Pará

Saiba como melhorar a autoestima das crianças

Joelma Martins explica que palavras negativas e críticas podem abalar as crianças
Joelma Martins explica que palavras negativas e críticas podem abalar as crianças

Wesley Costa

A infância e adolescência são fases da vida nas quais os indivíduos começam a ter contato com novas experiências e oportunidades. É também nesse período que alguns fatos podem desencadear uma série de sentimentos e comportamentos, pois alguns deles acabam não ficando limitados à essa etapa da vida e sendo levados para o futuro. Por isso, os especialistas alertam que é necessário que pais e/ou responsáveis tenham um olhar cuidadoso para assegurar a autoestima dos pequenos.

Quando essa qualidade é fragilizada de alguma forma, acaba interferindo nas tarefas diárias e também no bem-estar como um todo das crianças. Muitas vezes, uma autoestima abalada também repercute em âmbitos da fase adulta. Mas como trabalhar desde cedo para que essa qualidade seja nutrida e os conflitos amenizados, perante situações adversas que podem vir acontecer ao longo da vida?

De acordo com a psicóloga Joelma Martins, a construção da autoestima é crucial na infância, e as ações dos adultos desempenham um papel fundamental nesse processo. “A autoestima é a qualidade de quem se valoriza e faz parte do nosso autossuporte, que são ferramentas e recursos internos que temos para lidar com determinadas situações. Os pais ou cuidadores seriam o que chamo de heterossuporte, ou seja, recursos externos que através de relacionamento saudável permite construir sustentação interna para desenvolver um autossuporte e da autoestima”, diz.

A especialista alerta ainda que os impactos de palavras negativas ou críticas constantes, podem abalar a autoestima das crianças e a atitude deve ser evitada. “Se durante a vida convivemos com relações ruins, não saudáveis, que violentam, que agridem e que não dão suporte, a tendência é essa criança se sentir desvalorizada afetando o seu autossuporte e a autoestima, prejudicando no seu funcionamento por toda a vida. Para ter qualidade de autoestima precisamos, no mínimo, ter relações que nos enxergam como seres de valor. Daí a necessidade do adulto oferecer atenção, apoio emocional que dispõem de incentivo, ter uma comunicação saudável que busque a afirmação da criança e principalmente, ensinar a lidar com as suas emoções, inclusive com as frustrações”, disse.

Uma forma de promover a autoestima seria expor a criança ou adolescente às atividades encorajadoras, prestar elogios genuínos e dar reconhecimento pelas conquistas, exemplifica Joelma. “A relação vivenciada pela criança impacta no seu desenvolvimento e na construção da autoestima. Se ocorrer um desenvolvimento saudável, com a possibilidade de satisfação das suas necessidades, isso resultará numa autoconfiança e consequentemente na construção de uma autoestima positiva. Lembrando que satisfazer necessidades não é concordar ou dar tudo, mas também ensinar a criança a lidar com as frustrações”, pontua.

PROTEÇÃO

Apesar da autoestima ser algo construído aos poucos, os adultos também podem usar estratégias eficazes para lidarem com desafios como bullying e pressões sociais, a fim de proteger as crianças. “Se ela tiver um ambiente que forneça acolhimento, rede de apoio, que valide as suas emoções, dê espaço para ela se expressar e promova a sua autonomia, ela se sentirá segura para lidar com situações adversas e acionará quando houver necessidade. Até porque ter uma boa autoestima nos permite ressignificar situações dolorosas e entendermos que não temos controle de tudo”, aponta a psicóloga.

A autoestima é um ponto que também pode e deve ser trabalhado em outros ambientes como, por exemplo, os escolares. “Enfatizamos anteriormente que as relações são importantes para a construção da autoestima. Então, ter uma relação que nos permite enxergar ou reforçar o nosso valor é saudável. Os educadores são fundamentais nesse processo, pois participam do desenvolvimento da criança ou adolescente por um período longo. Muitas vezes até fazendo este trabalho de resgatar a autoestima de pessoas que não vivenciaram esta sustentação no ambiente familiar”, observa Joelma Martins.