Descubra como a Reforma Tributária pode encarecer o açaí e prejudicar as comunidades tradicionais que dependem dessa atividade.
A reunião visou estabelecer diretrizes para a regularização das atividades dos batedores de açaí na região, uma vez que, atualmente, o município não possui nenhum ponto de venda de açaí formalmente regularizado.

ESTUDO

Reforma Tributária sobretaxa açaí e produto poderá ficar mais caro

Descubra como a Reforma Tributária pode encarecer o açaí e prejudicar as comunidades tradicionais que dependem dessa atividade.

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Descubra como a Reforma Tributária pode encarecer o açaí e prejudicar as comunidades tradicionais que dependem dessa atividade.
Descubra como a Reforma Tributária pode encarecer o açaí e prejudicar as comunidades tradicionais que dependem dessa atividade. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará

O açaí, um dos principais produtos da sociobiodiversidade brasileira, pode se tornar mais caro com a aprovação do PLP 68/2024, a proposta de Reforma Tributária que está em tramitação no Senado Federal. Segundo um estudo técnico do Observatório das Economias da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio), em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA) e o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), a reforma pode aumentar a carga tributária sobre produtos da sociobiodiversidade, como o açaí, a castanha-do-brasil, a macaúba e o pequi, afetando diretamente as comunidades indígenas, quilombolas, extrativistas e agricultores familiares que dependem dessa cadeia produtiva.

Aumento da Tributação no Açaí: Impactos Econômicos e Sociais

Atualmente, os estados produtores de açaí aplicam alíquotas que variam de 3,65% a 9,25%, mas com a reforma, essas alíquotas podem subir até 27,97%, o que representa um aumento significativo. Em alguns casos, dependendo do produto da sociobiodiversidade, o aumento da tributação pode chegar a sete vezes mais. Este aumento poderia afetar negativamente a cadeia do açaí, um dos principais produtos extrativos do Brasil, responsável por movimentar bilhões de reais e sustentar milhares de trabalhadores.

Reforma Tributária e o Agronegócio: Desequilíbrios Fiscais

Enquanto a proposta de reforma tributária prevê um aumento significativo de impostos para a sociobiodiversidade, o agronegócio seria favorecido com isenções fiscais de até 60% para agrotóxicos, criando um desequilíbrio que vai contra os princípios do Sistema Tributário Nacional, especialmente em relação à proteção do meio ambiente, conforme estabelecido pela Emenda Constitucional 132 (EC 132/2023).

Incentivos Fiscais para a Sociobiodiversidade: Proposta de Ajuste

As organizações sociais defendem a criação de incentivos fiscais para a sociobioeconomia, apontando que isso teria um impacto fiscal mínimo, representando apenas 0,046% da arrecadação nacional. Para os defensores da causa, este valor insignificante poderia ser amplamente compensado pelos benefícios ambientais e sociais, como a segurança alimentar, a mitigação das mudanças climáticas e a preservação das florestas. Esses incentivos fiscais são vistos como essenciais para garantir a sustentabilidade dos povos tradicionais e a valorização dos produtos da sociobiodiversidade.

Reforma Tributária e Compromissos Climáticos: O Descompasso com o Acordo de Paris

A Reforma Tributária (PLP 68/2024) desconsidera os compromissos climáticos do Brasil, como os estabelecidos no Acordo de Paris, que visam reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover práticas sustentáveis. A proposta de reforma ignora o papel fundamental de produtos da sociobiodiversidade, como o açaí, na preservação ambiental e no enfrentamento das mudanças climáticas. O estado do Pará, que responde por mais de 90% da produção nacional de açaí, poderia sofrer grandes prejuízos com o aumento da carga tributária.

Açaí: Aumento da Produção e Valor Econômico em 2023

O açaí é um dos produtos mais valiosos do Brasil, gerando R$ 8 bilhões anualmente, com 150 mil trabalhadores envolvidos na sua produção e comercialização. O estado do Pará é o maior produtor de açaí do país, representando 70,2% da produção nacional em 2023, e é responsável por cerca de 233 mil hectares manejados de forma sustentável. O açaí também se destaca pela sua produção extrativa, que movimenta cerca de R$ 853,1 milhões por ano, além de ser um dos produtos mais significativos na economia extrativa não madeireira, junto com a erva-mate.

O Papel Estratégico do Açaí nas Políticas Ambientais

O açaí e outros produtos da sociobiodiversidade são fundamentais para a preservação da floresta em pé, para o desenvolvimento sustentável das comunidades locais e para a segurança alimentar de muitas famílias no Norte e Nordeste do Brasil. No entanto, a reforma tributária pode prejudicar diretamente esses aspectos, comprometendo a sustentabilidade de uma cadeia produtiva que já contribui significativamente para a economia e o meio ambiente.

Desafios e Oportunidades para o Açaí e a Sociobiodiversidade

Em um cenário de crescente valorização das cadeias produtivas sustentáveis, o aumento da tributação sobre produtos como o açaí pode comprometer não apenas a economia local, mas também os compromissos do Brasil com os acordos ambientais internacionais, como o Marco Global da Biodiversidade Kunming-Montreal e a Década da Restauração de Ecossistemas da ONU.

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.