimundo Amador, 63, funcionário de um restaurante na avenida Senador Lemos com a av. Doutor Freitas, já sente os efeitos das obras em andamento, especialmente pelo consumo de refeições por alguns trabalhadores da própria obra do Parque.

“Acredito que quando o Parque estiver pronto, isso (clientes) vai aumentar ainda mais; com a COP, o fluxo terá aumento de turistas. Estamos nos preparando para isso, já temos 14 mesas funcionando e quem sabe aumentar, além dos planos de melhorar nosso espaço, colocar ar condicionado e aumentar a produção”, explica ele, que vê nas mudanças uma oportunidade de expansão para o negócio e a possibilidade de gerar mais empregos.

“Estávamos precisando de algo como o Parque da Cidade para além de gerar economia local, mas gerar conforto e felicidade para nós moradores. Felicidade é a palavra”, conclui Raimundo.