Irlaine Nóbrega
A falta de medicamentos comuns tem sido um problema enfrentado por 65% dos municípios do Brasil, conforme a pesquisa de Desabastecimento de Medicamentos, realizada em agosto, pela Confederação Nacional dos Municípios. Remédios para dor e febre, como dipirona, e antibióticos para o tratamento de doenças comuns, incluindo amigdalite e sinusite, além de pneumonia e meningite, têm sido os principais nomes em falta no mercado.
Na última terça-feira (22), a Prefeitura de Belém emitiu uma nota sobre a situação crítica de falta dos medicamentos na rede municipal de saúde. No pronunciamento, a gestão municipal afirmou empreender todos os esforços para fazer o reabastecimento dos insumos ainda esta semana. A situação, de acordo com a Prefeitura, estaria atrelada a problemas mundiais, como a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia.
Nas farmácias redes de da capital, a ausência de medicamentos segue tendência desde julho deste ano. Os principais antibióticos, como a Amoxilina, e analgésicos, como Paracetamol e Ibuprofeno, são os que apresentam maior falta nas prateleiras. Nos últimos dois meses, a presença desses medicamentos foi reestabelecida e é considerada estável. Porém, entre dezembro e janeiro, o mercado farmacêutico registra uma falta de remédios ligada ao recesso das indústrias produtoras dos medicamentos em todo o país.
Nas farmácias de bairros de Belém, os medicamentos faltosos são os que também registram maior procura pela população. A Amoxilina e Azitromicina, antibiótico nas fórmulas adulto e infantil, desponta em primeiro lugar, seguido pelos antialérgicos como Allegra, que está sumido das prateleiras. Além disso, os medicamentos analgésicos, como Ibuprofeno e Novalgina, seguem a mesma tendência.
A ausência desses medicamentos inviabiliza o tratamento prescrito pelos médicos, sobretudo em relação às crianças, já que é a fórmula que mais registra falta.
DIFICULDADES
Segundo Wallace Souza, proprietário de uma farmácia no bairro da Pedreira, desde o início deste ano, com o surto de H3N2, a falta de medicamentos é registrada nos estabelecimentos farmacêuticos. Antibióticos adultos e infantis têm sido os principais alvos de uma possível falta de insumos na indústria farmacêutica.
Para suprir a carência, as distribuidoras têm dividido um número específico de mercadoria para cada CNPJ de empresas no ramo de farmácia. Com o baixo número de drogas no mercado, os medicamentos acabam rápido e são vendidos a preços astronômicos.
“A distribuidora não repassa o motivo da falta. O que nós imaginamos é que possa ser a falta de insumos ou porque os insumos estão caros e as empresas não querem arcar os custos ou, então, uma grande demanda e as empresas não estão dando conta. Na realidade, todos os antibióticos estão em falta, você compra com dificuldade. Às vezes é liberado uma certa quantidade para cada CNPJ. Tem farmácias que tem e outras não, mas em grande escala está em falta e os preços estão muito acima. Antes, uma Amoxicilina com Cavulanato custava R$ 35, hoje está R$ 85. Não é a gente que aumenta, as distribuidoras já repassam com preço alto”, explica Wallace Souza.
A realidade, conforme o proprietário, se estende para medicamentos mais específicos, voltados para tratamento hormonais e antidepressivos.
“Os preços desses remédios subiram muito. A durateston, para tratamento hormonal, está em falta no mercado vai fazer dois anos. A deposteron, que é para mesma coisa, já era mais caro, mas antes custava R$ 64 em farmácias de rede e hoje está a R$ 250 uma caixa. Os laboratórios dizem que a produção foi descontinuada desde 2023, mas a gente não sabe o motivo”, finalizou Wallace Souza.