Pará

RBATV 35 anos: Por trás das câmeras, 24 horas de correria

Ana Laura Costa

Com notícias quentes, ao vivo, da capital paraense e de municípios do interior do Estado, o programa Bora Cidade vai ao ar na TV RBA, de segunda a sexta-feira, às 11h50, e aos sábados a partir do meio-dia. Mas para que a informação chegue até a casa de milhares de paraenses, uma equipe se dedica não apenas durante o tempo de duração do programa no ar, mas dia e noite pesquisando, produzindo, roteirizando e, claro, se atualizando sobre o que acontece.

Antes de mergulharem na ilha de edição tudo começa, segundo a produtora Letícia Santos, desde às 8h30 com apuração e contato com repórteres dos municípios, para agregar sugestões de notícias e tudo o que aconteceu naquele dia. “No Bora Cidade, nós precisamos de notícias quentes, do dia, mas também analisamos as notícias do dia anterior, as atualizações, e vamos fazer as seleções de pautas para colocarmos no ar”, afirma.

Esse relatório é encaminhado ao diretor do programa, Denilson D’Almeida, que por sua vez, fica encarregado de selecionar, definitivamente, o que vai entrar ou não no ar, durante uma hora e meia de programação. Mas engana-se quem pensa que o trabalho do diretor começa por aí.

“Pela manhã, quando chego aqui, já tenho que estar sabendo de tudo o que já pode ter na casa, de informações, matérias e assuntos mais relevantes. Olho os espelhos do jornal do dia anterior, nesse caso o Jornal RBA, e já vou desenhando o Bora Cidade. Ou seja, faço uma varredura nos jornais e portais da casa, para quando chegar aqui, já dar os encaminhamentos”, ressalta.

DESAFIOS

Para Letícia que, pela primeira vez, vive na profissão os bastidores da TV, manter a comunicação digital com os repórteres do interior do Estado talvez seja um dos maiores desafios, principalmente quando o assunto pode render um bom ao vivo ou uma boa reportagem.

“Mas quando ocorre alguma situação em um município que não temos cobertura, repórter, por assim dizer, vou atrás de mais informações, de vídeos, escrevo a nota coberta, eu mesma já gravo e vai ao ar. Assim a gente não perde a notícia, não deixa de informar”, garante.

Segundo a produtora, que também cuida da interação com os telespectadores pelas redes sociais, o mais importante é receber o feedback da população que assiste o programa nos municípios do interior do Pará. “É gratificante poder receber essas mensagens, receber esse público que participa, que interage, que gosta de assistir a nossa programação. Isso pra mim faz toda a diferença”.

“Entender os públicos que nos assistem, pois temos dois perfis em função do horário de almoço, também é um desafio também e, daí, a gente vai fazendo esse trabalho de entender quem nos assiste, acertando, errando, avaliando audiência, números. É desafiador, mas gratificante”, completa Denilson.

PROGRAMAS

Por trás da produção de mais dois jornais da casa, a estagiária de jornalismo Ana Paula Costa, também ajuda a colocar no ar os dois programas que fazem parte das tardes e noites dos paraenses. “Eu fico em contato com os diretores, tanto do RBA URGENTE quanto do Jornal RBA. Quando eles já têm as pautas que vão entrar nos jornais, eles pedem para que eu solicite notas às assessorias dos órgãos os quais tem vínculo com a notícia”, conta.

Com as informações e entrevistas confirmados, Ana Paula diz que, preste às entradas no ar, ela desce para a ilha de edição para cuidar das entradas ao vivo. “A partir do momento que a gente fecha uma pauta, o desafio é conseguir manter a pauta, conseguir alguém para falar. Aí, penso assim, caramba, ‘será que eu vou conseguir’? Então, quando acaba e tudo dá certo, é muito satisfatório”, revela a produtora.

