A missão de buscar soluções para a limitação do aquecimento global passa pelos caminhos apontados pela ciência. Embasada na pesquisa, a ciência tem papel fundamental não apenas para se compreender o cenário atual e as urgências impostas por ele, como também para contribuir como desenvolvimento de soluções para as questões climáticas vivenciadas na Amazônia.
O chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Walkymário Lemos, considera que a ciência e a pesquisa científica sempre foram locomotivas propulsoras de transformações em praticamente todas as sociedades. “Nós acreditamos e defendemos que será a ciência um dos grandes vetores a ofertar soluções alternativas às questões climáticas que hoje se expressam em diferentes partes do mundo, mas de que forma a ciência poderá contribuir com essa oferta de soluções? Primeiro, como uma forma educativa. Através dos conhecimentos gerados pela ciência, nós propagamos uma informação correta dos reais impactos que essas mudanças climáticas têm promovido tanto no campo, quanto nas cidades”.
Outro aspecto da contribuição da ciência destacado por Walkymário é a possibilidade de gerar conhecimento, indicadores e métricas que comprovem as interferências humanas através de diferentes modelos de produção e, ainda, demonstrar de que forma essas métricas poderão ajudar os tomadores de decisões para definir as melhores escolhas. “A ciência deverá sempre ser a mola propulsora para as melhores definições. Será também a ciência, a partir desses conhecimentos, a ofertar a partir da experimentação, através de ensaios científicos, modelos de produzir, seja no campo ou na cidade, que sejam mais eficientes no uso de energias e de formas de recursos não renováveis. Portanto, a ciência será o grande diferencial para ofertar as melhores soluções ligadas às questões climáticas não apenas na Amazônia, mas em todas as partes do mundo”.
Especialmente no caso da Amazônia, o chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental considera que os modelos desenvolvidos precisam estar adaptados às peculiaridades da região. “Há uma necessidade muito marcante para que as soluções para as questões climáticas da Amazônia brasileira passem, obrigatoriamente, por questões que considerem as peculiaridades da região”, pontua. “Algo que nós defendemos é que muitas das inovações desenvolvidas para mitigação de emissões de gases existentes em outras partes do planeta necessitarão, sem sombra de dúvidas, de ajustes e métricas que sejam baseadas na realidade local, típica da região”.
Mais do que isso, o pesquisador considera que a ciência precisa considerar os saberes das populações tradicionais. “Outro aspecto relevante na nossa compreensão diz respeito à necessidade de, obrigatoriamente, nessas pesquisas e nesses estudos, nós incorporarmos definitivamente os saberes tradicionais das nossas populações aqui existentes por que não apenas nós traremos uma identidade cultural peculiar, mas nós também poderemos utilizar desse saber eles tradicionais para ofertarmos à ciência modelos mais modernos de práticas que possam conservar de forma eficiente os nossos principais recursos florestais, dentre ele a floresta”.
Rodrigo Freire, que atua na ONG The NAture Conservancy (TNc do Brasil), que hoje é secretária executiva da Aliança pela Restauração na Amazônia – um coletivo de mais de 130 instituições e atores da Amazônia brasileira que se uniram para discutir como conservar a floresta Amazônica e, para além disso, como ajudar a restaurar aquilo que já foi desmatado e degradado – também destaca o papel fundamental da ciência nesse processo de combate às mudanças climáticas.
Para que seja possível combatê-las, ele considera que é preciso compreender os efeitos que já estão sendo sentidos. “A pesquisa e a ciência são críticas para nos ajudar a entender os problemas que estão acontecendo. Elas nos ajudam a entender o que está acontecendo em termos de monitoramento, imagens de satélite, sensores e as causas disso”, considera.
“A gente está vendo que estão ocorrendo eventos climáticos drásticos e a gente vai entender que o ser humano tem alterado o padrão de estabilidade ecológica do planeta, principalmente via grandes emissões de Gases de Efeito Estufa. Então, a ciência é fundamental e base para a gente entender o contexto atual do nosso planeta, dos nossos ecossistemas, da floresta amazônica e também saber o que precisa ser mudado e como mudar. A academia, a ciência e a inovação são fundamentais para tudo isso”.
Por Cintia Magno