Senador do Pará destina quase R$ 12 milhões ao Ceará e levanta suspeitas sobre prioridades fora do estado.
Senador do Pará destina quase R$ 12 milhões ao Ceará e levanta suspeitas sobre prioridades fora do estado.

Um repasse de R$ 11.982.571,00 realizado pelo senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) ao Instituto Federal do Ceará (IFCE) vem gerando forte repercussão política e indignação no meio acadêmico paraense. O valor foi transferido via Fundação de Apoio ao Ensino, à Pesquisa e à Extensão (Faifce) para o projeto “Empreendedores Digitais — Geração de Renda e Fortalecimento da Economia Solidária”, sem que nenhuma instituição do Pará fosse contemplada.Verba cearense, silêncio paraense

A ausência de destinação de recursos para universidades e institutos do Pará, como a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade do Estado do Pará (Uepa) e o Instituto Federal do Pará (IFPA), levantou questionamentos sobre as prioridades do parlamentar. Educadores e gestores afirmam que o gabinete de Zequinha Marinho não realizou nenhuma consulta prévia sobre projetos locais de inovação digital ou economia solidária.

De acordo com registros públicos, o montante foi integralmente empenhado, pago e executado pelo IFCE, com sede em Fortaleza. Nenhuma ação ou convênio equivalente aparece no Portal da Transparência em favor de instituições paraenses.

Suspeitas e Vínculos Políticos

Suspeitas de interesse político e vínculos externos

Nos bastidores, circulam especulações de que o gabinete do senador mantém vínculos técnicos e políticos com gestores e fundações do Ceará, especialmente na área de formatação de projetos de tecnologia. A Faifce, fundação que recebeu o recurso, é conhecida por operar convênios de alto valor em diferentes estados, o que levanta dúvidas sobre o real motivador da escolha.

O Impacto no Pará

Pará esquecido, Ceará beneficiado

Enquanto o Ceará recebe quase R$ 12 milhões, o Pará enfrenta carência de laboratórios, bolsas de pesquisa e infraestrutura acadêmica. A ausência de investimento local é vista por especialistas como um retrocesso na consolidação de um ecossistema de inovação amazônico.

O pagamento da emenda foi efetuado em 20 de maio de 2024, mas até o momento o senador não apresentou explicações públicas. Não há registros de ações do projeto “Empreendedores Digitais” no território paraense.

Editado por Clayton Matos