COLETIVA

Sespa e Sesma descartam surto de Mpox e afirmam que casos não têm ligação entre si

Informação é de que casos identificados não têm ligação entre si. Houve 19 registros no Pará até o último dia 23.

Coletiva de imprensa com secretário de municipal de saúde ( SESMA) Rômulo Nina e Secretário Adjunto de Gestão da Política de Saude (Sesma) Sipriano Ferraz.  28-04-2025 Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.
Coletiva de imprensa com secretário de municipal de saúde ( SESMA) Rômulo Nina e Secretário Adjunto de Gestão da Política de Saude (Sesma) Sipriano Ferraz. 28-04-2025 Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Pará - A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) e a Secretária Municipal de Saúde (Sesma) realizaram na tarde de ontem (28), na sede da Sespa, em Belém, uma coletiva de imprensa para atualizar informações sobre os casos de Mpox no estado e tranquilizar a população sobre os dados de Belém e no Pará.

De acordo com a Sespa, não há surto da doença e que os casos identificados não têm ligação entre si. Até o dia 23 de abril de 2025, o Pará confirmou 19 casos de Mpox, distribuídos entre Belém (14 casos), Ananindeua (3 casos), Marituba (1 caso) e um caso importado de outro estado. No mesmo período, dois óbitos foram registrados em pacientes diagnosticados com Mpox, sendo um caso em Belém e outro em Ananindeua. Ambos apresentavam comorbidades que aumentam o risco de agravamento da doença. A Sespa ressalta que os dois casos estão sob investigação para verificar se os óbitos possuem relação com a Mpox.

No contexto de Belém, o Secretário Municipal de Saúde, Rômulo Nina, adiantou que a causa do óbito do paciente foi devido a complicações respiratórias decorrentes de outras doenças, não com Mpox. Nina destacou que as equipes de vigilâncias epidemiológicas trabalham em conjunto, com salas de apoio para dados que resultam em todos os relatórios de vigilância. “De maneira muito segura, não temos nenhum surto de Mpox em Belém”, declarou sobre o trabalho em conjunto com a Sespa e outros instrumentos da saúde municipal.

Como explica o titular da Sesma, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) possuem capacidade e equipes treinadas para o diagnóstico de possíveis pacientes com Mpox. “Os casos são, na grande maioria, casos autolimitados, onde são orientados que as pessoas voltem para as suas casas e aguardem o ciclo da doença fazendo o seu isolamento domiciliar”, informou sobre o papel da saúde municipal no atendimento a possíveis infectados.

Sobre a importância das informações verídicas neste momento para evitar medo na população, Rômulo Nina afirmou que a Sesma já disparou notas técnicas para esclarecer de forma mais didática e acessível o alerta sobre a Mpox para que a população consiga compreender que não há surto em Belém. O trabalho também tem sido feito visando divulgar orientações relacionadas sobre onde procurar atendimento, caso haja suspeita, e sobre como é feito o diagnóstico.

O Secretário Adjunto de Gestão da Política de Saúde da Sespa, Sipriano Ferraz, ressaltou que não há nenhum surto de Mpox no Pará ou nos municípios de Belém, Ananindeua ou Marituba.  “Nós temos que estar muito atentos às notícias que estamos consumindo, principalmente nos embasar em fontes fidedignas oriundas da Sespa e da Sesma. Nós acompanhamos uma série de fake news e pessoas oportunistas que aproveitam-se de um momento de dúvida da população para promover o caos. É exatamente o que nós não queremos que aconteça nesse momento”.

Ferraz destacou ainda que a transmissão do vírus é feita principalmente por contato físico, com um grupo vulnerável específico que são as pessoas imunocomprometidas, com a imunidade muito baixa. “Os dados são muito responsáveis e dentro dos parâmetros aceitáveis, dentro da série histórica e dentro do momento em que vivemos em comparativo com as diretrizes que o Ministério da Saúde nos orienta”, ressaltou sobre os casos de Mpox no Pará controlados dentro dos indicadores da pasta da Saúde.

Ainda conforme o secretário adjunto, não há surto de Mpox em nenhum lugar do Brasil e que os casos confirmados no Pará estão abaixo da média nacional. “O aceitável é um indicador de 1.0. No Pará, nós estamos com 0.7. Nosso número de casos está extremamente aceitável dentro das diretrizes que são preconizadas. Nós, enquanto técnicos, fazemos avaliação todos os dias, cobramos as secretarias municipais para notificar os casos suspeitos, fiscalizamos se de fato esse caso foi confirmado ou não e, se confirmado, esse dado sobe imediatamente para os sistemas públicos do SUS”.

Para Sipriano Ferraz, não há motivos para medidas de confinamento ou outras medidas protetivas, como o uso de máscaras. “Não precisamos entrar neste nível de preocupação. Nós estamos abaixo do nível nacional proposto para o nosso estado”, frisou. “Então, estamos trabalhando diuturnamente na nossa rotina de prevenção de todas as doenças infectocontagiosas, sexualmente transmissíveis e as demais doenças que nós tratamos”.

O secretário adjunto disse também que a Sespa vai seguir monitorando cada município e secretaria municipal de saúde, para qualquer necessidade. “Por enquanto, vamos seguir a rotina de vigilância epidemiológica de todos os municípios exatamente porque não há um motivo para preocupação. A rotina do time de vigilância de qualquer município do nosso estado é investigar, identificar, notificar, cuidar e não deixar ampliar nenhum tipo de contágio”.

