Pará

Saiba quais as profissões que tiveram maior aumento salarial desde 2012

Estudo da FGV mostra que algumas áreas de tecnologia tiveram variação de remuneração profissional superior a 90% na última década, enquanto outras tiveram queda. Confira onde estão as melhores oportunidades
Estudo da FGV mostra que algumas áreas de tecnologia tiveram variação de remuneração profissional superior a 90% na última década, enquanto outras tiveram queda. Confira onde estão as melhores oportunidades

Luiz Flávio e Alexandre Nascimento

Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) mostra que médicos especialistas são os profissionais mais bem pagos do Brasil, mas cuja remuneração média caiu 13% desde 2012. Os desenvolvedores de página de internet e multimídia, por outro lado, tiveram a maior valorização salarial no período, com um salto de 91% na remuneração média real, já descontada a inflação.

De acordo com o levantamento, apenas quatro das 17 ocupações mais bem pagas tiveram valorização salarial no comparativo com 2012. Desenvolvedores de página de internet e multimídia apresentaram o maior aumento médio, superior a 90%. Matemáticos, estatísticos e atuários—esses últimos são gestores de risco financeiro—, somaram 50% de alta. Desenvolvedores de programas e aplicativos registraram 39% de aumento e desenhistas e administradores de base de dados, 30%.

Saulo Junior Pedroso de Souza, coach, treinador de Inteligência Emocional e membro da Associação Brasileira de Recursos Humanos Seção Pará (ABRH-PA) diz que os dados da pesquisa refletem também o que ocorre no Estado do Pará. “Na minha empresa, trabalho com recrutamento e seleção e venho percebendo um aumento pela procura de gestores de páginas e mídias sociais e de tráfego pago, designers”

Quase todas as profissões que passaram a pagar mais são da área de TI. E a procura por profissionais de tecnologia da informação é crescente, mas a quantidade de trabalhadores com esse conhecimento é baixa. Isso faz com que o empregador passe a oferecer um salário mais alto como uma forma de atrair esse profissional.

Saulo Junior Pedroso de Souza, coach, treinador de Inteligência Emocional e membro da Associação Brasileira de Recursos Humanos Seção Pará (ABRH-PA): pesquisa reflete também o que ocorre no Estado do Pará

Hoje, diz o coach, qualquer empresa que queira se manter no mercado e se manter competitiva, sendo vista por novos clientes, precisa estar atenta a esse mercado digital. “Não é à toa que quanto maior a demanda, a oferta diminui e isso tem como consequência é o aumento nas remunerações”, justifica.

Segundo ele hoje um profissional e mídia sociai e um design gráfico com trabalho em home office dificilmente ganha menos de R$ 3 mil e “uma empresa que precisa investir nesse segmento terá que desembolsar entre R$ 5 e R$ 6 mil, pelo menos, e isso vale para qualquer tipo de empresa”. “Foi na pandemia que aconteceu, um boom da demanda de profissionais relacionados a essa área”, diz Janaína Feijó, pesquisadora da FGV IBRE. “ A tendência é que áreas tidas como mais tecnológicas ganhe espaço nos próximos anos. Mas apenas um diploma não será suficiente para se destacar”.

QUEDA

Por outro lado a pesquisa da FGV revela profissões mais tradicionais registraram queda no salário médio. O rendimento de engenheiros químicos, por exemplo, caiu 52% entre 2012 e 2023. Na mesma linha, engenheiros civis e economistas tiveram uma redução de 41% e 39%, respectivamente.

Em relação a essas profissões que tiverem as maiores reduções salariais, Saulo cita o fato que, nos últimos anos, aumentou o número de faculdades – sobretudo as privadas – que formam esses profissionais em todo o país. “Com a oferta maior que a demanda de profissionais no mercado, o salário acaba baixando”, explica.

O especialista em RH avalia que a graduação é o mínimo que um profissional precisa para galgar um posto no mercado de trabalho. “Agora, se quiser se destacar mais, ter um diferencial de cargo e por consequência de salário, é necessário que tenha pelo menos uma ou duas pós-graduações”, recomenda.

Outro aspecto bastante valorizado no mercado são as chamadas “hard skills” ou habilidades que os profissionais conseguem comprovar através de certificados. Já os “soft skills” são as certificações comportamentais também muito valorizadas pelas empresas apresentadas por indivíduos que conseguem pensar, conseguem propor, são inovadores, propor ideias disruptivas.

“Hoje muitas pessoas passam 6 meses ou no máximo um ano numa empresa e já mudam para outra, ondem repetem o mesmo comportamento. São profissionais com pouca inteligência emocional que acabam recebendo menos. Quem tem paciência, resiliência, persuasão e espírito de liderança em seus trabalhos conseguem se destacar e receber mais, independente das suas formações. São esses profissionais que as empresas buscam manter e valorizar”, coloca o membro da ABIRH-PA.

Saulo ressalta que o Estado do Pará começou a receber mais indústrias nos últimos anos, sobretudo em cidades do interior do Estado, impulsionando as carreiras técnicas nas mais variadas áreas, desde a agroindústria até o setor mineral. “Hoje conheço muitos técnicos e técnicas que chegam a ganhar mais de R$ 5 mil mensais e até mais e essa é uma tendência irreversível. Muitas pequenas e médias indústrias que prestam serviço para grandes como Vale e Hydro, têm empregado muitos técnicos, como eletricistas que chegam a ganhar R$ 4 mil. Um curso técnico dura, em média 2 anos. É uma ótima alternativa”, diz.

A seguir, confira a lista das 15 profissões com os melhores salários no Brasil:
1°. Médicos especialistas (R$ 18.475);
2°. Matemáticos, atuários e estatísticos (R$ 16.568);
3°. Médicos gerais (R$ 11.022);
4°. Geólogos e geofísicos (R$ 10.011);
5°. Engenheiros mecânicos (R$ 9.881);
6°. Engenheiros não classificados anteriormente (R$ 9.451);
7°. Desenvolvedores de programas e aplicativos (R$ 9.210);
8°. Engenheiros industriais e de produção (R$ 8.849);
9°. Economistas (R$ 8.645);
10°. Engenheiros eletricistas (R$ 8.433);
11°. Engenheiros de minas, metalúrgicos e afins (R$ 7.887);
12°. Engenheiros civis (R$ 7.538);
13°. Designers e administradores de bases de dados (R$ 7.301);
14°. Advogados e juristas (R$ 7.237);
15°. Engenheiros químicos (R$ 7.161);