O Pará vai ser um dos estados brasileiros mais prejudicados com as tarifas de exportação aplicadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que atendeu a um pedido do deputado brasileiro, Eduardo Bolsonaro (PL). Entre os itens com mais embarques aos norte-americanos estão os pescados. O Pará se mantém como o maior exportador de peixes do Brasil, com uma participação de 25,30% no total nacional, segundo a Federação das Indústrias do Estado do Pará.
O impacto do “tarifaço” no setor pesqueiro do Pará é significativo, especialmente para a exportação de pargo, que é a principal espécie enviada para os Estados Unidos. As exportações de Pargo do Pará para os EUA representam uma parcela significativa da produção, com o estado sendo responsável por 87% da produção nacional, segundo a Oceana Brasil, organização internacional focada exclusivamente nos oceanos.
No primeiro semestre de 2025, a exportação alcançou 2.300 toneladas e US$ 15 milhões em receitas – valor que poderia ser superado no segundo semestre com a entrada da temporada de pesca do pargo, iniciada em maio.
Dados da Fiepa mostram que o setor pesqueiro é crucial para a economia estadual e compõe a maior parte das exportações , que totalizaram 69,04 milhões de dólares em 2024, com um volume de 8.375 toneladas
Atualmente o mercado norte-americano representa 70% das exportações brasileiras de pescados e mais de US$ 240 milhões de dólares, O setor emprega, em nível nacional, mais de 20 mil pescadores artesanais, 5 mil pequenos piscicultores e 4.500 trabalhadores nas indústrias de processamento, envolvendo empregos diretos e indiretos, inclusive afetando pescadores artesanais e a aquicultura familiar.
Impacto das Tarifas de Importação
A decisão do governo americano de aumentar as tarifas de importação em 50% sobre produtos brasileiros atingiu em cheio o setor, que já vê contratos suspensos e embarcações paradas. Essa situação pode levar a demissões e perdas financeiras consideráveis para a indústria pesqueira paraense.
De acordo com Eduardo Lobo, presidente da Abipesca, o impacto é particularmente preocupante porque 70% das exportações do setor são destinadas ao mercado americano. A situação é agravada pela falta de alternativas comerciais, já que desde 2017 o Brasil enfrenta um embargo nas exportações de pescados para a União Europeia. A Abipesca defende a abertura do Mercado Europeu como alternativa às exportações de pescados.
“Se nós tivermos uma tarifa de 50% praticamente inviabiliza essa exportação. Desses 97%, cai a zero a exportação para os EUA. Então, o impacto é gigantesco. Também é uma cadeia que os produtores são, na sua maioria, integrados a grandes cooperativas, que já estão reduzindo os seus abates diários”, revelou o representante da Associação Brasileira da Indústria de Pescados.