PREFEITURA NÃO PAGA

Protesto denuncia calote e suspensão de atendimento em hospital de Ananindeua

Funcionários do Hospital Anita Gerosa e moradores de Ananindeua protestam por suspensão do atendimento do SUS.

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Um grupo protestou nesta segunda em Ananindeua contra a ameaça de suspensão de atendimento no hospital devido o calote da prefeitura. Foto; João Nogueira/RBATV
Um grupo protestou nesta segunda em Ananindeua contra a ameaça de suspensão de atendimento no hospital devido o calote da prefeitura. Foto; João Nogueira/RBATV

Ananindeua - Na manhã desta segunda-feira, 20 de janeiro, funcionários do Hospital Anita Gerosa, junto com moradores de Ananindeua, realizaram um protesto em frente à unidade de saúde, exigindo uma posição das autoridades municipais sobre a suspensão do atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente no que diz respeito à maternidade pública. Os trabalhadores, por sua vez, demonstram receio de perderem seus empregos devido à crise financeira que atinge o hospital.

A situação é resultado dos constantes atrasos nos pagamentos da Prefeitura de Ananindeua ao hospital, que possui um convênio com o SUS para prestar serviços à população. De acordo com o portal da Transparência, a Prefeitura tem atrasado pagamentos de até seis meses, o que tem agravado ainda mais a situação do hospital, que já enfrenta uma defasagem dos valores repassados pelo SUS.

Manifestantes chamaram atenção na BR-316

Até o dia 26 de dezembro de 2024, a Prefeitura de Ananindeua não havia quitado os pagamentos de serviços referentes aos meses de agosto, setembro, outubro e novembro do mesmo ano, além das verbas do SUS para o pagamento do piso nacional dos profissionais de Enfermagem, relativas aos meses de novembro, dezembro e 13º salário. De acordo com uma fonte do hospital, também estão pendentes R$ 390 mil pelo uso de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) durante o ano de 2023, o que eleva o calote a quase R$ 3,4 milhões.

Convênio Insustentável e Falta de Reajustes

Segundo uma fonte interna do hospital, o convênio com a Prefeitura de Ananindeua se tornou “insustentável”. O hospital recebe recursos exclusivamente federais, que não são reajustados há 20 anos, além da falta de complementação financeira por parte do município. A situação se agravou ainda mais devido aos atrasos constantes no pagamento, que começaram em 2022, no segundo ano da gestão do prefeito Daniel Santos, e se tornaram mais críticos em 2023. “Chegamos a ficar quatro meses sem receber nada do município, e, quando os pagamentos foram retomados, formou-se uma bola de neve que ainda não foi regularizada”, relatou a fonte, destacando que, nas gestões anteriores, os pagamentos eram feitos em até 60 dias.

Hospital Anita Gerosa. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Déficit e Possível Fechamento de Serviços

Em comunicado oficial, o Hospital Anita Gerosa informou que seu déficit mensal é de R$ 800 mil, valor que deveria ser coberto pela Prefeitura de Ananindeua. Sem esse financiamento, a continuidade dos serviços torna-se inviável. Atualmente, o déficit está sendo bancado pela Sociedade Beneficente São Camilo (SBSC), mantenedora da unidade, que lamentou a situação e afirmou ter feito diversas tentativas de diálogo com a Prefeitura para evitar a suspensão dos atendimentos. No entanto, a Prefeitura só procurou o hospital pela primeira vez no último sábado (21) para agendar uma reunião.

O hospital confirmou que, a partir de 26 de janeiro, suspenderá os atendimentos hospitalares, mantendo apenas os serviços ambulatoriais (consultas e exames) para pacientes particulares e conveniados. A medida resultará na demissão de cerca de 150 funcionários. A decisão foi comunicada oficialmente às autoridades de saúde do município, e o hospital reiterou que a rescisão do convênio já foi formalizada.

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.