A taxa de desocupação no Pará caiu para 6,9% no segundo trimestre de 2025, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira, 15 de agosto. O índice mostra estabilidade em relação ao mesmo período do ano passado (7,4%) e recuo frente ao trimestre anterior (8,7%).
A população ocupada no estado foi estimada em 3,794 milhões de pessoas, um crescimento de 1,8% em comparação com o trimestre anterior, o que representa mais 105 mil paraenses no mercado de trabalho. Já a população desocupada caiu 19,8% — cerca de 70 mil pessoas a menos sem trabalho.
“O cenário é favorável para o estado e complementa também a boa condição da geração de emprego e ocupação no Pará. Nós aumentamos a nossa ocupação, como os dados mostram, e seguimos em expansão”, avalia Everson Costa, diretor técnico do Dieese-PA. Ele explica que o número atual de ocupados — mais de 3,7 milhões — representa um avanço frente ao início do ano, ainda que em estabilidade em relação a 2024.
Crescimento do Emprego Formal
Segundo o IBGE, o Pará ficou acima da média nacional (5,8%) e próximo à da região Norte (6,5%). No detalhamento, a taxa de desocupação foi de 5,4% para homens e 9,1% para mulheres.
Everson destaca que a expansão da ocupação está diretamente ligada ao aumento dos postos de trabalho formais. “Saímos de 853 mil trabalhadores com carteira assinada no primeiro trimestre para 871 mil agora, o que mostra o fortalecimento da geração de empregos formais no estado”, comenta. O economista lembra que esse movimento fez o Pará alcançar a 10ª posição entre os estados que mais criaram empregos no país em 2025.
Impacto da COP30 e Empregos Temporários
Para o Dieese, além da geração contínua de postos de trabalho, grandes eventos têm contribuído para aquecer o mercado. “Não só as obras da COP30, mas também empregos temporários colaboram para que possamos ter uma perspectiva de ampliação, como refletem os números da ocupação”, avalia Everson. Ele lembra que a coleta do IBGE vai até junho, mas que novos picos de contratação devem ser registrados no setor de serviços nos meses de agosto, setembro e outubro, em função da preparação para o evento climático internacional que será realizado em Belém.
O economista pondera, no entanto, que parte desses postos será desmobilizada após a entrega das obras. “Isso vai tirar trabalhadores da construção civil, mas também pode abrir espaço para que eles sejam absorvidos por outros setores”, projeta.
Crescimento do Empreendedorismo
Outro ponto de destaque nos dados é o aumento do número de empregadores. “Os dados mostram que passamos de 89 mil para 92 mil empregadores em três meses, o que reflete uma movimentação importante no mundo do trabalho. São pessoas empreendendo e também contratando trabalhadores”, afirma Everson. Segundo ele, esse dinamismo reforça a tendência de diversificação das formas de ocupação no estado.
Rendimento e Desigualdade
Rendimento e desigualdade de gênero
O rendimento médio do trabalhador paraense foi de R$ 2.599 no segundo trimestre, estável em relação ao início do ano, mas abaixo das médias nacional (R$ 3.477) e regional (R$ 2.716). Entre homens, a renda média foi de R$ 2.775, enquanto mulheres receberam R$ 2.322, diferença de R$ 453.
Informalidade e Mercado de Trabalho
A taxa de informalidade no Pará permanece uma das maiores do país: 55,9% dos trabalhadores estão em condições informais, atrás apenas do Maranhão (56,2%). Apesar disso, o indicador mostra tendência de queda nos últimos anos.
Entre os homens, a informalidade chegou a 59%, contra 51,2% entre mulheres. O nível de escolaridade também impacta: 84,1% dos trabalhadores sem instrução ou com menos de um ano de estudo atuam de forma informal, proporção que cai para 21,9% entre quem tem ensino superior completo.
“Olhando para o conjunto dos números, vemos um mercado de trabalho que segue expandindo, ainda que com desafios como a desigualdade de gênero e a informalidade. Mas a tendência geral é positiva, e o Pará tem conseguido manter uma trajetória de crescimento do emprego”, analisa Everson.