
O mercado de trabalho formal no Pará iniciou 2025 com ritmo de crescimento. Entre janeiro e março deste ano, o Estado gerou 9.220 postos com carteira assinada. O destaque ficou para o setor de serviços, responsável por mais da metade do saldo total de empregos. Belém lidera o ranking estadual, respondendo por mais de 35% de todas as contratações no período. Os dados são do levantamento divulgado ontem (5) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA).
O estudo, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), revela que 98 dos 144 municípios do Estado fecharam o trimestre com saldo positivo na movimentação de empregos formais. Três municípios apresentaram estabilidade e outros 43 tiveram queda. Somente Belém gerou 3.238 vagas; na sequência aparecem Santana do Araguaia (1.018), Santarém (929), Parauapebas (678) e Canaã dos Carajás (626).
“O Estado do Pará que, não só este ano, mas pelo menos nos últimos quatro anos, vem ganhando uma projeção inclusive de destaque nacional. Consegue se manter ali entre os 10 Estados da Federação que mais geram emprego atualmente em todo o Brasil”, afirma Everson Costa, supervisor técnico do Dieese no Pará.
Serviços
O desempenho do setor de serviços foi o motor principal do crescimento: foram 5.991 vagas geradas, e segundo colocado, o comércio, criou 2.750 postos. A indústria também teve saldo positivo, com 1.687 contratações a mais do que demissões. “Nós já estamos falando, nesses primeiros três meses de 2025, de mais de 120 mil trabalhadores admitidos em todo o Pará com carteira assinada”, pontua.
Impacto da COP 30 no Mercado de Trabalho
Conforme Costa, a desenvoltura da capital paraense é observada pelo reflexo das obras para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), e tende a continuar gerando saldos positivos até o início do segundo semestre deste ano. “A construção civil está injetando muitos postos de trabalho por toda essa infraestrutura. O setor não só contrata muita gente, mas também tem a capacidade de devolver para a economia a renda”, acrescenta. Ele explica que, através dos trabalhadores da construção, com salários entregues, “eles partem para o consumo. Então, fomenta o comércio, você fortalece a área de serviços, a indústria demandada”.
Na contramão, os setores de construção civil (-683) e agropecuária (-525) encerraram o trimestre com perdas, cenário que pode ser influenciado por fatores sazonais e variações de demanda. “Por exemplo, o inverno amazônico não só faz com que a atividade da construção diminua, como também causa demissões. No caso do campo, do agronegócio, ele impacta também as atividades”.
Além da capital, outros municípios também apresentaram desempenho favorável. Marabá com saldo de 503, Altamira (490), Redenção (486), Marituba (360) e Ananindeua (248). Por outro lado, Paragominas liderou as perdas, com saldo negativo de 484 vagas. Tailândia (-317), Tomé-Açu (-195), Oriximiná (-170) e Benevides (-141) também apareceram entre cinco dos dez que mais perderam postos.
A análise mostra que a maioria das 12 Regiões de Integração (RI) do Estado também teve desempenho positivo. A Região do Guajará foi a que mais criou empregos formais, com saldo de 3.657 vagas. A Região do Araguaia aparece em seguida, com 2.053 novos postos. Já a RI do Carajás segue com 1.993 postos, a do Baixo Amazonas com 958, e a do Guamá com 533.
Expectativas e Contratações para a COP 30
Em clima de COP, empresas locais planejam ampliar suas equipes
Além do cenário atual, a expectativa para os próximos meses também é otimista. Com a aproximação da COP 30, empresas planejam ampliar suas equipes. É o caso de Adierlan Farias, 28, gerente de uma loja de artigos importados diversos, localizada na avenida Presidente Vargas, bairro Campina. Ele contratou sete atendentes no mês de abril e já pensa em mais cinco novas admissões, para os subsetores como de vendas, reposição, estoque e atendimento.
“A gente está colocando mais outras variedades na loja, então é com esse intuito que o movimento vai melhorar. Estamos pensando na contratação de profissionais com domínio de outros idiomas, como o inglês, visando o público estrangeiro que deve visitar a cidade nos próximos meses”, conta.
Novas Oportunidades e Experiências no Mercado
Dentre os novos funcionários está a vendedora Susane Menezes, de 32 anos. “Antes eu também trabalhava com vendas, mas aqui o ramo é outro, trabalho no setor de maquiagem e tem sido algo novo. Hoje [segunda-feira] completo um mês de loja”, compartilha ela que, com o emprego, consegue ajudar na renda de casa, composta por 4 pessoas.
Já Lauriene Neves, de 20 anos, já passou por três experiências anteriores como vendedora, mas destacou que o atual emprego, no setor de eletrônicos, tem representado um novo aprendizado. Trabalhando há dois meses em uma loja recém-inaugurada, localizada na rua Santo Antônio, ela atua no atendimento ao público e na reposição de mercadorias. “Foi uma experiência mais nova que eu tive. A empresa é nova, está cheia de funcionários novos, isso representa boas oportunidades”.