Se o atendimento aos usuários já estava prejudicado, após a acusação de calote milionário pela prefeitura de Ananindeua contra os antigos donos do hospital Camilo Salgado, chegando ao ponto do deputado estadual Gustavo Seffer (PSD) publicar um vídeo falando que a prefeitura interrompeu os repasses para as unidades de saúde, os profissionais da Saúde também estão sofrendo com o serviço no município e denunciam perseguição.
Após viralizar na internet um vídeo em que o prefeito Daniel Santos (PSB) chama uma técnica de enfermagem de “preguiçosa” por ela não ter supostamente conseguido realizar uma sutura em uma paciente na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Paar, a profissional, que preferiu não ser identificada para não sofrer mais represálias, deu entrevista à RBATV nesta segunda-feira, 8, reafirmando que não conseguiu realizar o procedimento por falta de material.
Ela revelou que, como punição, foi transferida para outra unidade de saúde, distante do local. A medida gerou revolta do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do Pará (Sate). O Conselho Regional de Enfermagem também já havia se pronunciado sobre o caso, ressaltando ser inaceitável utilizar o caso para desqualificar a categoria.
A profissional informou que, após o prefeito fazer as críticas para uma plateia de simpatizantes a partir de uma reclamação feita em sua rede social por uma moradora que buscava atendimento na UPA, foi transferida para uma unidade básica de saúde sem qualquer justificativa. Ela é concursada e lamentou o episódio, o que rotulou como coação por conta da repercussão do caso. Ela, que trabalha há 11 anos como servidora da prefeitura, informou novamente que no dia em que a paciente buscou atendimento não havia o kit de sutura, fato que foi repassado aos seus superiores na unidade.
“Naquele momento não havia nenhum kit, eu estava chegando no plantão, a responsável técnica estava no local e não havia material nenhum, e informei. E no outro dia vimos esse barulho todo chamando todos de preguiçosos. Está difícil trabalhar, porque não somos respeitados, trabalhando sob pressão e agora sob coação. Ninguém veio perguntar o que houve, apurar, até agora”, declarou a servidora.
“É uma situação constrangedora, é uma prática desse governo assediar os profissionais quando se posicionam. Antes do prefeito sujar a imagem de uma categoria, deveria ter aberto uma sindicância e investigar o que aconteceu. A gestão tem que fazer o que a lei manda. Simplesmente ele sujou o nome da categoria. O município vem assediando servidores e merecemos respeito”, denunciou Marli Goeff, representante do Sate, acrescentando que o setor jurídico da entidade foi acionado para acompanhar o caso da profissional.
COREN EMITE NOTA
Após a repercussão do caso, o Conselho Regional de Enfermagem do Pará (Coren-PA) emitiu um comunicado nesta sexta-feira (05) repudiando a fala do prefeito.
Inicialmente, é importante esclarecer que a prática de sutura simples é, sim, uma competência do Enfermeiro(a), conforme regulamentado pela Resolução Cofen nº 731/2023. Esta resolução estabelece que enfermeiros(as) devidamente capacitados estão autorizados a realizar suturas simples, respeitando sempre os protocolos e diretrizes de segurança para garantir a qualidade do atendimento prestado.
O Coren-PA ressalta que é inaceitável que se utilize um caso isolado para desqualificar toda uma categoria profissional. A insinuação de que a Enfermeira envolvida agiu por preguiça é um desrespeito não apenas à profissional mencionada, mas a todos os enfermeiros e enfermeiras que diariamente dedicam-se com zelo e comprometimento à saúde da população.
Após a repercussão do caso, o Conselho Regional de Enfermagem do Pará (Coren-PA) emitiu um comunicado nesta sexta-feira (05) repudiando a fala do prefeito.
Inicialmente, é importante esclarecer que a prática de sutura simples é, sim, uma competência do Enfermeiro(a), conforme regulamentado pela Resolução Cofen nº 731/2023. Esta resolução estabelece que enfermeiros(as) devidamente capacitados estão autorizados a realizar suturas simples, respeitando sempre os protocolos e diretrizes de segurança para garantir a qualidade do atendimento prestado.
O Coren-PA ressalta que é inaceitável que se utilize um caso isolado para desqualificar toda uma categoria profissional. A insinuação de que a Enfermeira envolvida agiu por preguiça é um desrespeito não apenas à profissional mencionada, mas a todos os enfermeiros e enfermeiras que diariamente dedicam-se com zelo e comprometimento à saúde da população.