O Sargassum é uma macroalga marinha flutuante que se forma no oceano e tem chegado à costa do Pará. Segundo o pesquisador Edson Vasconcelos, essas algas têm origem no Mar de Sargassum, no Atlântico Norte, e são registradas desde as grandes navegações. No entanto, a partir de 2011, um grande cinturão de Sargassum começou a se formar no Atlântico Central, e é essa biomassa que está atingindo a região.
“Todos os anos, parte dessa massa se desprende do cinturão e chega até aqui”, explica Vasconcelos.
Salinópolis: um dos municípios mais afetados
Conhecido como Salinas, o município de Salinópolis é um dos mais impactados pelo Sargassum. A prefeitura local retira toneladas diárias das praias. Devido à sua posição geográfica e à atividade econômica nas praias, o problema é mais visível.
“Outras localidades, como Marudá, Crispim, Marieta e Ajuruteua, também já registraram a presença da alga, mas em menor quantidade”, afirma o pesquisador.
Maior volume em uma década
Apesar de eventos anteriores em 2014, 2015, 2017 e 2019, a quantidade de Sargassum em 2025 é a maior dos últimos anos.
“Estamos vivenciando volumes superiores aos registrados há dez anos, quando ocorreu o último grande encalhe em Salinópolis”, diz Vasconcelos.
Riscos à saúde e recomendações
Embora o contato direto com a alga não seja prejudicial, o pesquisador alerta para os perigos associados:
- Cnidários (como águas-vivas) podem causar queimaduras e urticárias.
- A decomposição do Sargassum libera enxofre, que pode provocar alergias e irritações.
Por isso, recomenda-se evitar o contato com as algas, mas sem necessidade de fechar as praias.
Monitoramento e pesquisas
O fenômeno está sendo acompanhado por sensoriamento remoto e estudos locais. Vasconcelos integra o consórcio internacional “Weeds of Change”, que investiga o papel do mar amazônico na proliferação do Sargassum.
“Em outros países, como México e nações africanas, os encalhes duram até nove meses, exigindo gestão costeira e pesquisas para reaproveitamento da biomassa”, explica.
Mudanças climáticas e hipóteses
Fatores como aumento da temperatura oceânica, mudanças nas correntes marítimas e fenômenos como El Niño e La Niña podem influenciar o surgimento do Sargassum. Além disso, há teorias sobre o impacto do desmatamento, uso de fertilizantes e até da poeira do Saara.
Risco de espécie exótica?
Embora seja improvável que o Sargassum se desenvolva no litoral paraense devido à baixa salinidade, pesquisas estão em andamento para confirmar se a alga pode se adaptar.
“Se isso acontecer, pode trazer espécies exóticas, alterando todo o ecossistema local”, alerta o pesquisador.
Enquanto isso, a vigilância continua, com a expectativa de que o fenômeno diminua entre fevereiro e maio, conforme registros anteriores.