INOVAÇÃO

Startup desenvolve projetos de habitação com estrutura ecológica

Apesar da startup ter surgido antes de se discutir a possibilidade de uma COP na capital paraense, o evento é visto como uma oportunidade única para mostrar soluções inovadoras e sustentáveis

Startup de arquitetura modular inteligente com formas orgânicas tem os domos entre os produtos oferecidos FOTOs: divulgação
Startup de arquitetura modular inteligente com formas orgânicas tem os domos entre os produtos oferecidos FOTOs: divulgação

Na oitava matéria da 4ª edição do “Você Empreendedor”, projeto que o DIÁRIO DO PARÁ desenvolve para mostrar que participar da 30ª Conferência das Partes, a COP30, como empreendedor pode ser uma oportunidade única para contribuir com soluções sustentáveis e inovadoras para os desafios ambientais globais, uma startup premiada criada com foco em soluções para a Amazônia, desenvolve projetos de habitação únicos a partir de estrutura ecológica e de alto impacto que já atraiu atenção nacional e internacional.

Reconhecida como a melhor startup do Pará pelo Programa Inova Amazônia, do Sebrae, a AD&C – Amazônia Domos & Cia foi concebida a partir de uma ideia aparentemente simples, porém absolutamente coerente.

As florestas, os biomas naturais, e o que chamamos de natureza, tudo isso é marcada por formas circulares e orgânicas. Em contraste, as cidades modernas são feitas de ângulos retos, caixas de concreto e alvenaria que destoam completamente dos padrões naturais.

“Esse contraste foi o ponto de partida para nós. Afinal, as florestas existem há 400 milhões de anos, evoluindo com extrema eficiência, enquanto nossa espécie tem apenas 300 mil anos de história. Ainda assim na Amazônia, as aldeias e habitações dos povos originários sempre respeitaram essas formas orgânicas”, justifica Thales Barca, sócio-administrador da AD&C. “Para nós, faz todo sentido compreender que o futuro é ancestral”, enfatiza.

Apesar de terem surgido antes de se discutir a possibilidade de uma COP na capital paraense, Thales reconhece que o evento representa uma oportunidade única para mostrar soluções inovadoras, sustentáveis e feitas por quem vive e compreende a Amazônia. E uma delas inclusive é apresentada como resposta para a questão da hospedagem de quem virá para Belém acompanhar as duas semanas de programação em novembro próximo.

“Nossa ‘Suíte Domo’, atualmente em exposição no Sebrae, na área Agência COP30, foi concebida como resposta a um problema prático: Belém receberá 60 mil visitantes durante o evento, mas possui apenas 24 mil leitos. Os domos oferecem uma solução elegante, sustentável e eficiente, ideal para essa demanda. Além de sua eficiência estrutural e energética, os domos geodésicos encantam pela estética única e integração com a natureza. Não é apenas uma hospedagem: é uma experiência”, detalha Thales.

Ao mesmo tempo, o empreendedor faz questão de reforçar que está à frente de uma startup de arquitetura modular inteligente com formas orgânicas, então os domos são apenas um dos produtos oferecidos, mas que incorporam o desejo de criar soluções rápidas, eficientes e sofisticadas para desafios habitacionais e estruturais.

Apesar das ideias altamente conectadas com os tempos atuais, empreender com foco em sustentabilidade na Amazônia é desafiador. A logística complicada e o custo inicial de tecnologias verdes são barreiras consideráveis. Ao mesmo tempo, as vantagens são compensadores. “Estamos em um mercado em crescimento, onde é possível unir impacto ambiental positivo e retorno econômico”, afirma.

Por outro lado, Thales reconhece que também é uma realidade a falta de visão de setores que acabam optando por soluções genéricas de grandes empresas externas, ignorando o potencial de startups locais. “A verdadeira pergunta é: qual legado a COP30 deixará se não investir nas soluções criadas por quem vive e trabalha na Amazônia? Quem experimenta nossas soluções percebe que o diferencial não está apenas na funcionalidade, mas na sensação de fazer parte de algo maior. É mais do que uma construção sustentável; é um convite a repensar o modo como habitamos o mundo”, pondera.