Que tal um robô ajudando a fazer uma cirurgia? Ele existe e já chegou ao Pará. Tudo começou em 1999, quando o robô “Da Vinci” foi lançado. O equipamento acabou inaugurando a cirurgia robótica naquele ano, ao auxiliar procedimentos operatórios. A técnica chegou ao Brasil poucos anos depois, em 2008, mas a regulamentação no país pelo Conselho Federal de Medicina só se deu em 14 anos depois, em 2022, através da Resolução de nº 2.311/2022.
O “Da Vinci” foi projetado para permitir melhores resultados e mais eficiência, com mais de 150 inovações, com avanços que oferecem suporte a sentidos cirúrgicos aprimorados, maior autonomia do cirurgião, fluxos de trabalho de sala de cirurgia mais simplificados e análises avançadas de dados para permitir o futuro da cirurgia.
Por meio da integração e controle de componentes na ponta dos dedos, os cirurgiões podem gerenciar todos os componentes necessários para a cirurgia a partir de seu console, reduzindo a carga de trabalho da equipe de atendimento. No Pará, o equipamento está instalado no Hospital Porto Dias.
O cirurgião bariátrico, Carlos Armando Ribeiro dos Santos, ressalta que a tecnologia permite, sobretudo, precisão de movimentos e melhor visualização das estruturas – sobretudo as menores e mais difíceis de operar -, podendo ser utilizado em várias especialidades cirúrgicas, proporcionando estatisticamente maior índice de acertos e um pós-operatório mais tranquilo, melhorando as dores nos pacientes (outra grande vantagem da técnica), pois gera menos estresse inflamatório.
Pode ser utilizado em todas as cirurgias do aparelho digestivo, toráxicas, urológicas, de cabeça e pescoço e até para transplantes de rins, por exemplo. Outra facilidade é que a técnica permite que o médico acesse áreas de difícil aproximação no corpo humano pela cirurgia aberta ou laparoscópica.
“O robô dá ao médico que opera uma visualização ampla, mais nítida que possibilita corrigir defeitos e patologias com total segurança, com visualização completa das estruturas anatômicas”, observa Carlos. A plataforma vem sendo utilizada em Belém em várias especialidades e ganhando espaço nas cirurgias bariátricas”, diz Carlos Armando.
Para utilizar o robô, o médico se acomoda numa espécie de console que conecta a braços mecânicos. “Todo o movimento que o cirurgião faz no aparelho é reproduzido por esses braços mecânicos na cavidade abdominal. O médico comanda pelo console braços e a câmera acoplados ao paciente”, detalha o médico.
Ele explica que o equipamento funciona com o cirurgião comandando os movimentos de um console. “O robô replica com precisão os movimentos coordenados pelo cirurgião. “Ao contrário do que pensam não é o robô substituindo o homem, mas o homem se tornando mais preciso com a tecnologia”, compara o especialista.
Carlos Armando lembra que hoje a Inteligência Artificial (IA) aperfeiçoa ainda mais o procedimento, na medida em que o médico pode, durante o ato cirúrgico, ser alertado de estruturas nobres e, com a utilização e medicamentos mostrar a vascularização dos tecidos. “A robótica não é o futuro ela já é uma realidade há um bom tempo. É o caminho, a evolução de uma medicina mais precisa, moderna e tecnológica”, compara.
ESPECIALISTA
O médico especialista em cirurgia bariátrica que atua em São Paulo, Fernando Barros, esteve em Belém entre os dias 8 e 11 desse mês. Ele veio à capital paraense para uma série de cirurgias junto a Carlos Armando Ribeiro, utilizando o “Da Vinci”, que só o Hospital Porto Dias disponibiliza aos pacientes na capital. O equipamento foi projetado pelo instituto norte-americano Intuitive.