Entenda

No último dia 22 de abril, o cantor paraense Gutto Xibatada morreu aos 39 anos com sintomas de Mpox. Conforme informou a Sesma, o artista teve diagnóstico confirmado e foi atendido, no mês de março, no Hospital Pronto Socorro Municipal (HPSM) Mário Pinotti, onde recebeu assistência médica especializada e foi mantido em isolamento. Após melhora clínica, o paciente recebeu alta hospitalar, com orientações e encaminhamento para o seguimento do tratamento em unidade de referência.

A nota detalha, ainda, que posteriormente, em 22 de abril, o paciente foi readmitido no HPSMcom agravamento do estado de saúde, relacionado à evolução de comorbidades pré-existentes e infecções oportunistas. A médica infectologista, responsável pelo atendimento determinou o imediato encaminhamento do paciente para um leito de isolamento no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do HPSM.

Conforme ressalta a Sesma, novamente foram adotadas todas as medidas clínicas e de isolamento recomendadas, porém, apesar da assistência prestada, o paciente morreu oito horas após dar entrada no HPSM da 14 de março. A Sesma informa que acompanhou todas as pessoas indicadas pelo paciente que tiveram contato com ele. Esses contatos foram monitorados durante o período estabelecido pelos protocolos de saúde e, ao final do prazo, foram liberados, uma vez que não apresentaram sintomas.

A secretaria reforça que todas as condutas adotadas seguiram os protocolos técnicos do Ministério da Saúde, com o compromisso de garantir o cuidado integral, a ética e a dignidade no atendimento.

Mpox

O Ministério da Saúde explica que a Mpox é uma doença causada pelo mpox vírus (MPXV), do gênero Orthopoxvirus e família Poxviridae. Trata-se de uma doença zoonótica viral, em que sua transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com pessoa infectada pelo mpox vírus, materiais contaminados com o vírus e animais silvestres (roedores) infectados.

Os sinais e sintomas, em geral, incluem erupções cutâneas ou lesões de pele, calafrio e fraqueza. A médica infectologista Rita Medeiros ressalta que febre, dor de cabeça, dores no corpo e linfonodos no pescoço também são sintomas da doença. O intervalo de tempo entre o primeiro contato com o vírus até o início dos sinais e sintomas da Mpox (período de incubação) é tipicamente de 3 a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias. 

A principal forma de transmissão da Mpox ocorre por meio do contato direto pessoa a pessoa (pele, secreções) e exposição próxima e prolongada com gotículas e outras secreções respiratórias. Ocorre, principalmente, por meio do contato direto pessoa a pessoa com as erupções e lesões na pele, fluidos corporais (tais como pus, sangue das lesões) de uma pessoa infectada. “Como a doença não é muito contagiosa, a transmissão ocorre com contato direto com as lesões”, salienta Rita Medeiros.

Úlceras, lesões ou feridas na boca também podem ser infectantes, o que significa que o vírus pode ser transmitido por meio da saliva. “Pessoas com baixa imunidade estão mais suscetíveis ao vírus”, informa Medeiros. Após a manifestação de sintomas, como erupções na pele, o período em que as crostas desaparecem, o paciente deixa de transmitir o vírus a outras pessoas. As erupções na pele geralmente começam dentro de um a três dias após o início da febre, mas às vezes, podem aparecer antes da febre.

As lesões podem ser planas ou levemente elevadas, preenchidas com líquido claro ou amarelado, podendo formar crostas, que secam e caem. O número de lesões em uma pessoa pode variar. As erupções tendem a se concentrar no rosto, na palma das mãos e planta dos pés, mas podem ocorrer em qualquer parte do corpo, inclusive na boca, olhos, órgãos genitais e no ânus. 

Ainda segundo o Ministério da Saúde, o diagnóstico da Mpox é realizado de forma laboratorial, por teste molecular ou sequenciamento genético. O teste para diagnóstico laboratorial é realizado em todos os pacientes com suspeita da doença. A amostra a ser analisada é coletada, preferencialmente, da secreção das lesões. Quando as lesões já estão secas, o material encaminhado são as crostas das lesões. As amostras são direcionadas para laboratórios de referência.

Atualmente, o tratamento dos casos de Mpox tem se sustentado em medidas de suporte clínico com o objetivo de aliviar sintomas; prevenir e tratar complicações e evitar sequelas. A maioria dos casos apresenta sinais e sintomas leves e moderados. Rita Medeiros finaliza informando que “até o momento, não há um tratamento específico, como algum medicamento, destinado para Mpox”.

Rede de coleta e capacitação

O município de Belém também está reforçando a estrutura de atendimento e diagnóstico. Atualmente, a capital paraense conta com sete pontos de coleta distribuídos pela cidade. A Sesma informa que realiza capacitação contínua para a rede de atenção, com foco nos estabelecimentos responsáveis pela coleta imediata. Nesta terça-feira, 29, é realizada uma capacitação direcionada aos líderes das Unidades Básicas de Saúde (UBS), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e dos hospitais municipais.

A Sesma orienta ainda que pessoas com sintomas compatíveis com a Mpox procurem os seguintes locais de referência para atendimento:

Unidades de Saúde (atendimento de 8h às 16h):
•    UMS Jurunas: Rua Eng. Fernando Guilhon, S/N – Jurunas
•    UMS Telégrafo: Rua do Fio, S/N – Telégrafo
•    UMS Satélite: Trav. WE-8, S/N – Coqueiro
•    UMS Icoaraci: Rua Manoel Barata, 840 – Icoaraci

Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) – atendimento 24h:
•    UPA Sacramenta: Avenida Dr. Freitas, 860 – Sacramenta
•    UPA Icoaraci: Rua Paraíso, S/N – Parque Guajará