MULTIMÍDIA

Com entradas ao vivo no Jornal da RBA e RBA Urgente, a repórter multimídia Lana Oliveira, conta um pouco da preparação antes de noticiar os principais destaques do dia. “Chego e já entro no portal, vou vendo tudo o que tem de notícia, de novidade, de factual, de coisas que podem ser interessantes para levar para o RBA Urgente. Separo todos esses destaques e envio para o diretor do programa, Eduardo Marques. Geralmente são dois ou três destaques”, ressalta. Já no Jornal RBA, entra apenas a notícia destaque, geralmente gravada na redação do jornal.

Os textos são redigidos pela jornalista que, reforça, pega os pontos principais das matérias para assimilar o texto, afinal, no RBA Urgente a jornalista noticia tudo sem o recurso do teleprompter – ferramenta que permite a leitura de um roteiro enquanto o apresentador ou jornalista olha direto para a câmera.

“Entrar ao vivo foi uma surpresa para mim inicialmente, porque sempre fiz os boletins, mas sempre da redação. Então, aparecer dentro do estúdio, foi algo novo porque tive que lidar com a questão das câmeras, várias”, pontua. Mas a repórter afirma que hoje se sente mais segura, “É como se lá (estúdio) fosse o sofá de casa, vou lá e converso com as pessoas”, diz.

BARRA PESADA

Voltado à atender as necessidades da comunidade, por meio da prestação de serviços de utilidade pública, denúncias e informações, o programa Barra Pesada é icônico na TV paraense. De acordo com a diretora do Programa, Haynna Hálex, o Barra Pesada é pensado, praticamente, 24 horas antes de ir ao ar. “A produção sempre antenada com as notícias que são destaques, pensa em reportagens e entrevistas ao vivo para o programa. Lógico, que a notícia quente se impõe. E, às vezes, um fato do dia é feito no lugar do que estava programado”, afirma sobre as surpresas do fazer jornalismo.

Na edição, ela também pontua que, muito antes das 7h da manhã, os trabalhos já começam, tudo para deixar os paraenses atualizados sobre as notícias do Estado. A diretora e o editor multimídia, chegam na redação por volta de 3h da madrugada. “Quem vê o programa às 7 horas nem imagina que acordo todos os dias 2 horas da manhã e chego às 3h”, ressalta.

“Na prática leio todos os relatórios, vejo que vale repercutir e passo a ler os portais. Depois desse crivo, passo pelos grupos de mensagens para checar se temos atualização das notícias mais relevantes e quando os impressos chegam, leio também para fazer o cruzamento de informações”, destaca.

A partir disso, a ordem das reportagens e ao vivo vão sendo ajustados no roteiro. Tudo ocorre entre 3h e 5h da manhã. O tempo é um dos desafios também. “Depois vou para as ilhas editar as reportagens com o editor do horário. Na ilha de edição, tenho a visão geral de cada conteúdo. Quando o apresentador chegar, posso dar mais detalhes do roteiro e até tirar dúvidas”, conta.

Haynna Hálex revela que, para que tudo saia como combinado, vale também a fé. “Todos os dias as equipes de edição e apresentação oram juntos. Agradecemos o dia e pedimos ajuda de Jesus para conduzirmos da melhor forma nossas habilidades técnicas”, disse.

A interação com o público por meio de mensagens via WhatsApp também fazem toda a diferença para trilhar o caminho certo e consolidado há tantos anos, pelo saudoso apresentador Eduardo Anaice, que faleceu em julho deste ano. “Estamos sempre experimentando formatos e maneiras de bem informar. Sem o nosso querido e incrível Anaice, ficou mais difícil ainda. Nosso público gosta de informação inédita e exclusiva, e isso não mudou. Porém, trazer a leveza do professor e sem deixar de ter a marca do Marcos Aleixo, foram meus desafios mais difíceis. Sem contar a dor da saudade que ainda é grande para todos nós. Nosso público espera isso da gente, que possamos manter o legado do Anaice”, salienta.

Ana Paula Costa Foto: Ricardo Amanajás .
Denilson D’Almeida
Letícia Santos