Irlaine Nóbrega
Hoje (17) é celebrado o Dia Mundial da Reciclagem, data que marca a conscientização sobre o descarte correto dos itens consumidos. A reciclagem faz parte da economia circular, que também preconiza a redução e reutilização como essenciais para minimizar os impactos ao meio ambiente, além de gerar renda e inclusão para pessoas mais vulneráveis.
Uma das organizações nacionais de reciclagem é o Lixo Zero Brasil. Fundado em 2010, o instituto é formado por voluntários organizados em coletivos municipais e representa o país na Zero Waste International Alliance (ZWIA), movimento internacional que desenvolve o conceito do “Lixo Zero” em todo o mundo. Esse princípio consiste no aproveitamento máximo, o encaminhamento correto e a redução de materiais recicláveis e orgânicos para lixões e aterros sanitários.
Na Região Metropolitana de Belém, o coletivo Lixo Zero de Ananindeua atua através de palestras de conscientização, movimentos, oficinas de compostagem e reciclagem conforme o calendário nacional de temas e ações do instituto. Além disso, a organização visita cooperativas e associações de reciclagem no intuito promover um canal entre empresas interessadas e essas iniciativas, buscando a mudança de hábitos e incentivando ciclos sustentáveis.
“É essencial conscientizar a sociedade sobre a importância de práticas sustentáveis que ressaltam a necessidade de reduzir, reutilizar e reciclar os resíduos para proteger o meio ambiente. A reciclagem transforma os materiais recicláveis em novos produtos e reduz o número de resíduos que vão para lixões, o uso de recursos naturais, como água e energia, a emissão de gases de efeito estufa e contribui para mitigação dos efeitos das mudanças climáticas”, indica a embaixadora do ILZ em Ananindeua, Sandra Greidinger.
As cooperativas de reciclagem exercem papel vital na gestão dos resíduos sólidos. São elas que garantem a coleta, separação e destinação adequada dos materiais recolhidos de empresas e residenciais. É um trabalho realizado, na sua maioria, por mulheres e auxilia na geração de emprego e a reduzir os impactos ambientais, já que os catadores são responsáveis por coletar cerca de 90% dos resíduos recicláveis do Brasil.
Economia e inclusão
A Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis Visão Pioneira de Icoaraci (Cocavip) é uma das organizações de reciclagem que exercem essa função na Região Metropolitana e ilhas de Belém, desde 2014. Todos os tipos de material reciclável são aceitos, seja plástico, papel, metal, vidro ou papelão e são recolhidos diariamente por dois caminhões com capacidade para 18 toneladas de resíduos.
“Esses materiais chegam aqui e a gente faz a separação por tipo de material e põe em bags. A gente separa por cor, por exemplo, a pet branca, verde, azul, assim como o papel branco ou misto. Quando tiver entre dez e quinze bags a gente vende. Mas a gente ainda recebe muito material inadequado, como seringas usadas. Isso pode nos machucar, é perigoso. Nós recebemos materiais recicláveis, não lixo”, explica a coordenadora do Cocavip, Rosilene Lobato.
Com destino certo a uma empresa de embalagens, a venda dos recicláveis é o que gera renda e dignidade para 91 cooperados. “É através desse material que eles tiram renda para se manter e é um passo a mais para ajudar o meio ambiente. Esse trabalho é essencial para tudo, principalmente para a economia e a inclusão de pessoas vulneráveis, idosos e jovens que querem ter um trabalho digno e conquistar a autonomia da sua renda”, afirma a fundadora da cooperativa, Nádia da Luz.
A Cocavip também reutiliza materiais não recicláveis para produzir um tijolo com plásticos presentes em eletrônicos e eletrodomésticos, produtos de limpeza, canos e até isopor. Além disso, a cooperativa também produz um tipo de “madeira” criada a partir de qualquer tipo de plástico. Os projetos são uma alternativa na construção civil e prometem contribuir para o meio ambiente com custo equivalente aos materiais tradicionais.
Descarte de resíduos sólidos
O descarte de resíduos sólidos tem sido uma pauta sensível na discussão sobre as medidas de mitigação das mudanças climáticas mundiais e são um grande desafio para os gestores de grandes metrópoles.
Em Belém, essa realidade não é diferente. O aterro sanitário de Marituba recebe cerca de 1,3 mil toneladas de resíduos por dia de três dos maiores municípios da Região Metropolitana: Belém, Ananindeua e Marituba. Por ano, são quase 480 mil toneladas de resíduos sólidos e orgânicos.
Os números escancaram uma problemática antiga que causa problemas de saúde a moradores do entorno, provocado pelas altas concentrações de ácido sulfídrico, alto em toxicidade. O descarte ainda afeta no saneamento básico e na qualidade de vida da população.