E são as tacacazeiras, detentoras do processo do modo de fazer e vender o tacacá, que estão sendo ouvidas pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) para promover o registro do ofício desses profissionais como Patrimônio Cultural do Brasil.
Sempre apoiando as iniciativas culturais e originárias do Pará, o senador Jader Barbalho (MDB) apresentou, no ano passado, uma emenda parlamentar individual, no valor de R$ 388.562,00, para a realização do processo para o reconhecimento do ofício das tacacazeiras como Patrimônio Cultural Brasileiro.
“Nosso tacacá sempre foi um patrimônio do povo paraense, basta andar um pouco pelas ruas de Belém e encontrar nossas tacacazeiras oferecendo essa iguaria que acabou viralizando por todo país por causa do refrão ‘eu vou tomar um tacacá’. É uma iguaria que revela os sabores da Amazônia, nas barracas de rua ou no tradicional mercado Ver-o-Peso. O tacacá é uma verdadeira atração turística por todo o Pará e pela Amazônia “, comemorou o senador ao informar que o processo de reconhecimento está em fase avançada.
O senador destaca a influência do tacacá com as relações sociais entre os paraenses. “É um hábito do paraense concluir ou iniciar uma conversa com um “bora tomar um tacacá”, uma iguaria tradicional, que é fácil encontrar em qualquer esquina, consumida mesmo em dias mais quentes. Faz parte do nosso dia a dia, após o trabalho marcar encontros com amigos em um dos inúmeros pontos de vendas espalhados por Belém e por praticamente todas as cidades do Pará”, revela Jader Barbalho.
Após a viralização por todo Brasil da música “Voando Pro Pará”, o tacacá ganhou mais repercussão nacional do que já tinha e surgiram dúvidas sobre o que era o alimento que a artista colocou em seu verso e na boca de milhões de brasileiros.
O tacacá é um prato produzido e consumido em diversas regiões da Amazônia brasileira com subprodutos da mandioca, entre os quais o tucupi e a goma, além de camarão seco, jambu e diversos temperos.
VALORIZAR O OFÍCIO
Uma pesquisa coordenada pela Universidade do Oeste do Pará (Ufopa) vai produzir a documentação, fotos e vídeo documentário, em diálogo com detentoras e comunidade, para instruir o processo de registro. A equipe responsável conta com pesquisadores locais em cada um dos estados da região Norte (Pará, Amazonas, Rondônia, Roraima, Acre, Amapá e Tocantins).
“Nós pretendemos complementar informações da pesquisa iniciada nos anos 2000 e ouvir as demandas, dificuldades e ameaças ao ofício para que a gente formule ações para salvaguardar essa atividade”, disse a coordenadora da pesquisa do Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Sociedades Amazônicas, Cultura e Ambiente da Universidade Federal do Oeste do Pará, Ufopa, Luciana Carvalho.
O registro como Patrimônio, tem o objetivo de trazer à luz e valorizar um ofício e um saber que resultam e contribuem para a riqueza cultural do país. O modo de fazer e vender o tacacá envolve a complexidade dos sistemas culinários amazônicos, de um paladar bem específico, amplamente disseminado em vários estados e cidades e imerso em um universo simbólico denso, e uma prática tradicional que é também meio de vida para muitas famílias