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Fotos: Antônio Melo Espaço na UFPA garante o plantio e a distribuição dos bouganvilles para quem solicitar
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Educação ambiental e sensibilização dos paraenses são as perspectivas do projeto “Florindo Belém com Bouganvilles”. Idealizado em plena pandemia do coronavírus, a plantação das mudas de plantas fica localizada no Campus de Saúde da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém. A iniciativa relembra a memória dos milhares de falecidos pelo vírus e se desdobra em um compromisso mais que atual com a preservação do meio ambiente.
Coordenado pela administradora e extensionista da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gina Calzavara, o projeto iniciou em janeiro de 2021, durante a pandemia da Covid-19, momento em que milhares de famílias enfrentaram a dor do luto e enterros sem velório. Inicialmente foram plantadas diversas mudas de espécies de folhagens à beira do rio Sapocajuba, que corta o Campus de Saúde da UFPA, uma forma dos familiares se despedirem dignamente dos parentes falecidos.
Foi em maio de 2022 que o “Espaço Primavera do Sapocajuba” recebeu as primeiras 98 mudas de bouganville, uma planta tipicamente brasileira originária da Mata Atlântica, mas muito bem adaptada ao clima tropical da Amazônia. Também conhecida como três-marias, primavera ou flor-de-papel, as mudas foram plantadas em camburões reutilizáveis para evitar o contato com o solo bastante úmido da capital paraense, já que se trata de uma planta de sol pleno e pouca água.
A ideia era atender ao pedido das famílias enlutadas que queriam homenagear seus parentes com o colorido marcante das flores da planta, que possui uma variação de tonalidades que vão desde o branco, laranja avermelhadas, amarelo e rosa. Quase três anos depois, o projeto passa por uma nova etapa e está pronto para romper os muros da universidade. Com a cidade às vésperas da COP-30, o objetivo atual é doar as mudas da planta para escolas e instituições públicas da Região Metropolitana (RMB) no intuito de dar “novas cores” à cidade e estimular a consciência ambiental.
“A Universidade Federal do Pará precisa entender que precisa sair dos seus muros. Essa é uma estratégia extensionista de nós olharmos para a nossa Belém de 409 anos, onde será realizada uma COP pela primeira e última vez. A gente pode aproveitar esse momento para trabalhar a consciência cidadã da comunidade. As mudas vão para vários locais da cidade, sem os camburões, com a raiz nua. E esse material que fica aqui vai ser reutilizado para novas mudas”, explico Gina Calzavara.
Atualmente, mais de 1 mil estacas de bouganville estão sendo reproduzidas no chamado “Bosquinho” da UFPA. Enquanto isso, mais de 15 mudas já foram destinadas a instituições nos bairros da Terra Firme, Bengui, Marco, no distrito do Outeiro, além de mais oito espalhadas dentro da própria universidade. De acordo com a idealizadora, o projeto tem relação direta com o artigo 225 da Constituição Federal de 1988 que estabelece que todos têm direito a uma ambiente equilibrado, e que o poder público e a sociedade devem defendê-lo e preservá-lo.
“Temos que focar em ações de educação ambiental transformadora. Estamos falando em meio ambiente, mas é uma mera palavra para a maioria das pessoas. A gente tem que mudar essa realidade. No passado, a praça Batista Campos e a praça da República tinham os bougainvilles nos coretos, mas com o tempo as pessoas vão esquecendo. Essa é uma proposta simples que faz a sociedade se perceber em seus espaços coletivos e não coletivos”, afirmou a servidora.